Thursday, March 29, 2007

DO PRÓPRIO VENENO

Christina Fontenelle
29/03/2007
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Chrisfontell@gmail.com
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Racismo virou crime inafiançável e imprescritível em 1988, com a promulgação da nova Constituição. No crime de racismo considera-se que houve prejuízo contra toda uma classe. A LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Um deles está tipificado no Art. 20: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena é de um a três anos de reclusão e multa. Tem mais: “§ 2º - Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza” a pena passa a ser de dois a cinco anos de reclusão e multa. Apenas em 1998, com regulamentação do Código Penal, foi tipificado o crime de injúria, que tem conotação particular, com o agravante de preconceito racial. A injúria tem menor potencial ofensivo.

“Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

As palavras são da Ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em entrevista à BBC - BRASIL. Recorde-se: a ministra é paga com o dinheiro de TODOS os contribuintes, a despeito de serem brancos, negros, amarelos ou índios, para trabalhar, supunha-se, em nome de TODOS eles. Além dos brasileiros terem que vestir uma carapuça de “racistas”, cujo merecimento é pra lá de discutível, agora vão ter de lidar com fato de que, ao que parece, aos olhos da ministra, nem TODOS são tão TODOS assim.

É tanta sandice num único período que fica até difícil comentar. Primeiro: se um indivíduo negro, verde, rosa ou de qualquer outra cor se insurgir contra um branco, um amarelo ou um roxo, apenas por causa da cor de sua pele, é racismo sim. Segundo: se a reação de um negro de não querer conviver com um branco ou de não gostar de um deles, apenas pela cor de sua pele, for natural, é obvio que a recíproca também pode ser. Mas, não é. Para a Ministra, ao que parece, branco que não gosta de negro é racista; mas negro que não gosta de branco é apenas um ser humano que deve ser compreendido historicamente em suas reações. A justificativa da dona Matilde é pior ainda: “quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

Alguém aí conhece algum feitor de escravos vivo? Acho que não. Portanto, a ministra está a dizer que foram todas as pessoas de pele não caracterizadamente negra que açoitaram os negros do país. Sim, porque falar de raça aqui no Brasil fica difícil, por causa da miscigenação – então a gente entende o termo como “preconceito de cor”, digamos assim. Este tipo de racismo geneticamente herdado e perpetuado tem dado significativos exemplos históricos de estupidez. Será que se criou a Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade para importar, à custa do contribuinte brasileiro, o mais radical modelo de intolerância?

Eu deixei a parte em que a Ministra faz a sua definição de racismo por último. “Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros”. Embora nem sempre o direito (lei) seja o direito (correto), trata-se de uma conquista estabelecida por lei. Portanto, o que não está estabelecido por lei, embora possa ser uma reivindicação justa, é apenas uma reivindicação justa e não um direito. Logo, se uma maioria, seja ela qual for, coíbe ou veta direito dos outros, a maioria estará cometendo um crime. E, quem comete crimes deve ser punido, segundo um código penal estabelecido. Outra coisa: a Ministra precisa decidir-se, pois a definição de racismo que ela deu, ao contrário do que normalmente prega, está mais para a de “preconceito social”- ou financeiro,como queiram.

Está faltando, também, um pouco de conhecimento de História. Eu só não entendo como isso pode acontecer no mundo de hoje, com a internet. Para falsificar a História, ou para dela tirar apenas aquilo que dela se convenha tirar, em nome de causas fabricadas, será preciso retornarmos ao obscurantismo da Idade Média – queimando livros e bloqueando o acesso livre (que hoje já não é tão livre assim) à rede mundial de computadores.

A escravidão é tão antiga quanto a própria história da humanidade. Os primeiros escravos foram produtos das guerras entre tribos e povos, quando o destino dos vencidos era, quase sempre, a escravidão. Um escravo branco famoso? Em 1575, o escritor espanhol, Miguel de Cervantes, autor da famosa obra Dom Quixote, foi capturado por corsários argelinos e passou 5 anos como escravo, na Argélia, até ser comprado de volta por seus familiares.

A Mesopotâmia, a Índia, a China e os antigos egípcios e hebreus utilizaram escravos. Na civilização Grega o trabalho escravo acontecia na mais variadas funções. Aqui, nas Américas, as civilizações asteca, inca e maia empregavam escravos na agricultura e no exército. Na África, os árabes muçulmanos praticaram o tráfico escravo de negros e de seus semelhantes, antes, durante e depois dos europeus. Os antigos reinos africanos, sempre em guerra entre si, jamais esperaram a chegada dos “brancos” para praticar entre eles mesmos o comércio de escravos. Esta atividade passou a ter rotas transoceânicas, no momento em que os europeus começaram a colonizar os outros continentes, no século XVI. Naquela época, reinos africanos e árabes, eles próprios, passaram a capturar escravos para vender aos europeus. Está tudo lá, na Wikipédia e em outros sites menos famosos, na internet.

Foi só com o surgimento do ideal liberal e da ciência econômica na Europa, que a escravatura passou a ser considerada pouco produtiva e moralmente incorreta. Mas ainda existe até hoje, inclusive aqui no Brasil, sob as mais variadas formas, nenhuma delas, entretanto, determinadas pela cor da pele. Há o tráfico de seres humanos para servir ao comércio de órgãos humanos, à prostituição e até ao mercado de trabalhadores domésticos no exterior. Trabalho escravo também há.

A ministra disse, nessa mesma entrevista concedida à BBC - BRASIL, que: “Na educação, uma lei de 2003 obriga o ensino da história e cultura afro-brasileiras para as crianças, desde o início. O processo de implementação está em curso”. Espero realmente que se conte a História toda – completa. Conhecimento é bom, é ótimo – lavagem cerebral é que não.

Um ou dois dias depois da polêmica entrevista à BBC - BRASIL, a ministra deu outra entrevista, dessa vez ao Portal do PT, em que disse ser o racismo “uma forma de manifestação existente em várias sociedades, não apenas no Brasil, e que está balizado por poder. Quem tem poder econômico, político, poder de decisão, toma decisão excluindo quem não tem”. Novamente Matilde retoma a questão social do racismo. Entretanto, a ministra atirou no que viu e acertou no que não viu. É que não há como discordar de que ela tem razão quando diz que quem tem poder exclui quem não tem. A classe média brasileira, por exemplo, trabalha para pagar contas e para financiar o governo, inclusive em projetos que não são os do povo brasileiro – como o da segregação racial, o da impunidade parlamentar e coisas do gênero -, e, no entanto, está excluída de todos os projetos sociais deste mesmo governo, tendo que pagar por segurança, saúde e educação, para dizer o mínimo. E fica a pergunta: o artigo 20 da lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor está valendo?


COMO O MOVIMENTO PARDO-MESTIÇO TRATOU A MINISTRA DA SEPPIR EM MANAUS


E COMO A MINISTRA DA SEPPIR TRATOU O MOVIMENTO PARDO-MESTIÇO EM BRASÍLIA

Polícia contra os mestiços
17/08/2005



Outra vez a polícia foi chamada para intimidar representantes do movimento mestiço durante evento de instalação do Fórum Estadual "Educação e Diversidade Étnico-Racial", realizado de 15 a 17 de agosto de 2005. Os representantes do movimento mestiço do Amazonas não foram convidados para o evento, promovido pelo MEC - Ministério da Educação e SEDUC - Secretaria de Estado da Educação e Cultura, e só souberam do mesmo, já em andamento, porque o Coordenador do Movimento Caboco Candiru passou no local para entregar um convite para a UEA. Num documento chamado "Carta do Amazonas", aprovado sem passar pela Plenária, as palavras caboclo e mestiço foram excluídas sob o protesto do movimento mestiço. A Polícia Militar apareceu no local para reprimir os mestiços. Leia mais.

Wednesday, March 28, 2007

TUDO PELA VIDA?

Christina Fontenelle
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No dia 20 de março, eu assisti a um debate na MTV sobre aquecimento global, produção de biocombustíveis e trabalho no campo – e como os três temas estão relacionados entre si. Duas coisas chamaram a minha atenção: a falta de capacidade de argumentação daqueles que se opõem ao que é veiculado na mídia como sendo a única e mais absoluta verdade sobre cada um dos temas citados e a total intransigência e completa incapacidade de raciocínio lógico próprio daqueles que “fecham” com a “unanimidade midiática”. Não sei o que é pior. Em todo caso, foi bom ver que existem jovens dispostos a não se deixar levar por aquilo que se diz ser “o absoluto incontestável”. Isso é um bom sinal. Não se pode enganar todo mundo o tempo todo.

O caso da corrida desesperada para salvar o planeta e a vida na Terra das tragédias que advirão por causa do aquecimento global que, segundo se divulga insistentemente na mídia, é provocado pela emissão de gases tóxicos pela ação humana é um exemplo típico de como se pode manipular as informações para criar uma realidade mentirosa e, é lógico, lucrar com isso. Faltam argumentos científicos comprobatórios, faltam lógica e respeito à inteligência alheia. Sobram escamoteamento de informações e ideologismos. Tudo para esconder o principal objetivo de todo este alarmismo (e de todas as leis ambientalistas internacionais que surgem em torno e por causa dele).

Vamos começar do começo. A História da Terra, nos seus 4,5 bilhões de anos, tem sido marcada por uma série de mudanças climáticas, algumas delas bem radicais, e que jamais tiveram absolutamente nada a ver com a presença do Homem no planeta. Nos últimos 2 bilhões de anos, o clima tem se comportado de forma mais ou menos cíclica, intercalando períodos quentes e períodos frios. Estas mudanças bruscas da temperatura têm sido causadas por movimentos de inclinação do eixo terrestre (Ciclos de Milankovich), por variações de emissões de radiação solar (em ciclos de 11 anos, aproximadamente), por glaciações, por eventos de variação magnética em ciclos não regulares, por erupções vulcânicas e até pela colisão de meteoros com a Terra.

Para determinar o clima em eras passadas os cientistas (paleoclimatólogos) recorrem ao estudo de geleiras e à datação radiométrica, feita com aparelhos como o espectroscópio de massa e os detectores de radiação. Os elementos radioativos mais usados para datação são: o Urânio-238, para a datação de matérias inorgânicas, e o Carbono-14, usado para substâncias orgânicas. Estes estudos, aliados aos mais diversos tipos de registros feitos pelos homens de cada época (desenhos, pinturas, escritos, etc.) ajudaram a construir a “linha do tempo” da evolução do clima na Terra.

O ar do nosso planeta primitivo continha Hidrogênio, vapor d’água, Metano e Amônia. Havia grandes tempestades com descargas elétricas e muita incidência de raios solares ultravioleta. A partir do surgimento de algas unicelulares fotossintetizantes e de bactérias, esta composição atmosférica passou a contar com Oxigênio. Estes organismos utilizavam o Carbono 12 para o processo de fotossíntese. Entretanto,o Carbono 13, mais pesado, era mortal para esses seres vivos. Foi justamente a variação brusca na concentração desse elemento que veio a causar uma mortandade de grandes proporções nos oceanos primitivos. Por outro lado, sem os organismos fotossintetizantes para liberar Gás Carbônico na atmosfera, não houve efeito estufa, e, conseqüentemente, a temperatura média do planeta foi caindo vertiginosamente até chegar ao que se chama de “Planeta Bola de Neve”, no período entre 750 e 580 milhões de anos atrás, em que até os oceanos congelaram completamente.

Mais tarde, há 250 milhões de anos, aproximadamente, paleontólogos acreditam que um meteoro tenha colidido com a Terra, provocando a mortandade de uma série de seres vivos, durante um período de 300 mil anos, nos mais diversos lugares do planeta - o que mostra que foi um evento gradativo e de escala global. Depois disso, a Terra passou por um ciclo de extremo aquecimento, causado pela inclinação recorde do eixo da Terra (24º) e pela maior proximidade do planeta com o sol. Nessa época, acreditam os cientistas, a temperatura no pólo Norte, durante o inverno, pode ter atingido 9º C. Novamente, então, seguiu-se uma nova era glacial, deixando a Terra com uma temperatura média de -5 ºC, por causa de uma alteração na circulação oceânica no Atlântico Norte.

Sobreveio, então, uma nova era de aquecimento, entre os períodos Paleoceno e Eoceno, há cerca de 55 milhões de anos. Naquela época, o clima da Terra esquentou bastante devido ao excesso de gás Metano, que tem “poder de estufa” 23 vezes maior que o do Gás Carbônico. Além disso, as concentrações do próprio gás carbônico estavam muito mais altas do que estão hoje. De lá para cá, muitos eventos climáticos marcaram as andanças da civilização, muito antes que os “gases do efeito estufa” começassem a ser produzidos pelas mais diversas invenções humanas.

Um dos fatores que contribuiu para a queda do poderosos Império Mesopotamio, por exemplo, foi a mudança climática naquela região, quando, os rios Tigre e Eufrates, responsáveis pelo sistema de irrigação, começaram a ter seus níveis sensivelmente diminuídos, provocando uma migração em massa da população para regiões mais ao sul. Evidências geológicas e medições apontam que o nível destes rios diminui em mais de 50% quando as águas do nordeste do Oceano Atlântico encontram-se mais frias, alterando o padrão de circulação local. E foi o que ocorreu naquela época. Mais tarde, entre os anos 535 e 536, por causa do choque de um meteorito com a Terra e de uma erupção vulcânica ocorrida, as partículas lançadas no ar causaram um bloqueio para a radiação solar incidente. Isso causou a incidência de baixas temperaturas, enchentes em locais que eram predominantemente secos e formação de núvens muito escuras, permitindo poucas horas de insolação.

Um evento similar ocorreu em 1816, quando 3 vulcões (Indonésia, Caribe, e Filipinas) entraram em erupção, um atrás do outro, num período inferior a 3 anos. Relatos sobre o “ano sem verão” foram feitos nas mais diversas partes do mundo. No período do século X ao XIV, houve um aumento na temperatura média da Europa devido à alteração na salinidade do oceano Atlântico Norte, confirmado através de observações geológicas na Islândia que comprovaram que neste período não havia gelo. Os Vikings, inclusive, tiraram proveito deste período em que os mares nórdicos não congelaram e conquistaram várias terras na região. Já, depois, do século XIV ao XVIII, durante o período de 1645 à 1715 mais especificamente, houve, também, um enfraquecimento na atividade solar e um aumento da atividade vulcânica. Para se ter uma idéia, o Sol só apareceu 50 vezes, enquanto o normal seria de 40 a 50 mil para aquelas latitudes.
Há quem acredite que a raça humana seja produto do evolucionismo e que tenha surgido há uns 100 mil anos, e há os que acreditam que tenha surgido junto com as primeiras formas de vida, ou seja, há mais de 50 milhões de anos (Você sabia disso?). Nesse tempo todo, foi somente depois da Revolução Industrial que a emissão de gases tóxicos (mais especificamente os gases do efeito estufa) pelo homem começou a ser feita – a partir da segunda metade do século XVIII – isto é, há cerca de 250 anos. Nenhuma das mudanças radicais de temperatura sofridas pela Terra, antes desse pequeníssimo período de tempo, teve absolutamente nada a ver com a presença humana e nem com os frutos de sua evolução, como pudemos ver acima.

É importante frisar que o efeito estufa é um fenômeno natural que mantém as condições de vida do planeta ao regular a temperatura média da atmosfera próxima à superfície da Terra em torno dos 16°C. Sem esse fenômeno, a temperatura média seria de - 15°C, tornando a vida inviável. Entre os gases que contribuem para o efeito estufa estão o ozonio da troposfera e os compostos de cloro, flúor e carbono (geralmente chamados de CFC), o óxido nitroso e compostos carbônicos, como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO), além da água em estado gasoso (nuvens), em suspensão na atmosfera.

O Dióxido de Carbono é produzido naturalmente pela respiração dos animais e das plantas como também pela decomposição de ambos e pelas queimadas naturais em florestas. As fontes produzidas pelo Homem são: queima de combustíveis fósseis, mudanças na vegetação, queima de biomassa e fabricação de cimento. O principal processo de renovação do CO2 é a absorção pelos oceanos e pela vegetação.

O metano é encontrado na terra em depósitos de hidrocarbonetos (petróleo), em hidratos de gás abaixo do fundo marinho ou sob áreas de geleiras e nas emissões de vulcões de lama (o metano reage com o oxigênio, formando o dióxido de carbono que é expelido pelos vulcões). O metano também é produzido pela decomposição de resíduos orgânicos, por fontes naturais como pântanos, pela digestão de animais herbívoros e pela digestão anaeróbica de matéria orgânica, como lixo e esgoto, através de microorganismos chamados archaea.

O óxido nitroso é produzido naturalmente pelos oceanos e pelas florestas tropicais. Fontes produzidas pelo Homem: produção de nylon e de ácido nítrico, atividades agrícolas, carros com três modos de conversão catalítica, queima de biomassa e a queima de combustíveis fósseis. A maior fonte de renovação do óxido nitroso são as reações fotolíticas (na presença de luz) na atmosfera.

Clorofluorcarbonos (CFCs) são um grupo de componentes produzidos pelo homem, feitos de cloro, flúor e carbono. A produção de CFCs começou na década de 30 com e, desde então, vêm sendo utilizados como componentes na produção de aerossóis, de espuma, na indústria de ar condicionado e em várias outras aplicações. Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e hidrofluorcarbonos (HFCs) são componentes feitos pelo homem que estão sendo usados para substituir os CFCs, transitoriamente, porque foi “constatado” que eles tem um grande pontencial na atuação do aquecimento global da Terra.

A Terra está passando por um período de aquecimento – isso é unanimidade entre os cientistas. O que está longe de ser um consenso, entretanto, são as causas apontadas para explicar este fenômeno. Ao contrário do que se divulga na mídia, há mais cientistas (1) que acreditam que o fenômeno seja provocado pelos mesmos motivos que vêm transformando as temperaturas terrestres desde o seu surgimento, do que aqueles que pregam ser o Homem o vilão dessa nova onda de aquecimento. Na verdade, há mais jornalistas, analistas de informática, filósofos, escritores e políticos defendendo esta última teoria do que cientistas.

Além disso, há a questão do financiamento da pesquisa científica. Já vimos muitos filmes de Hollywood que descrevem a corrida dos cientistas atrás de quem financie seu trabalho e/ou de verbas maiores. Por causa disso, muitos deles acabam relacionando seus trabalhos com o tema do aquecimento global, simplesmente para conseguir trabalhar. Entretanto, não pouco destes cientistas acabaram por insistir em que seus nomes fossem retirados de documentos que afirmam ser as emissões de gases feitas pelo homem como sendo a causa do aquecimento global. Tiveram problemas...Por que? É simples, a discussão sobre o aquecimento global tornou-se instrumento político ideológico e fugiu totalmente do âmbito científico.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), por exemplo, é uma subsidiária conjunta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O IPCC foi organizado em 1988, para proporcionar a estrutura científica para a Convenção Quadro, que seria adotada em 1992 (ECO Rio- 92). Da mesma forma, o Segundo Relatório de Avaliação do IPCC, de 1995, foi o impulso primário para o Protocolo de Kyoto, de 1997. Muitos dos cientistas voluntários que trabalham nos relatórios do IPCC expressam ceticismo ou enfatizam as incertezas referentes ao papel humano no clima. Entretanto, seus relatórios não aparecem nos sumários divulgados, porque os princípios organizacionais e diretores do IPCC são contrários a tais manifestações de ceticismo.

Não há dados experimentais para dar suporte à hipótese de que o aumento de dióxido de carbono (o CO2) e de outros gases do efeito estufa na atmosfera causará mudanças catastróficas na temperatura e no clima da Terra. Ao contrário, durante os anos em que os níveis de CO2 estiveram mais altos, as temperaturas diminuíram. A Terra já esteve sob temperaturas muito mais quentes nos últimos 3 mil anos e não houve nenhuma ocorrência catastrófica. Além disso, temperaturas mais altas acabam por expandir a vida no planeta – umedecendo áreas secas e ampliando o tempo de vida de plantas que habitam regiões extremamente frias do globo.

Bem, eu não sou cientista, mas, depois de tudo que li e estudei, uma coisa é certa: 1) a natureza produz, sozinha, muito mais CO2 e Metano do que o faz a ação do homem e 2) a história climática do planeta Terra tem mostrado que é natural a alternância entre períodos frios e quentes – sendo estes últimos, inclusive, os mais prósperos para a civilização. Uma pergunta, porém, não saiu da minha cabeça durante todo o tempo de pesquisa: quanto vai custar, em termos de vidas humanas, limitar a emissão de gases do efeito estufa indiscriminadamente pelo planeta? Outra pergunta: por que ninguém fala sobre isso na mídia?

Deu para perceber que a emissão de gases do efeito estufa pelo Homem está diretamente relacionada ao desenvolvimento industrial. Não preciso dizer que, onde há desenvolvimento, há também mais prosperidade e menos fome. De acordo com o IPCC, o aquecimento global, em 25 anos, será responsável pela morte de 300 mil pessoas por ano, ao redor do mundo. Por outro lado, entretanto, segundo dados da Força-tarefa sobre a Fome, do Projeto do Milênio, da própria ONU, HOJE, mais de dois milhões de pessoas morrem de fome a CADA DIA.
Soluções propostas? Implantar projetos de desenvolvimento de agriculturas familiares de subsistência, bem como de pequenos comércios locais e implantação de sistemas de geração e de uso de energias alternativas. Sabem o que isso significa? Ineficiência e estagnação perpétuas.

O preço que se paga pelo controle ambiental, em vidas, é muito maior do que se pagaria por um planeta que talvez viesse a ficar superaquecido sem esse controle. Além disso, o que se gasta para erradicar a fome no mundo é infinitamente menos do que se gasta com ambientalismo. Não é, pois então, pela vida que se luta? Não sei. O que eu sei é que tudo está caminhando para fazer da emissão de gases do efeito estufa uma “commodity”. Ou seja, uma moeda, um valor de negociação financeiramente mensurável. Quem precisar emitir gases paga para quem tiver permissões para emissão sobrando.

Muitos podem pensar: nada mais justo. Não é justo, não. Países pobres, com grande potencial interno para o desenvolvimento, terão que pagar para explorar seus próprios recursos ou, então, vender suas permissões excedentes. Isso os fará, literalmente, parar no tempo. E nós brasileiros, com a Amazônia? Isso parece ter saído de um filme de ficção científica dos mais pessimistas. Tudo por controle e dinheiro. Quanto ao pessoal que morre de fome, HOJE, no Terceiro Mundo? Danem-se!


(1) É importante notar que o grupo dos assim chamados "céticos" inclui, dentre outros, o Dr. Daniel Schrag, de Harvard; Claude Allegre, um dos mais condecorados geofísicos franceses; Dr. Richard Lindzen, professor de ciências atmosféricas do MIT; Dr. Patrick Michaels da Universidade de Virginia: Dr. Fred Singer; Professor Bob Carter, geologista da James Cook University, Austrália; 85 cientistas e especialistas em climatologia, que assinaram a declaração de Leipzeg, a qual denominou os drásticos controles climáticos de "advertências doentes, sem o devido suporte científico"; 17.000 cientistas e líderes envolvidos em estudos climáticos, que assinaram a petição do Oregon Institute de ciências e medicina, cujo texto afirma a falta de evidência científica comprovando que os gases estufa causam o aquecimento global; e 4.000 cientistas e outros líderes ao redor do mundo, incluindo 70 ganhadores do Prêmio Nobel, que assinaram a Petição de Heidelberg, na qual se referem às teorias do aquecimento global relacionadas aos gases estufa como "teorias científicas altamente duvidosas". (Artigo:
Uma verdade inconveniente sobre o aquecimento global, por Tom DeWeese, em 03 de janeiro de 2007, site MSM)

Assistam o video abaixo: The Great Global Warming Swindle (Complete)
Infelizmente, está em inglês e não tem legendas.

Friday, March 16, 2007

VALEU A PENA

Christina Fontenelle
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Eu não conheço pessoalmente o jornalista Franklin Martins. Tudo que sei sobre ele é o que sai na mídia e o que na mesma o vejo fazer, dizer e escrever. E é com base no que leio e vejo que, pelo menos para mim, ele está muito mais para militante partidário do que para jornalista – o que, em minha opinião, são ocupações antagônicas, por motivos éticos óbvios. Diga-se de passagem e faça-se justiça, Franklin não é o único. Não que uma pessoa com formação jornalística não possa ser um militante de carteirinha. Pode e, se achar que deve, deve mesmo. O problema é deixar isso bem claro. Como? Há mil e uma maneiras, mas, um bom começo, é não exercer o cargo de comentarista político em mídias que dizem estar fazendo jornalismo e não militância. Fazer parte da assessoria de imprensa de um partido pode, por exemplo. Mas, isso não é nem revolucionário nem gramsciniano, é?

O pai de FM, Mario Martins, foi jornalista e político – vereador, deputado federal e senador cassado pelo AI-5. Foi justamente depois do AI-5 que Franklin,
segundo suas próprias palavras, chegou “à conclusão de que não havia outro caminho senão o de enfrentar a ditadura de armas na mão”. E foi exatamente o que ele fez. Entre outras coisas, em setembro de 1969, participou do grupo que seqüestrou o embaixador americano Charles B. Elbrick para forçar o governo a libertar 15 presos políticos. Foi o próprio Franklin quem redigiu o manifesto dos seqüestradores, do qual destaco as seguintes partes: 1) “Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores”; e 2) “A vida e a morte do Sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o Sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária”.

Como se pode constatar o que os revolucionários queriam era mesmo a revolução comunista e não a democracia pela qual, falsamente, hoje, dizem ter lutado. Ditadores, para eles, eram os que combatiam os comunistas. O detalhe é que a “ditadura” só se instalou porque, antes dela, havia comunistas querendo tomar o país. Até hoje tem gente que acredita no contrário. Mas, isso não vem ao caso, agora.

Voltando ao nosso personagem, FM foi para Cuba, para fazer curso de guerrilha rural. De lá, foi para o Chile de Salvador Allende. Voltou para o Brasil e trabalhou para o movimento revolucionário na clandestinidade. Em 1974, auto exilou-se na França (sabem quanto custa isso em dólares? Haja trabalho clandestino, hein?) onde se diplomou na École des Hautes Études en Sciences Sociales, da Universidade de Paris. Voltou para o Brasil em 1977 e passou mais dois anos na clandestinidade até “aparecer” em 1979, quando foi anistiado. Foi durante esse período de dois anos que conheceu a militante Ivanisa Teitelroit, uma psicóloga com quem se casou e com quem, posteriormente, teve dois filhos.

De 1979 para cá, trabalhou no jornal Hora do Povo, candidatou-se a deputado (não foi eleito), foi repórter do “Indicador Rural”, redator do Globo e do Jornal do Brasil. Em 1987, mudou-se para Brasília, onde foi repórter e depois coordenador político da sucursal do JB. Foi correspondente do JB, em Londres. Trabalhou também no no SBT e no Estado de São Paulo. De volta ao Globo, foi repórter especial, colunista político, editor de política e diretor da sucursal de Brasília. Escreveu colunas para o Jornal de Brasília e para as revistas “República” e “Época”. Durante oito anos e meio esteve na TV Globo, na Globonews e na CBN, como comentarista político. Atualmente, Franklin Martins é comentarista da TV e da Rádio Bandeirantes e assina uma coluna diária no portal iG.

Ainda na TV Globo, como comentarista político, não conseguiu disfarçar a raiva e o medo de ter “morrido na praia” (ele e o PT) quando estouraram os escândalos do mensalão e de todos os outros crimes cometidos pela turma do PT e pelos vendidos ao partidão. Defendeu até o fim a tese de que “Lula não sabia”, não só do tal mensalão mas também de todo o resto. Não que tenha feito isso aberta e claramente, mas sempre bateu na tecla de que não havia provas concretas. Realmente, para quem acha que prova concreta limita-se à confissão assinada e sacramentada, não havia nenhuma mesmo, apesar da exuberância esclarecedora dos fatos – contra os quais não havia argumentos antes dos marxistas tomarem conta de tudo nesse país. Em entrevista à revista Carta Maior, em 14/06/06, Franklin disse o seguinte sobre essa estórida de se Lula sabia ou não sabia: “Olha, nesse caso, eu uso o exemplo do pai que pergunta para a mãe sobre a filha. A mãe responde: “Ela está com o namorado, trancada no quarto, há horas, e não quer sair”. O pai sabe exatamente o que se passa lá dentro? Não, mas pode supor. Com Lula aconteceu parecido..."

Na verdade, até bem pouco tempo atrás, FM nunca fez muita questão de disfarçar a sua, digamos, “simpatia” pelo PT. Depois dos escândalos, teve de se controlar. Mas, com a consagração da vitória dos revolucionários gramscinianos sobre a realidade, sobre a justiça e sobre a razão, aos poucos, de emprego novo e aliviado, o sorriso e a postura de “comentarista” bem relacionado foram voltando ao corpo de Franklin.

O comentarista trocou as Organizações Roberto Marinho pela Rede Bandeirantes depois que a Globo não renovou seu contrato. Não passou nenhum dia desempregado. A Band é proprietária da Rede 21, que passou a se chamar PlayTV depois que Fábio Luiz da Silva — o Lulinha - filho de Lula — assumiu o controle de quase toda a programação. Muitos dizem que Franklin deixou a Globo por causa de um “duelo público” entre o jornalista global e o colega de profissão Diogo Mainardi, colunista da revista Veja. Mainardi deu notoriedade ao irmão e à irmã de Franklin, Victor e Maria Paula Martins, ambos, respectivamente, designados pelo atual governo para a Agência Nacional do Petróleo e para a diretoria da estatal capixaba que regula o setor do gás, a Aspe. A mulher de FM, funcionária pública há mais de 20 anos, foi secretária parlamentar do líder petista Aloizio Mercadante e, depois, passou a trabalhar numa subsecretaria do Ministério do Planejamento. De acordo com Mainardi, o sobrenome Martins pesou nas nomeações. De acordo com Franklin, não pesou.

Mas, o pior mesmo, foi a divulgação de uma estorinha que circulava entre jornalistas. Mainardi diz que possui muitas fontes e que pelo menos 15 delas poderiam confirmar a estória de que Franklin Martins teria avisado ao ex-ministro Antônio Palocci de que o caseiro Francenildo teria recebido dinheiro para fazer a denúncia sobre a presença constante do ministro na “casa da maracutaia”, em Brasília. Quem poderia saber que o caseiro havia recebido dinheiro senão quem tivesse tido acesso aos dados de sua conta-corrente na CEF. O fato é que deve ser difícil ser um jornalista imparcial com tantos parentes trabalhando no governo. Ou não?

Martins chamou Mainardi de golpista por pedir o impeachment de Lula. Num outro trecho da entrevista que concedeu à revista Carta Maior,
disse o seguinte sobre a comparação entre a situação em que se pediu o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo: “Não existia no governo uma espécie de comitê central da corrupção, como havia no governo Collor. Cada um foi fazer sua jogada particular. As divisões internas ao governo impediram que vários negócios desse tipo prosperassem. Havia sim uma quadrilha, mas não o mensalão, entendido como pagamento regular a determinados parlamentares. Houve compra de apoio político de chefes partidários, através de doações clandestinas a gente como Valdemar da Costa Neto e José Janene, que ficaram com o dinheiro. Para onde foram esses recursos, eu não sei”. Vejam como são as coisas... Para mim, é justamente o contrário. Mas, eu não sou “uma conceituada comentarista política”.

O surrealisticamente reeleito presidente Lula está formando seu ministério para o novo mandato. Vai criar o Ministério da Comunicação Social e, aos moldes do que já fez o companheiro Hugo Chavez, na Venezuela, vai criar a super TV Estatal digital. Franklin Martins, pelo que tem sido divulgado, vai assumir a pasta da Comunicação Social. Se aceitar o cargo, Martins deixa a BAND para chefiar um ministério com super-poderes e verbas publicitárias que chegam a 1,5 bilhão de reais por ano. Sob o novo ministério ficarão a Radiobrás (e a futura rede estatal de televisão (*)); a Secom; a secretaria de Imprensa da presidência da República e as verbas publicitárias do governo. A propósito, nosso futuro ministro não poderá colocar os pés nos EUA – por causa de sua participação no seqüestro do embaixador americano em 1969.

Tem gente que nega. Nega veementemente, peremptoriamente, como gostam de dizer os petistas. Mas, a imprensa e a mídia de um modo geral (e, é claro, os profissionais que nela trabalham) ficam numa posição um tanto quanto desconfortável diante dos mais variados tipo de perseguição que podem sofrer, não somente os veículos de comunicação mas também quem neles anuncie. Há uma lista infindável de exemplos na história recente do país. Vou citar o último deles. Diogo Mainardi está sendo processado por se referir ao nordeste como “bandas de lá” e por dizer não querer pisar em Cuiabá. Manifestar gosto e vontade está ficando perigoso e cada vez mais caro – o que quer que se diga poderá ser interpretado como manifestação preconceituosa passível de punição. Mas, como sempre, e como não poderia deixar de ser,
Reinaldo Azevedo descreve e analisa muito bem o fato. Eu fecho com seus comentários sobre o assunto.

Franklin Martins finalmente chega ao governo e ao poder, de fato. Tentou fazer isso através da revolução comunista armada. Não conseguiu. Tentou eleger-se deputado. Não conseguiu. Agora, a recompensa. Num país onde a realidade e a verdade vêm sendo sistematicamente ignoradas e subjugadas pela mentira meticulosa e insistentemente construída a partir de uma revolução gramsciniana que se desenvolve há mais de 20 anos, não só tem valido a pena esperar como também pagar o preço. Para quem os fins justificam os meios, aliás, não há o quê nem pelo quê não se possa pagar. Preço maior tem pago mesmo é a democracia brasileira, para a qual coisas como essa significam a consumação da derrota.




(*) A Rede Nacional de Televisão Estatal deve consumir R$250 milhões de recursos orçamentários nos próximos quatro anos. O projeto, destinado a divulgar ações governamentais, entra em choque com propostas em discussão no Congresso que sugerem a restrição dos gastos com propaganda. “Temo que o destino dessa rede seja se tornar uma TV Lula. É um despropósito”... “Pela proposta colocada, o governo quer uma TV de louvação e não de informação”, critica o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) que integra a oposição ao governo e promete resistir à proposta. “Nem o Congresso nem a sociedade têm instrumentos para fiscalizar a programação de uma super-rede como essa que o governo planeja”, acrescenta o vice-líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).

Monday, March 12, 2007

ESTE É UM PAÍS QUE VAI PARA FRENTE II

Christina Fontenelle
Conseguiu-se um nível de cegueira e de incapacidade de percepção tão grande com a atuação contínua e integrada entre a mídia e a educação estudantil formal que já não existe preocupação em disfarçar essa atuação coordenada entre os dois setores por nenhuma das partes. É como se quem não fizesse parte desse circo pudesse ser chamado de profeta (e de louco) ao poder sempre antever os próximos passos dos governos locais e mundiais até que se consiga aprovar leis e regras que garantam a realização daquilo que os donos do mundo pretendem – e da forma como queriam que fosse feito.

O lado que se pode explicar mais facilmente, posto que é bem identificável, é o que trata da relação contínua e seqüencial do massacre de matérias jornalísticas e de programação de agendas em torno do aquecimento global, seguidas pela divulgação da genialidade da constante criação de combustíveis alternativos. Álcool, etanol, biodiesel, etc. Tanto faz o tipo de composição do combustível “natural alternativo” ou o nome que se dê – todas as hipóteses envolvem grandes áreas a serem cultivadas com produtos de monocultura primários. Isso, naturalmente, reserva da terra espaços preciosos que poderiam ser ocupados por variados tipos de cultura que, por sua vez, garantiriam o abastecimento e o barateamento de alimentos para a população dos grandes centros urbanos nacionais – para não mencionar a questão da independência.

Mas, esta argumentação não é nova e faria da discussão em torno do assunto primária e infrutífera – como tem sido desde os tempos do Brasil Colônia. A “fé” nos biocombustíveis foi tema da campanha presidencial do PT de Lula. A campanha foi tão atabalhoada que atribuía ao presidente candidato a falsa autoria de projetos e idéias que definitivamente não lhe pertenciam. Isso acabou tendo que ser corrigido – ao menos parcialmente. À primeira vista, parecia um “estopim eleitoreiro”, mas, agora, passada a eleição, o quadro que se foi configurando ao longo dos últimos meses parece estar esclarecendo que o investimento no setor está dentro de um contexto de “toma lá, dá cá”, de “preço a pagar”.

Renasce a disputa internacional das grandes potências por uma
zona de retaguarda (a que abasteceria com produtos específicos, para sobrevivência imediata da população e para reconstrução dos países eventualmente atacados por bombas nucleares), dos tempos em que a guerra fria se dava às claras. Tudo indica que pode vir por aí um “ESTE É UM PAÍS QUE VAI PARA FRENTE II”, aos moldes do que se viu no Brasil, no fim dos anos 60 e início dos anos 70. Não que isso seja de todo ruim para nós brasileiros (na verdade, pode ser justamente o contrário) – o problema é que, se tratado por gente que não entenda com inteligência e patriotismo a complexidade desse “bonde da história”, os mesmos erros serão cometidos (ou as mesmas traições).

A notícia de que a “nova China em expansão capitalista” conseguiu destruir um satélite (um velho satélite chinês de comunicações) em órbita, com um míssil disparado de seu próprio território, passou tão rapidamente pela mídia quanto o míssil em si. Isso significa que os chineses possuem a tecnologia capaz de eliminar os principais sistemas utilizados pelos americanos para guiar seus mísseis, reconhecer alvos e garantir comunicações entre forças militares. Entretanto, não deu tempo para que se formassem grupos de discussão a respeito na mídia. É claro que o mesmo não aconteceu com relação à investida do governo norte-americano no seu “novo” programa de escudos antimísseis, que difere do famoso Star Wars por ser montado em território não-continental norte-americano e não no espaço, com super-estações de radar. As discussões e protestos explodiram pelo mundo em torno do desequilíbrio que até mesmo este tipo mais “simples” de escudo defensivo representaria para a distribuição de poder entre as grandes potências do planeta.

A Rússia já declarou que reagiria à ruptura do tratado sobre mísseis anti-balísticos (ABM), retomando a escalada de mísseis balísticos e ogivas, de modo a assegurar uma capacidade de retaliação devastadora contra qualquer escudo defensivo que pudesse ser construído. Ameaçou, inclusive, utilizar mísseis de médio alcance contra as bases norte-americanas, caso Washington instalasse escudos antimísseis em países da Europa Central (os EUA pediram oficialmente, em janeiro, à República Tcheca que acolha um radar para seu escudo de defesa antibalística e, à Polônia, que aceitasse em seu território dez interceptadores antimísseis). Os aliados europeus, assustados diante dessa perspectiva, fizeram e têm feito chegar a Washington o seu descontentamento com o projeto do escudo defensivo. A China, por sua vez, pressupõe ser o alvo verdadeiro do escudo defensivo imaginado pela administração americana e tende a reagir através de uma ampliação rápida e radical do seu próprio arsenal ofensivo. Isso para não mencionar as tensões na Coréia do Norte, Irã, Iraque, Líbia e Chechênia.

O fato é que existe a eminência de conflitos nucleares e aqueles que pretendem ser os novos donos do mundo, de um lado ou de outro, precisam ganhar tempo e, se possível, destruir o inimigo. O objetivo é neutralizar a capacidade de ataque e de defesa uns dos outros. A guerra “quentíssima” (a do “está por um triz”) está aí, para quem quiser ver e o Brasil está inserido neste contexto de disputa, mais uma vez, como um dos provedores de alimentos, água, armas, combustível, etc. para aqueles que sobre essa terra tenham o domínio. Ter onde buscar estes recursos é de fundamental importância imediata aos países vitimados por ataques nucleares.

Na condição de “celeiro”, estaremos sempre com as nossas perspectivas de desenvolvimento cerceadas, controladas. Na condição de “terra em disputa”, estaremos vivendo (e isso já está acontecendo), internamente e em menor grau (porém aflitivamente significante), a guerra entre grupos inimigos, com interesses importantíssimos em jogo (a própria sobrevivência), em pleno território nacional – como aconteceu na História recente do Brasil. Desta vez, porém, pelas próprias lições dessa História, nosso país pode sim elaborar estratégias de ação que não nos levem ao desespero e às crises que nos abalaram política e economicamente no final dos anos 70 e início dos anos 80 (*).



(*) Quem quiser saber mais sobre esse assunto, leia a Série CAI O PANO que já está no capítulo 8e que vai sendo atualizada sempre que consigo novos dados.