Christina Fontenelle
Conseguiu-se um nível de cegueira e de incapacidade de percepção tão grande com a atuação contínua e integrada entre a mídia e a educação estudantil formal que já não existe preocupação em disfarçar essa atuação coordenada entre os dois setores por nenhuma das partes. É como se quem não fizesse parte desse circo pudesse ser chamado de profeta (e de louco) ao poder sempre antever os próximos passos dos governos locais e mundiais até que se consiga aprovar leis e regras que garantam a realização daquilo que os donos do mundo pretendem – e da forma como queriam que fosse feito.
O lado que se pode explicar mais facilmente, posto que é bem identificável, é o que trata da relação contínua e seqüencial do massacre de matérias jornalísticas e de programação de agendas em torno do aquecimento global, seguidas pela divulgação da genialidade da constante criação de combustíveis alternativos. Álcool, etanol, biodiesel, etc. Tanto faz o tipo de composição do combustível “natural alternativo” ou o nome que se dê – todas as hipóteses envolvem grandes áreas a serem cultivadas com produtos de monocultura primários. Isso, naturalmente, reserva da terra espaços preciosos que poderiam ser ocupados por variados tipos de cultura que, por sua vez, garantiriam o abastecimento e o barateamento de alimentos para a população dos grandes centros urbanos nacionais – para não mencionar a questão da independência.
Mas, esta argumentação não é nova e faria da discussão em torno do assunto primária e infrutífera – como tem sido desde os tempos do Brasil Colônia. A “fé” nos biocombustíveis foi tema da campanha presidencial do PT de Lula. A campanha foi tão atabalhoada que atribuía ao presidente candidato a falsa autoria de projetos e idéias que definitivamente não lhe pertenciam. Isso acabou tendo que ser corrigido – ao menos parcialmente. À primeira vista, parecia um “estopim eleitoreiro”, mas, agora, passada a eleição, o quadro que se foi configurando ao longo dos últimos meses parece estar esclarecendo que o investimento no setor está dentro de um contexto de “toma lá, dá cá”, de “preço a pagar”.
Renasce a disputa internacional das grandes potências por uma zona de retaguarda (a que abasteceria com produtos específicos, para sobrevivência imediata da população e para reconstrução dos países eventualmente atacados por bombas nucleares), dos tempos em que a guerra fria se dava às claras. Tudo indica que pode vir por aí um “ESTE É UM PAÍS QUE VAI PARA FRENTE II”, aos moldes do que se viu no Brasil, no fim dos anos 60 e início dos anos 70. Não que isso seja de todo ruim para nós brasileiros (na verdade, pode ser justamente o contrário) – o problema é que, se tratado por gente que não entenda com inteligência e patriotismo a complexidade desse “bonde da história”, os mesmos erros serão cometidos (ou as mesmas traições).
A notícia de que a “nova China em expansão capitalista” conseguiu destruir um satélite (um velho satélite chinês de comunicações) em órbita, com um míssil disparado de seu próprio território, passou tão rapidamente pela mídia quanto o míssil em si. Isso significa que os chineses possuem a tecnologia capaz de eliminar os principais sistemas utilizados pelos americanos para guiar seus mísseis, reconhecer alvos e garantir comunicações entre forças militares. Entretanto, não deu tempo para que se formassem grupos de discussão a respeito na mídia. É claro que o mesmo não aconteceu com relação à investida do governo norte-americano no seu “novo” programa de escudos antimísseis, que difere do famoso Star Wars por ser montado em território não-continental norte-americano e não no espaço, com super-estações de radar. As discussões e protestos explodiram pelo mundo em torno do desequilíbrio que até mesmo este tipo mais “simples” de escudo defensivo representaria para a distribuição de poder entre as grandes potências do planeta.
A Rússia já declarou que reagiria à ruptura do tratado sobre mísseis anti-balísticos (ABM), retomando a escalada de mísseis balísticos e ogivas, de modo a assegurar uma capacidade de retaliação devastadora contra qualquer escudo defensivo que pudesse ser construído. Ameaçou, inclusive, utilizar mísseis de médio alcance contra as bases norte-americanas, caso Washington instalasse escudos antimísseis em países da Europa Central (os EUA pediram oficialmente, em janeiro, à República Tcheca que acolha um radar para seu escudo de defesa antibalística e, à Polônia, que aceitasse em seu território dez interceptadores antimísseis). Os aliados europeus, assustados diante dessa perspectiva, fizeram e têm feito chegar a Washington o seu descontentamento com o projeto do escudo defensivo. A China, por sua vez, pressupõe ser o alvo verdadeiro do escudo defensivo imaginado pela administração americana e tende a reagir através de uma ampliação rápida e radical do seu próprio arsenal ofensivo. Isso para não mencionar as tensões na Coréia do Norte, Irã, Iraque, Líbia e Chechênia.
O fato é que existe a eminência de conflitos nucleares e aqueles que pretendem ser os novos donos do mundo, de um lado ou de outro, precisam ganhar tempo e, se possível, destruir o inimigo. O objetivo é neutralizar a capacidade de ataque e de defesa uns dos outros. A guerra “quentíssima” (a do “está por um triz”) está aí, para quem quiser ver e o Brasil está inserido neste contexto de disputa, mais uma vez, como um dos provedores de alimentos, água, armas, combustível, etc. para aqueles que sobre essa terra tenham o domínio. Ter onde buscar estes recursos é de fundamental importância imediata aos países vitimados por ataques nucleares.
Na condição de “celeiro”, estaremos sempre com as nossas perspectivas de desenvolvimento cerceadas, controladas. Na condição de “terra em disputa”, estaremos vivendo (e isso já está acontecendo), internamente e em menor grau (porém aflitivamente significante), a guerra entre grupos inimigos, com interesses importantíssimos em jogo (a própria sobrevivência), em pleno território nacional – como aconteceu na História recente do Brasil. Desta vez, porém, pelas próprias lições dessa História, nosso país pode sim elaborar estratégias de ação que não nos levem ao desespero e às crises que nos abalaram política e economicamente no final dos anos 70 e início dos anos 80 (*).
(*) Quem quiser saber mais sobre esse assunto, leia a Série CAI O PANO que já está no capítulo 8e que vai sendo atualizada sempre que consigo novos dados.
O lado que se pode explicar mais facilmente, posto que é bem identificável, é o que trata da relação contínua e seqüencial do massacre de matérias jornalísticas e de programação de agendas em torno do aquecimento global, seguidas pela divulgação da genialidade da constante criação de combustíveis alternativos. Álcool, etanol, biodiesel, etc. Tanto faz o tipo de composição do combustível “natural alternativo” ou o nome que se dê – todas as hipóteses envolvem grandes áreas a serem cultivadas com produtos de monocultura primários. Isso, naturalmente, reserva da terra espaços preciosos que poderiam ser ocupados por variados tipos de cultura que, por sua vez, garantiriam o abastecimento e o barateamento de alimentos para a população dos grandes centros urbanos nacionais – para não mencionar a questão da independência.
Mas, esta argumentação não é nova e faria da discussão em torno do assunto primária e infrutífera – como tem sido desde os tempos do Brasil Colônia. A “fé” nos biocombustíveis foi tema da campanha presidencial do PT de Lula. A campanha foi tão atabalhoada que atribuía ao presidente candidato a falsa autoria de projetos e idéias que definitivamente não lhe pertenciam. Isso acabou tendo que ser corrigido – ao menos parcialmente. À primeira vista, parecia um “estopim eleitoreiro”, mas, agora, passada a eleição, o quadro que se foi configurando ao longo dos últimos meses parece estar esclarecendo que o investimento no setor está dentro de um contexto de “toma lá, dá cá”, de “preço a pagar”.
Renasce a disputa internacional das grandes potências por uma zona de retaguarda (a que abasteceria com produtos específicos, para sobrevivência imediata da população e para reconstrução dos países eventualmente atacados por bombas nucleares), dos tempos em que a guerra fria se dava às claras. Tudo indica que pode vir por aí um “ESTE É UM PAÍS QUE VAI PARA FRENTE II”, aos moldes do que se viu no Brasil, no fim dos anos 60 e início dos anos 70. Não que isso seja de todo ruim para nós brasileiros (na verdade, pode ser justamente o contrário) – o problema é que, se tratado por gente que não entenda com inteligência e patriotismo a complexidade desse “bonde da história”, os mesmos erros serão cometidos (ou as mesmas traições).
A notícia de que a “nova China em expansão capitalista” conseguiu destruir um satélite (um velho satélite chinês de comunicações) em órbita, com um míssil disparado de seu próprio território, passou tão rapidamente pela mídia quanto o míssil em si. Isso significa que os chineses possuem a tecnologia capaz de eliminar os principais sistemas utilizados pelos americanos para guiar seus mísseis, reconhecer alvos e garantir comunicações entre forças militares. Entretanto, não deu tempo para que se formassem grupos de discussão a respeito na mídia. É claro que o mesmo não aconteceu com relação à investida do governo norte-americano no seu “novo” programa de escudos antimísseis, que difere do famoso Star Wars por ser montado em território não-continental norte-americano e não no espaço, com super-estações de radar. As discussões e protestos explodiram pelo mundo em torno do desequilíbrio que até mesmo este tipo mais “simples” de escudo defensivo representaria para a distribuição de poder entre as grandes potências do planeta.
A Rússia já declarou que reagiria à ruptura do tratado sobre mísseis anti-balísticos (ABM), retomando a escalada de mísseis balísticos e ogivas, de modo a assegurar uma capacidade de retaliação devastadora contra qualquer escudo defensivo que pudesse ser construído. Ameaçou, inclusive, utilizar mísseis de médio alcance contra as bases norte-americanas, caso Washington instalasse escudos antimísseis em países da Europa Central (os EUA pediram oficialmente, em janeiro, à República Tcheca que acolha um radar para seu escudo de defesa antibalística e, à Polônia, que aceitasse em seu território dez interceptadores antimísseis). Os aliados europeus, assustados diante dessa perspectiva, fizeram e têm feito chegar a Washington o seu descontentamento com o projeto do escudo defensivo. A China, por sua vez, pressupõe ser o alvo verdadeiro do escudo defensivo imaginado pela administração americana e tende a reagir através de uma ampliação rápida e radical do seu próprio arsenal ofensivo. Isso para não mencionar as tensões na Coréia do Norte, Irã, Iraque, Líbia e Chechênia.
O fato é que existe a eminência de conflitos nucleares e aqueles que pretendem ser os novos donos do mundo, de um lado ou de outro, precisam ganhar tempo e, se possível, destruir o inimigo. O objetivo é neutralizar a capacidade de ataque e de defesa uns dos outros. A guerra “quentíssima” (a do “está por um triz”) está aí, para quem quiser ver e o Brasil está inserido neste contexto de disputa, mais uma vez, como um dos provedores de alimentos, água, armas, combustível, etc. para aqueles que sobre essa terra tenham o domínio. Ter onde buscar estes recursos é de fundamental importância imediata aos países vitimados por ataques nucleares.
Na condição de “celeiro”, estaremos sempre com as nossas perspectivas de desenvolvimento cerceadas, controladas. Na condição de “terra em disputa”, estaremos vivendo (e isso já está acontecendo), internamente e em menor grau (porém aflitivamente significante), a guerra entre grupos inimigos, com interesses importantíssimos em jogo (a própria sobrevivência), em pleno território nacional – como aconteceu na História recente do Brasil. Desta vez, porém, pelas próprias lições dessa História, nosso país pode sim elaborar estratégias de ação que não nos levem ao desespero e às crises que nos abalaram política e economicamente no final dos anos 70 e início dos anos 80 (*).
(*) Quem quiser saber mais sobre esse assunto, leia a Série CAI O PANO que já está no capítulo 8e que vai sendo atualizada sempre que consigo novos dados.
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