Não foi uma nem duas vezes que nós brasileiros já tenhamos visto o presidente ir às lágrimas, mostrando, publicamente e em frente às câmeras, seu lado emotivo. Desta vez, foi na abertura da 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, ocorrida na última sexta-feira, dia 13 de julho – coincidência entre dia do mês e da semana que, para muitos, traz maus presságios. Na verdade, como já disse, por não ser nenhuma novidade, as lágrimas do presidente só viraram notícia no PAN, por causa da dúvida que deixaram pairar no ar: teria sido o choro do presidente provocado pela emoção de ver a delegação de atletas brasileiros adentrar, efusivamente aplaudida, o estádio do Maracanã - local da festa – ou pelo fato de ter sido ele próprio, ao contrário, alvo de seguidas vaias dos cerca de 75 mil brasileiros presentes à comemoração?
A festa de abertura foi maravilhosa, mas – não se sabe ainda se feliz ou infelizmente – entrará para a História do PAN como a primeira na qual a declaração de abertura não tenha sido feita pelo chefe de Estado do país que abriga a cidade anfitriã, desde 1951, ano em que se realizaram os primeiros Jogos Pan-Americanos, em Buenos Aires (Argentina). O mundo inteiro viu, segundos antes do pronunciamento da curtíssima frase com a qual se declaram abertos os Jogos, a imagem do presidente Lula, em frente ao microfone, discurso na mão - tudo a postos. Ficou na promessa.
Começou o “disse-me-disse”, tão característico destes anos de governo petista. Segundo a secretaria de imprensa do Palácio do Planalto, teria havido um desentendimento entre os cerimoniais. O Prefeito César Maia disse que ocorrera uma confusão e que a assessoria do presidente teria pedido para que ele não fizesse a declaração de abertura, tendo-se esquecido, porém, de informar sobre isso ao presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mario Vásquez Raña, que, ao final do breve discurso que antecedia à declaração, disse: "Tenho a honra de convidar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a que nos honre fazendo a declaração inaugural dos nossos XV Jogos Panamericanos".
Foi quando, pela 6ª vez, ao ouvir o nome do senhor presidente da república, o público presente ao Maracanã, entoou mais uma sonora e certeira vaia. Àquela altura, não havia mais como disfarçar o alvo do desprezo popular. Para evitar maiores constrangimentos, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzmann, tomou a palavra e abriu os Jogos. Tudo indica que ele já estivesse preparado para isso, pois, durante seu próprio discurso, que antecedeu ao do presidente da Odepa, ao pronunciar o nome de Lula, foi, ele também, interrompido por vaias.
Antes disso, Lula já tinha sido vaiado ao entrar no estádio. O famoso locutor Galvão Bueno, da TV Globo, uma das emissoras de TV que fazia a transmissão ao vivo da festa de abertura, tentou justificar as vaias, dizendo que teriam sido provocadas pelo atraso do início do evento. Entretanto, a coisa foi ficando indisfarçável a partir do momento em que todas as vezes que a imagem do presidente aparecia no telão, instantaneamente, ouvia-se o inconfundível som das vaias populares. Depois, já não era nem mais preciso que se mostrasse a imagem, bastava que o nome de sua excelência fosse pronunciado em algum microfone. Foi assim quando Nuzmann citou o presidente em seu discurso, bem como quando, em seguida, o presidente da Odepa, como é de praxe, cumprimentou nosso chefe de estado, ao iniciar sua fala.
Restou ao presidente Lula um consolo: das vaias também não escapou o governador do RJ, Sérgio Cabral. Já o Prefeito Cesar Maia recebeu efusivos aplausos do público. Os três assistiram à cerimônia perfilados, um ao lado do outro. O ministro do Esporte, Orlando Silva, também presente ao evento, afirmou que as vaias podem ter sido "orquestradas". É muito pouco provável, entretanto, que o ministro esteja correto. Aliás, pelo menos no Rio de Janeiro e na Capital do país, que, de uns 4 anos para cá, onde quer que haja dez ou mais pessoas reunidas, seja em bares, em cinemas, em comemorações as mais diversas, em que por ventura a imagem do senhor presidente da república apareça, não dá outra: enquanto a mesma não desaparece o coro de vaias e de xingamentos também não termina. Imagina-se, inclusive, que não tenha sido por outro motivo que, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, Lula não tenha aparecido no Estádio Mané Garrincha. Sábia decisão à época.
A festa de abertura foi maravilhosa, mas – não se sabe ainda se feliz ou infelizmente – entrará para a História do PAN como a primeira na qual a declaração de abertura não tenha sido feita pelo chefe de Estado do país que abriga a cidade anfitriã, desde 1951, ano em que se realizaram os primeiros Jogos Pan-Americanos, em Buenos Aires (Argentina). O mundo inteiro viu, segundos antes do pronunciamento da curtíssima frase com a qual se declaram abertos os Jogos, a imagem do presidente Lula, em frente ao microfone, discurso na mão - tudo a postos. Ficou na promessa.
Começou o “disse-me-disse”, tão característico destes anos de governo petista. Segundo a secretaria de imprensa do Palácio do Planalto, teria havido um desentendimento entre os cerimoniais. O Prefeito César Maia disse que ocorrera uma confusão e que a assessoria do presidente teria pedido para que ele não fizesse a declaração de abertura, tendo-se esquecido, porém, de informar sobre isso ao presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mario Vásquez Raña, que, ao final do breve discurso que antecedia à declaração, disse: "Tenho a honra de convidar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a que nos honre fazendo a declaração inaugural dos nossos XV Jogos Panamericanos".
Foi quando, pela 6ª vez, ao ouvir o nome do senhor presidente da república, o público presente ao Maracanã, entoou mais uma sonora e certeira vaia. Àquela altura, não havia mais como disfarçar o alvo do desprezo popular. Para evitar maiores constrangimentos, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzmann, tomou a palavra e abriu os Jogos. Tudo indica que ele já estivesse preparado para isso, pois, durante seu próprio discurso, que antecedeu ao do presidente da Odepa, ao pronunciar o nome de Lula, foi, ele também, interrompido por vaias.
Antes disso, Lula já tinha sido vaiado ao entrar no estádio. O famoso locutor Galvão Bueno, da TV Globo, uma das emissoras de TV que fazia a transmissão ao vivo da festa de abertura, tentou justificar as vaias, dizendo que teriam sido provocadas pelo atraso do início do evento. Entretanto, a coisa foi ficando indisfarçável a partir do momento em que todas as vezes que a imagem do presidente aparecia no telão, instantaneamente, ouvia-se o inconfundível som das vaias populares. Depois, já não era nem mais preciso que se mostrasse a imagem, bastava que o nome de sua excelência fosse pronunciado em algum microfone. Foi assim quando Nuzmann citou o presidente em seu discurso, bem como quando, em seguida, o presidente da Odepa, como é de praxe, cumprimentou nosso chefe de estado, ao iniciar sua fala.
Restou ao presidente Lula um consolo: das vaias também não escapou o governador do RJ, Sérgio Cabral. Já o Prefeito Cesar Maia recebeu efusivos aplausos do público. Os três assistiram à cerimônia perfilados, um ao lado do outro. O ministro do Esporte, Orlando Silva, também presente ao evento, afirmou que as vaias podem ter sido "orquestradas". É muito pouco provável, entretanto, que o ministro esteja correto. Aliás, pelo menos no Rio de Janeiro e na Capital do país, que, de uns 4 anos para cá, onde quer que haja dez ou mais pessoas reunidas, seja em bares, em cinemas, em comemorações as mais diversas, em que por ventura a imagem do senhor presidente da república apareça, não dá outra: enquanto a mesma não desaparece o coro de vaias e de xingamentos também não termina. Imagina-se, inclusive, que não tenha sido por outro motivo que, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, Lula não tenha aparecido no Estádio Mané Garrincha. Sábia decisão à época.
A cerimônia de abertura oficial do PAN começou por volta das 18h e foi marcada por luzes, música, fogos, coreografias, alegria, muita beleza e diversão. A grande maioria do público atendeu ao pedido dos organizadores do evento e compareceu com roupas brancas ou de verde e amarelo. Primeiro a discursar, Nuzman exaltou o Pan-Americano, que custou cerca de R$ 3,5 bilhões aos cofres do governo federal (ou seja, a nós brasileiros), como prova de que o Brasil teria condições de realizar grandes eventos esportivos – ele está mirando os Jogos Olímpicos de 2016.
Depois dele, foi o presidenta da Odepa quem pronunciou poucas palavras, em espanhol. Sobre isso, é interessante ressaltar prova da grande afinidade que existe entre nós brasileiros, colonizados por portugueses, e nossos vizinhos, colonizados por espanhóis: a cada momento que Vásquez iniciava uma frase com referência ao dia de hoje ("hoy" (oi), em espanhol), o povo respondia efusiva e educadamente com um sonoro 'oooooooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii', como se retornasse um cumprimento. Parece que esse negócio de ensinar espanhol nas escolas, em detrimento do inglês (cujo grau de eficiência também era péssimo) e de empurrar goela abaixo dos brasileiros o tal idioma como nossa segunda língua não está lá dando muito certo. Providenciem-se tradutores ou incentivem-se os convidados a proferir discursos em português – assim como faz o papa. Fica mais simpático.
A festa foi aberta por 1,5 mil percursionistas que, ao som de clássicos do chorinho brasileiro, formaram um corredor por onde iam entrando no estádio as delegações dos 42 países participantes. Os atletas foram sendo acomodados em cadeiras especiais. O público brasileiro fez jus à fama de alegre, festeiro e receptivo.
Entretanto, a velha diplomacia parece já ter esgotado todos os limites de sua possível elasticidade – não sem motivo, sejamos francos. Dessa forma, o público não fez a menor cerimônia em vaiar a delegação dos EUA, país cujo um dos patrícios acabou virando manchete dos jornais brasileiros ao escrever num quadro da sala do comitê norte-americano a gentil frase: “Bem-Vindo ao Congo” – referindo-se ao Brasil, é claro. Ninguém gostou da piada e o moço foi imediatamente chamado de volta à terra do Tio San. Com americano não tem esse negócio de CPI para saber se o rapaz estaria ou não brincando – saiu da linha, um abraço, e fim de caso.
Igual espontaneidade o público manteve com as delegações da Bolívia e da Venezuela – solenemente vaiadas. De onde será que esse povo tirou essa antipatia?! Os atletas devem estar agradecidos a seus respectivos presidentes, Evo Morales e Hugo Chavez – dois dos chefes de estado incluídos entre os muitos que não compareceram à festa de abertura do PAN. No caso deles, foi melhor assim. Dos 42 países inscritos, apenas seis enviaram representantes, entre chefes de Estado e de governo: Panamá, Honduras, Canadá, Aruba, Antilhas Holandesas e Antígua e Barbuda. Notável prestígio do Brasil e do PAN!
Não é só a elasticidade da diplomacia que anda no limite para os brasileiros. A paciência, especialmente a dos cariocas, é coisa com a qual, praticamente, não se pode mais contar. Por isso, muitos deles não deixaram as mais sinceras manifestações apenas para dentro do Maracanã. Do lado de fora do estádio, um grupo de cerca de mil pessoas ligadas a movimentos sociais protestou pacificamente contra o que classifica de "PANdemônio social", para chamar a atenção de quem veio acompanhar a realização do PAN, para o fato de que o Rio de Janeiro está mais violento do que nunca e de que a educação e a saúde vão muito mal obrigado. "Ninguém é contra o esporte, nem contra o PAN. Somos contra o desvio de verbas... Eles (os governantes) maquiaram a cidade para mostrar que está tudo as mil maravilhas, o que não é verdade. A criminalidade aumentou e o povo não está apenas morrendo em matanças nas favelas, mas também de fome", disse, ao jornal O Dia, Gesa Corrêa, 59 anos, integrante do Instituto Tamoios, ligado aos índios, que ajudou a organizar a manifestação.
Mas, o público que compareceu à festa foi alegre, justo e educado a maior parte do tempo - incluindo, aqui o fato de ter entoado algumas das vaias (não todas). Quando entraram, os 500 atletas da delegação brasileira foram ovacionados aos gritos de: "eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor". Uma questão de reconhecimento, supõe-se. Parece que foi nessa hora que o presidente Lula não teria resistido e ido às lágrimas.
Igual espontaneidade o público manteve com as delegações da Bolívia e da Venezuela – solenemente vaiadas. De onde será que esse povo tirou essa antipatia?! Os atletas devem estar agradecidos a seus respectivos presidentes, Evo Morales e Hugo Chavez – dois dos chefes de estado incluídos entre os muitos que não compareceram à festa de abertura do PAN. No caso deles, foi melhor assim. Dos 42 países inscritos, apenas seis enviaram representantes, entre chefes de Estado e de governo: Panamá, Honduras, Canadá, Aruba, Antilhas Holandesas e Antígua e Barbuda. Notável prestígio do Brasil e do PAN!
Não é só a elasticidade da diplomacia que anda no limite para os brasileiros. A paciência, especialmente a dos cariocas, é coisa com a qual, praticamente, não se pode mais contar. Por isso, muitos deles não deixaram as mais sinceras manifestações apenas para dentro do Maracanã. Do lado de fora do estádio, um grupo de cerca de mil pessoas ligadas a movimentos sociais protestou pacificamente contra o que classifica de "PANdemônio social", para chamar a atenção de quem veio acompanhar a realização do PAN, para o fato de que o Rio de Janeiro está mais violento do que nunca e de que a educação e a saúde vão muito mal obrigado. "Ninguém é contra o esporte, nem contra o PAN. Somos contra o desvio de verbas... Eles (os governantes) maquiaram a cidade para mostrar que está tudo as mil maravilhas, o que não é verdade. A criminalidade aumentou e o povo não está apenas morrendo em matanças nas favelas, mas também de fome", disse, ao jornal O Dia, Gesa Corrêa, 59 anos, integrante do Instituto Tamoios, ligado aos índios, que ajudou a organizar a manifestação.
Mas, o público que compareceu à festa foi alegre, justo e educado a maior parte do tempo - incluindo, aqui o fato de ter entoado algumas das vaias (não todas). Quando entraram, os 500 atletas da delegação brasileira foram ovacionados aos gritos de: "eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor". Uma questão de reconhecimento, supõe-se. Parece que foi nessa hora que o presidente Lula não teria resistido e ido às lágrimas.
Pois é, o povo está “vendido” (gíria carioca para expressar situação em que uma pessoa está impotente) diante da realidade brasileira. Só lhe resta gritar. E assim tem feito sempre que possível. Vaia quando reprova e aplaude quando aprova – e não há caixa-preta eletrônica que consiga esconder com números a verdade que esses gritos carregam.
Bem, depois da entrada das equipes, começou o espetáculo 'Viva Essa Energia', título também da canção composta por Arnaldo Antunes e Liminha para o PAN do Rio. A música foi criticada por alguns sambistas cariocas e chegou a ser vaiada pelo público - mas não na festa e sim durante o último ensaio, antes da abertura dos Jogos. Prova de que sensatez é o que não faltou aos presentes à abertura em suas manifestações. O espetáculo apresentado levou dois anos e meio para ser produzido pela equipe liderada por ninguém menos do que o vice-presidente de entretenimento da Disney, Scott Givens. Mais cedo ou mais tarde, os brasileiros aprenderão a separar o joio do trigo entre os norte-americanos – e entre nossos vizinhos também.
Após 38 dias de viagem, passando por 51 cidades brasileiras, a tocha do PAN entrou no Maracanã nas mãos do velejador Torben Grael, dono de duas medalhas olímpicas de ouro, passou pelas mãos de diversos outros atletas brasileiros não menos famosos, até chegar a Joaquim Cruz, ouro no atletismo das Olimpíadas de Los Angeles (1984), que acendeu a pira. A cantora baiana Daniela Mercury encerrou a festa cantando Aquarela do Brasil.
Lula deixou o Maracanã no mesmo carro do governador Sérgio Cabral Filho - o primeiro abatido e o segundo sorrindo plasticamente. Ninguém quis falar com a imprensa. Era esperado que Lula entregasse a primeira medalha a ser dada no PAN, no dia seguinte à cerimônia de abertura, sábado, aos vencedores da maratona aquática – não deu.
Bem, depois da entrada das equipes, começou o espetáculo 'Viva Essa Energia', título também da canção composta por Arnaldo Antunes e Liminha para o PAN do Rio. A música foi criticada por alguns sambistas cariocas e chegou a ser vaiada pelo público - mas não na festa e sim durante o último ensaio, antes da abertura dos Jogos. Prova de que sensatez é o que não faltou aos presentes à abertura em suas manifestações. O espetáculo apresentado levou dois anos e meio para ser produzido pela equipe liderada por ninguém menos do que o vice-presidente de entretenimento da Disney, Scott Givens. Mais cedo ou mais tarde, os brasileiros aprenderão a separar o joio do trigo entre os norte-americanos – e entre nossos vizinhos também.
Após 38 dias de viagem, passando por 51 cidades brasileiras, a tocha do PAN entrou no Maracanã nas mãos do velejador Torben Grael, dono de duas medalhas olímpicas de ouro, passou pelas mãos de diversos outros atletas brasileiros não menos famosos, até chegar a Joaquim Cruz, ouro no atletismo das Olimpíadas de Los Angeles (1984), que acendeu a pira. A cantora baiana Daniela Mercury encerrou a festa cantando Aquarela do Brasil.
Lula deixou o Maracanã no mesmo carro do governador Sérgio Cabral Filho - o primeiro abatido e o segundo sorrindo plasticamente. Ninguém quis falar com a imprensa. Era esperado que Lula entregasse a primeira medalha a ser dada no PAN, no dia seguinte à cerimônia de abertura, sábado, aos vencedores da maratona aquática – não deu.
Não quero ser inconveniente, mas é que contra fatos não há argumentos. Sendo assim, é inevitável a comparação entre a performance do presidente Lula no Maracanã lotado e a do Presidente Médici, há mais de 30 anos, no mesmo local, onde esteve não uma nem duas, mas várias vezes - sempre aplaudido. Muito popular, dizem alguns que, ir ao Maracanã, fazia parte de seu “marketing”. Numa das vezes em que lá esteve, “às vésperas do embarque da seleção brasileira de futebol para a Copa do Mundo de 1970, Médici chegou ao estádio muito discretamente, sem grandes comitivas, e com seu radinho de pilha ao pé do ouvido. Sem que fosse anunciado, na ocasião, por nenhum alto-falante (telão não existia) foi notado pelo povo presente que lotava o estádio e começaram os aplausos, que foram engrossando, até que todo o Maracanã estivesse aplaudindo o presidente” (*). Até hoje ninguém disse que os aplausos pudessem ter sido orquestrados...
Em uma das piores frases que um estadista pode proferir publicamente, Lula disse, sobre o maremoto que matou cerca 150 mil pessoas no sul da Ásia e na Costa Leste da África, em 2002: "Este desastre que vitimou tantas mulheres, homens e crianças, é um alerta... para que a gente comece a olhar com mais carinho a preservação ambiental e... a natureza. Muitas vezes nós a desprezamos e, de vez em quando, ela se revolta. E, quando ela se revolta, não pede licença, não diz onde vai acontecer e acontece." O movimento de placas tectônicas que costuma provocar os maremotos pouco ou nada tem a ver com a ação dos homens – principalmente a dos pobres indivíduos que foram vítimas daquela tragédia. Já vaiar alguém ou alguma coisa é uma reação eminentemente humana. Nesse caso, aproveitando o raciocínio do próprio presidente, substitua-se “natureza” por “povo” e valem os mesmos princípios – dessa vez para a coisa certa.
Todos aqueles que poderiam colocar o Brasil definitivamente nas mãos dos brasileiros, em respeito à própria Constituição, e que não o fazem, apesar de saberem estar mentindo descaradamente ao justificar sua omissão dizendo não haver “clima” para ação, por falta de clamor popular, o próprio povo os desmente, manifestando-se com a única arma que lhe resta, diante de urnas tão eletrônicas e de ruas tão violentas: as vaias. Para quem sabe ler, o pingo do “i” é letra.
Diante disso, resta desejar um bom espetáculo para o público, boa sorte aos atletas e deixar a pergunta: E as pesquisas de popularidade de Lula, hien?!
Christina Fontenelle
14 DE JULHO DE 2007
E-MAIL:
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(*) Relato de Edgard LC França
Christina,
ReplyDeleteNão dá para afirmar se Lulla chorou de emoção ou por mágoa do público que o vaiou. Fico meio inclinado a achar que foi pelo despeito de não obter a mesma deferência com que o público brindou a entrada da delegação brasileira. O que Lulla mais aprecia não é governar o país, função para a qual foi eleito, mas é ser paparicado, ser a "estrela". Não adianta a "peteléia" querer arrumar desculpa... essa conversa de orquestração... A única coisa que se viu e ouviu no Maracanã foi a reação espontânea de um povo cansado de tanta malandragem dos senhores políticos, traduzidas em pacíficas, estrondosas e merecidas vaias. Aliás, os apupos da platéia naquela tarde memorável, foi a melhor composição para coro de vozes ouvida no Brasil nos últimos tempos. E sem orquestra. E que delicía!