O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, fez uma viagem de duas semanas pela Europa e Ásia para confirmar alianças comerciais e ideológicas da Venezuela com países como Bielo-Rússia, Rússia, Catar, Irã, Vietnã e Mali. Chavez pretendia visitar também a Coréia do Norte, mas a Assembléia Nacional da Venezuela não aprovou, já que o país é um dos que estão no centro das atenções da comunidade internacional, por causa dos testes com lançamentos de mísseis.
Tramando uma espécie de aliança mundial dos países “antiimperialistas”, contra os EUA, Chavez visitou, primeiramente, a Bielo-Rússia, para se aproximar do Presidente Lukachenko, a fim de cultivar sua imagem antiamericana. O Presidente da Venezuela disse que a Bielo-Rússia lhe pareceu "um monumento" ao líder da revolução bolchevique.
De lá, na quinta-feira, 27 de julho, Hugo Chavez seguiu para a Rússia, onde esteve com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. Chavez reiterou suas críticas aos EUA, país que definiu como "a maior ameaça para o mundo atual", e elogiou Lênin, que, segundo ele, "permanecerá sempre em nosso coração e em nossas idéias, pois sua motivação era o desejo de criar um mundo de justiça e enquanto não há justiça, não haverá paz nesta Terra”. E continuou: "Depois de quase 200 anos, podemos dizer que os Estados Unidos foram criados para semear a pobreza em todo o mundo em nome de uma suposta liberdade, como acontece no Iraque, no Oriente Médio e na América Latina". Vê-se que Chavez conhece bem seus parceiros e por isso sabe o que eles gostam de ouvir – sem falar na sua incrível capacidade de mentir.
Putin, por sua vez, disse que a Venezuela e a Rússia são parceiros naturais por conta de seus grandes potenciais energéticos, já que os dois países estão entre os maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo. Hugo Chavez mostrou-se satisfeito com o andamento do projeto conjunto realizado na área de extração de petróleo com a companhia russa Lukoil e com a atuação da “Gazprom”, que ganhou a concorrência para prospecção e extração de gás natural no golfo da Venezuela. “Temos planos de construir um grande gasoduto no sul do país. Espero que a Rússia também possa estar envolvida nisso”, disse Chavez, após elogiar os investimentos russos já feitos no setor de gás e petróleo venezuelano. Insistiu ainda no tema, na coletiva que ele e Putin concederam após o encontro privado: “O apoio da Rússia ao nosso projeto de gasoduto no sul da América Latina é de grande importância para nós... Seu comprimento será de cerca de 8 mil quilômetros, e os investimentos necessários são de US$ 20 bilhões”.
Como se pode perfeitamente observar, Chavez já decidiu que vai construir um gasoduto que atravessa o território brasileiro e que levará o gás da Venezuela até a Argentina, a Bolívia e a outros países, como Chile e Uruguai. Pior: sai anunciando seu projeto megalômano pelos quatro cantos do mundo, sem que nada sobre o assunto tenha passado nem ao menos pelo Congresso Nacional brasileiro. Para o presidente venezuelano “Estamos propondo aos nossos países-irmãos do sul a cooperação sul-sul. Cooperação, solidariedade e complementaridade. E mais adiante de integração e união”. Está tudo muito claro: o Brasil será engolido pelo bloco latino-americano e Hugo Chavez está muito, muito mesmo, decidido a ser o comandante deste bloco. E não é de hoje que eu digo que os planos do Foro de São Paulo vão acabar, ao contrário do previsto - que seria a unidade sem fronteiras -, provocando a primeira guerra continental latino-americana, por causa das disputas pela liderança do bloco.
Voltando à visita de Chaves, a passagem pela Rússia serviu para que o presidente venezuelano assinasse o contrato de compra de 24 caças Sukhoi (Su-30), cujos primeiros exemplares devem chegar à Venezuela antes do fim de ano, e de 53 helicópteros militares – um investimento de mais de US$ 1 bilhão. Chavez encontrou-se com o projetista russo Mikhail Kalashnikov, o inventor do fuzil automático que leva seu nome – o Kalashnikov AK 103. A Venezuela já comprou 100 mil deles no ano passado, sendo que 30 mil já estão em território venezuelano desde junho, quando Chavez começou a entrega-los para 15 mil jovens que integram a frente governista Francisco de Miranda, criada há três anos.
Os jovens da frente são formados e treinados em Cuba. Vão e voltam da ilha, em grupos de 5 mil. Ainda há um outro grupo que está na Bolívia, junto com cubanos e bolivianos, “lutando contra o analfabetismo e que devem estar prontos para ir a qualquer parte do mundo que precise deles... Se o império americano quiser invadir nossa pátria, para tentar cercear nossa revolução, os jovens da frente Francisco de Miranda pegarão em armas. Nós iremos às armas" diz Chavez. Segundo o líder venezuelano, a Venezuela precisa de 1 milhão de homens e mulheres bem armados.
Hugo Chavez investirá 300 milhões de dólares para instalar na Venezuela duas fábricas de munições e de fuzis Kalashnikov AK 103. O contrato com os russos prevê a capacitação de funcionários venezuelanos na Rússia e a transferência de tecnologia de produção dos fuzis para a Companhia Anônima Venezuelana de Indústrias Militares (Cavim, estatal), que, em três anos, já dominará o processo produtivo. As fábricas terão capacidade para fabricar 50.000 fuzis por ano, embora a licença obtida pela Venezuela seja para apenas a metade disso. Os contratos assinados entre os dois países chegam a três bilhões de dólares, segundo Serguei Chemezov, o diretor da Rosoboronexport (a agência russa de exportação de armamento) - o triplo da soma inicialmente anunciada. De acordo com o jornal Vedomosti, Moscou e Caracas também teriam acertado a venda de mísseis russos terra-ar TOR-M1, um modelo que a Rússia já vendeu ao Irã.
As compras venezuelanas não são vistas com bons olhos pelos Estados Unidos, porque vão além das necessidades defensivas da Venezuela. Os EUA também não concordam com a candidatura da Venezuela a um assento não-permanente no Conselho de Segurança da ONU. A Rússia apóia a Venezuela e Putin, sem fazer alusões ao antiamericanismo de Chavez, afirma que compartilha de sua visão de um mundo multipolar. Os países árabes também apóiam a candidatura da Venezuela, já que o país passará a ser membro-observador da Liga Árabe, a partir de setembro de 2006.
Precisa ser algum gênio para entender que Hugo Chavez pretende usar as armas que está a comprar e que isso é uma ameaça explícita à integridade do território brasileiro. Quem ficar parado e pagar para ver, verá!
Próxima parada de Hugo Chavez nessa sua rápida e objetiva viagem internacional: Irã. "Um irmão e parceiro de trincheira". Foi assim que Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, descreveu Hugo Chavez. Os dois países são aliados próximos, ambos críticos ferozes dos Estados Unidos e membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). O presidente venezuelano disse que seu país e o Irã são parceiros na luta contra o "imperialismo". Ahmadinejad disse à televisão estatal iraniana que ele e Chavez "têm que apoiar um ao outro". E afirmou: "Chavez é o centro de uma corrente progressiva e revolucionária na América Latina e sua posição de restringir o imperialismo é tangível"
Hugo Chavez convidou os iranianos a aumentarem seus investimentos no setor de energia venezuelano, buscando ajuda para o desenvolvimento de gás e petróleo. As empresas iranianas já investiram 1 bilhão de dólares na Venezuela, principalmente nos setores de energia e de construção. A fábrica de tratores Venlran, no Estado de Bolívar, com uma produção de 40 unidades por semana, é uma das provas dessa crescente presença iraniana na Venezuela. Em seguida virão uma fábrica de ônibus e outra de cimento. A fábrica de tratores é um empreendimento que faz parte de um programa venezuelano de desenvolvimento programado, que pretende levar trabalhadores ociosos dos grandes centros urbanos para os confins da Venezuela. Em recente visita à Venezuela, o Vice-Ministro da Indústria do Irã, disse que seu país pretende investir 9 bilhões de dólares em 125 projetos. Entre eles está a já citada fábrica de cimento, já em construção, no Estado de Monagas, juntamente com mais 2.500 casas destinadas aos trabalhadores da fábrica.
O Governo norte-americano tem suspeitas de que o Irã esteja comprando urânio da Venezuela - que possui reservas deste mineral no Estado da Amazônia. Há suspeitas, também de que haja membros do Hezbollah no país, acobertados pelas representações oficiais iranianas, inclusive pela Embaixada do Irã. (http://www.latimes.com/news/nationworld/world/la-fg veniran24jun24,1,553347.story?ctrack=1&cset=true).
Sobre o conflito entre Israel e o Hezbollah, sabe-se que a Rússia vem apoiando logística e estrategicamente o Irã, e que este é o fornecedor de armas para o Hezbollah que, do Líbano, ataca Israel. Os terroristas deram início aos conflitos, lançando mísseis sobre Israel e seqüestrando soldados israelenses. Hugo Chavez, para demonstrar seu apoio ao Irã e ao Hesbollah, retirou o embaixador da Venezuela de Israel. Não que isso vá fazer alguma diferença para Israel; mas, o sucessor de Fidel, demonstrou claramente a quem apóia: “Posso repetir esta idéia mil vezes, os israelense estão condenados no espírito das nações, e deste espírito se levantará um poder que aniquilará o imperialismo e a seus sequazes".
As palavras do presidente da Venezuela têm o mesmo tom das de uma carta-manifesto divulgada pelo Simon Wiesenthal Center (*), supostamente assinada pelo Hezbollah da Venezuela (http://www.nuevasion.com.ar/sitio/nuevasion/MostrarNoticia.asp?edicion=58&seccion=7¬icia=3510). A carta conclama os muçulmanos que residem na América Latina a deixarem a indiferença de lado, frente ao drama que vivem o Islã e os muçulmanos espalhados pelo mundo, dizendo que isto faz com que sejam aliados daqueles que tentam destruí-los, numa atitude de covardia e de cumplicidade. O manifesto chega a perguntar: “Será que a sem-vergonhice dos muçulmanos latino-americanos os permitirá assistir a mais este ataque ao Islã com a costumeira indiferença? Será que vamos tolerar o ataque contra a uma nação governada por Deus?” E termina convocando os muçulmanos da América Latina a travarem a guerra santa (Jihad) contra os EUA e seus aliados, no território latino-americano.
Pode ter passado despercebido para muitos, mas, no dia 6 de agosto, uma bomba explodiu na porta de uma sinagoga em São Paulo. Parece que nosso país já importou a guerra santa – ou pelo menos demonstrou isso com as mensagens enviadas pelo presidente Lula aos libaneses, condenando os ataques de Israel no Líbano. Mas, ele não enviou nenhuma mensagem a Israel. Entenda-se como quiser.
O Hezbollah é financiado por doações de particulares e pelo imposto religioso cobrado pelas mesquitas espalhadas pelo mundo. Soma-se a isso a ajuda de nações estrangeiras “amigas”, como a Síria e o Irã, por exemplo, cujo governo envia ao grupo cerca de 30 milhões de dólares por ano, através de transferências feitas pela Fundação Mostazafan–Janbazan - um dos Bancos mais importantes do oriente Médio. O Líbano é um país controlado pela Síria, desde 1975 – de modo que o Hezbollah não poderia controlar nem governar o sul daquele país e nem os guetos xiitas de Beirute, sem o consentimento do governo sírio. O Hezbollah hoje conta com uma rede de restaurantes, fábricas de alimentos, construtoras e imobiliárias que lhe permite manter uma rede de centros de assistência, escolas, hospitais e até uma cadeia de televisão chamada “Manar”. Essa rede assistencialista, somada aos empreendimentos “culturais”, assegura ao Hezbollah apoio político e militar. O salário que os militantes recebem é cerca de três vezes maior do que o de um trabalhador convencional no Líbano. Constituem um exército fantasma do qual só se conhecem os mortos. O grupo terrorista dispõe de um eleitorado fiel que apóia o movimento desde 1992, quando o Hezbollah resolveu conquistar poder no Líbano pelas vias eleitorais, elegendo 9 deputados para a Câmara de Beirute (hoje, são 11).
Qualquer semelhança com o que anda acontecendo em vários países da América Latina não é mera coincidência. Foi por isso que eu dediquei dois parágrafos ao Hezbollah, para poder elucidar um pouco da gravidade que é ter um homem que se auto intitula porta-voz da América Latina como aliado de um grupo radical como esse e de países que o financiam e o armam. Além disso, é bom que se percebam as semelhanças no “modus operandi” de grupos radicais organizados, sejam eles de criminosos comuns ou de terroristas (se é que ainda haja diferença entre eles). Em investigações da Polícia federal e do Ministério Público brasileiros sobre o crime organizado, divulgou-se a informação de que o PCC estaria preparando candidatos a Deputado e a Senador. Uma outra informação diz que o dinheiro do crime estaria sendo investido em imóveis – o que explicaria o fato de que, apesar da crise financeira da classe média, não há um só lançamento imobiliário nas grandes cidades brasileiras que não seja quase totalmente vendido em questão de 2 a 5 dias – alguns até em questão de horas. Entretanto, quando ficam prontos, leva até dois anos para que as unidades sejam ocupadas – sabe-se que muitas delas por inquilinos e não por proprietários.
Voltando à excursão ideológica (e bélica) de Hugo Chavez pelos países do “eixo do mal”, tendo deixado o Iran, o presidente da Venezuela foi para o Vietnã, onde manteve a mesma postura antiamericana e anti-semita. Fez elogios ao líder revolucionário e ditador Ho Chi Minh, comparando-o a Simão Bolívar, e destacou o regime comunista vietnamita como modelo de revolução socialista: "O Vietnã, com sua bravura, derrotou o imperialismo, não só no campo de batalha. O Vietnã também manteve o socialismo no campo ideológico", disse o líder venezuelano, em entrevista coletiva, ao final da reunião com o presidente vietnamita, Nguyen Minh Triet.
Hugo Chavez retornou à Venezuela, na terça-feira, 4 de julho. Na bagagem, acordos (incluídos aí os de compra de armamentos), propostas, e uma indubitável solidificação da América Latina com as alianças da esquerda internacional, que responde pelo atual processo de globalização. Nesse sentido, ainda que sem aparente autorização, o presidente venezuelano carrega consigo a imagem de líder do bloco latino-americano, que pretende unificar, sob seu comando, como herdeiro de Fidel Castro nos planos de espalhar a revolução socialista pelas Américas. Hugo Chavez fala ao mundo como se fosse dono dos governos e das terras dos países da América Latina.
Chavez tem planos para o Brasil. Muitos planos. Ele faz visitas ao nosso país sem ter que passar pelo Palácio do Planalto. Participa de reuniões e emite opiniões sobre nossas questões internas com a maior sem-cerimônia. Há pouco tempo, esteve em Curitiba e disse que apostava em Lula nas próximas eleições, porque ele abriria as portas para a ascensão do líder do MST, João Pedro Stédile, à presidência do Brasil, em 2010. Esteve também em uma cidade do Nordeste e levou brasileiros à Venezuela para fazer cirurgia de catarata, com tudo pago. A experiência no Carnaval deste ano, financiando a escola de samba Vila Isabel, campeã de 2006, mostra que com um pouco de dólares tudo se arranja. Chavez está disposto a gastar, e muito.
O homem é o eleito de Fidel Castro (e seu sucessor, inclusive em Cuba) para espalhar a revolução socialista pela América Latina. Hugo Chavez tem dinheiro, está se armando. Vale lembrar que a Venezuela está ao norte da linha do Equador, o que, tecnicamente, lhe confere o “direito” de possuir armas nucleares (quem lê a série CAI O PANO sabe do que eu estou falando - http://christina-fontenelle.blogspot.com/). O que a esquerda não conseguiu fazer quando Cuba era o território comunista nas Américas (Kennedy x Castro – os mísseis de Cuba), está se consolidando na Venezuela: base inimiga perto dos EUA, capaz de atingir o território norte-americano, bem como o que se salve na América do Sul como zona de retaguarda ocidental.
Pergunta: Por que os EUA simplesmente não param de comprar o petróleo venezuelano, já que o dinheiro que provém de sua venda é que alimenta o poder e os planos de Hugo Chavez? Se pudesse, os EUA certamente o teriam feito. O problema é que a Venezuela venderia seu petróleo para a China – que está precisando loucamente dessa fonte de energia inclusive para tocar sua indústria bélica (inclusive e principalmente a nuclear e a nanotecnológica) com maior velocidade. Além disso, as grandes corporações transnacionais – que representam a esquerda internacional nos EUA – trabalham no sentido de transformar o mundo numa aldeia global formada por blocos continentais unificados (ainda que os países que componham esses blocos conservem uma fachada de Estado independente e com fronteiras determinadas), o que faz com que o trabalho de Fidel, de Hugo Chavez e do Foro de São Paulo seja fundamental (mesmo que isso vá de encontro aos reais interesses do Estado norte-americano).
(*) O Simon Wiesenthal Center é uma organização judia internacional de direitos humanos (creditada pela ONU e pela UNESCO), que se dedica a preservar a memória do Holocausto, discutindo importantes questões sobre racismo, anti-semitismo, terrorismo, genocídio e disseminação do ódio pela Internet. Criado em 1977, o Centro conta com a adesão de 400 mil família e tem sedes em Nova York, Toronto, Miami, Jerusalém, Paris e Buenos Aires.
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