Christina Fontenelle
9/09/2006
http://infomix-cf.blogspot.com/
Depois do incrível desenvolvimento das telecomunicações e da globalização, independência, principalmente em se tratando de países e de nações, está muito longe do que costumava significar quando D. Pedro I declarou a libertação do Brasil do governo colonizador de Portugal. Hoje, no máximo, o que se tem é uma interdependência vantajosa nas relações entre países mais e os menos favorecidos econômica e militarmente. No caso do Brasil, infelizmente, o que temos é subserviência a sucessivos senhores alienígenas. Aqui, independência tornou-se um dos muitos recursos de retórica utilizados em palanques eleitoreiros para fustigar os anseios das massas populares, criminosa e intencionalmente desinformadas.
Uma das comemorações brasileiras mais tradicionais da Semana da Pátria têm sido os desfiles cívicos militares que acontecem sempre nas manhãs dos 7 de setembro. Houve épocas no Brasil em que este simbolismo estava diretamente relacionado à proteção do povo e da soberania nacional. Hoje em dia, os brasileiros assistem ao desfile sem saber exatamente se o contingente das forças legalmente armadas da nação – todas elas: policiais, militares e civis - é para protegê-los dos inimigos internos e externos, na defesa da Constituição e da liberdade, ou se é para proteger os governos que submetem o povo, como acontece em países como Cuba e Venezuela, por exemplo.
Digamos que os desfiles dos últimos anos têm primado pela falsidade e pela incoerência que tendem a identificar a segunda hipótese acima citada como sendo a mais provável. Temos visto as nossas forças armadas sucessivamente, prestarem continência e reverência, a um enojado presidente Fernando Collor - um mandatário arbitrário que acabou deixando o cargo sob acusações de corrupção -, depois, a um presidente popularmente conhecido como “o vendilhão da pátria” - o senhor Fernando Henrique Cardoso – e, finalmente, ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que junta habilmente as atribuições de seus antecessores, como suspeito de corrupção (por conivência ou por incompetência) e igualmente como vendilhão da pátria. A ele, particularmente, e a seu governo, temos visto reverências mais contundentes ainda do que as que foram prestadas aos dois primeiros.
Mas, eu estou falando de lógica – a minha lógica - e não de regras militares. É que as lembranças do meu tempo de criança ficaram muito vivas na minha memória, as de uma época em que víamos os homens de farda como aqueles que davam a vida para nos proteger, como símbolos de patriotismo. Uma visão um tanto quanto romântica e fantasiosa, creio eu; mas, foi a que me ficou marcada. Paciência.
Vejamos o desfile deste ano, particularmente o que ocorreu em Brasília, com a presença do presidente Lula. Um dos convidados de honra do palanque presidencial foi o astronauta brasileiro. De novo essa minha lógica meio estranha, ao que parece, não me permitiu entender a presença do ex-coronel Pontes no imponente desfile cívico militar. O astronauta não foi aquele para o qual nós brasileiros pagamos milhões de dólares, única e exclusivamente para que ele realizasse seu sonho particular de ir ao espaço (e para fazer propaganda do governo Lula), uma vez que, logo depois de ter retornado, pediu reforma e passou a ganhar rios de dinheiro dando palestras sobre o que aprendeu com o investimento do povo? Não entendi nada!
Pela primeira vez, lá em Brasília também, vimos um contingente da Polícia Federal participar do desfile de 7 de setembro. Nesse caso a coerência salta aos olhos. A PF vem realizando um ótimo trabalho ao prender quadrilhas de criminosos de todos os tipos. Vale lembrar que muitas destas operações, principalmente as que têm relação com o combate ao tráfico de drogas, são financiadas pelos “imperialistas” norte-americanos, através do DEA e da CIA (1). Não que eu não considere louvável o trabalho que a PF tem feito, mas é que as ações têm servido para abafar outras tantas importantes investigações que vêm sendo feitas pelo Ministério Público no que diz respeito a crimes que foram supostamente cometidos por gente ligada ao partido do nosso primeiro mandatário, o PT.
Eu não teria espaço para citar todos os itens da imensa lista de crimes, mas poderia fazer referência a alguns que ainda esperam por solução ou que ainda estão parados no Judiciário à espera de julgamento. O primeiro deles, por exemplo, é o caso do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e o das mortes das testemunhas envolvidas, que está até hoje sem solução. Outro: a investigação sobre as contas de Duda Mendonça e de correligionários do PT no exterior. E os 5 milhões de dólares que teriam vindo das Farc para o PT para a cmpanha presidencial de 2002? E a tão necessária quebra do sigilo bancário de Paulo Okamoto? E, por falar em sigilo bancário, a quantas anda a investigação sobre o caso Palloci-Francenildo? E a investigação do MP sobre as despesas astronômicas com cartões de crédito corporativos da Presidência da República, com retiradas injustificáveis de altas somas em dinheiro? A questão é: tamanha eficiência investigativa das polícias só existe quando se trata de crimes que não envolvam gente ligada ao governo, quando sirvam para dar a impressão de que os crimes do PT são cometidos por todos de maneira geral ou para desviar a atenção da imprensa de temas que incomodam o PT?
Há uma propaganda que está sendo veiculada na TV pedindo para que a população denuncie políticos que estiverem fazendo “caixa 2”, dizendo que é crime. Ora, além da denúncia do Procurador Geral da República sobre “a quadrilha dos 40 amigos de Lula”, o próprio presidente disse numa entrevista que passou num dos Fantástico, programa dominical da Globo, que todos os partidos fazem “caixa 2”, e que inclusive o PT fizera. O tesoureiro da campanha do PT, Delúbio Soares foi outro que confessou ter feito “caixa 2”. E o que aconteceu? Nada. Então é só a aprtir de agora que passará a ser crime? Depois disso, foram denúncias e mais denúncias. Mas está todo mundo por aí: livre, leve e solto. Pior: todo mundo fazendo campanha para reeleger Lula.
De modo que se o presidente e seus partidários estão comemorando a independência (no fundo, a deles próprios) fica fácil de entender; mas os desfiles, as bandeirinhas e as reverências não dá para compreender. Que independência é essa que tantos comemoram? Que reverências são essas que se faz a essa gente que está no poder?
Voltemos aos desfiles do 7 de setembro. No Manifesto à Nação VI, Marco Antonio Lacava e Vinicius F. Paulino, ambos membros da Loja Maçônica Minerva Paulista, afirmam que o nosso Exército possui uma frota de veículos e carros de combate com mais de 30 anos e fuzis com para mais 40 de idade. Dizem também que a Marinha já desativou mais de 20 navios, por não ter mais como fazer a manutenção e que último submarino incorporado, o Tikuna, não possui torpedos. E a Aeronáutica? Bem, a Força Aérea possui uma esquadrilha de Mirrages caquéticos e obsoletos. Esta bem, ganharam DOIS caças ultimamente... DOIS caças...
Não pude observar ao menos uma faixa preta de luto que fosse, no braço dos militares que desfilavam, em forma de protesto pelo estado de sucateamento em que se encontram as instalações e equipamentos das Forças Armadas especificamente. Ainda que não fosse por isso, o tivesse sido em nome dos mais de 6 militares que cometeram suicídio nos últimos dois anos - mais do que supostamente, por não poderem mais arcar com compromissos financeiros e por verem suas famílias decaírem de classe social, sem nada poder fazer. E ainda que não fosse por estes dois motivos, que fosse pelas indenizações (2) absurdas que vêm sendo pagas a ex-terroristas e a seus familiares, por terem falhado nas tentativas de implantar o comunismo no Brasil. Que o governo não dê a menor bola para isso, é compreensível. Mas, que os da própria classe militar finjam que nada esteja acontecendo não dá para entender.
A respeito da questão financeira, vale aqui um parêntesis para falar de uma matéria publicada pelo jornal O Globo sobre o que vem acontecendo com os militares norte-americanos. A reportagem afirma que o Pentágono está enfrentando, dentro de casa, um inimigo mais feroz e predatório do que aqueles que costuma combater no exterior: os agiotas. Eles comprometem o poder militar americano porque, segundo as regras da caserna norte-americana, militares cujas dívidas superem o equivalente a 30% de sua renda não podem ser enviados para missões no exterior, já que seus problemas financeiros podem distraí-los de seus deveres e torná-los vulneráveis ao suborno. Quase todos os casos de espionagem no setor militar estão, de alguma forma, ligados à ambição financeira ou à necessidade de um oficial ou soldado.
Um em cada cinco militares americanos está nas mãos desses agiotas que cobram juros abusivos de até 780% ao ano. Segundo um levantamento do Pentágono, a média dos empréstimos é de US$350 que acabam se transformando numa dívida de US$834. A rapidez do serviço, a não verificação de ficha de crédito e a ausência de perguntas atraem os interessados. Os agiotas exigem apenas um cheque pré-datado, que sabem estar garantido, já que o Código de Justiça Militar americano penaliza os militares que passem cheques sem fundos. O salário é depositado diretamente na conta bancária dos militares, a cada 15 dias, e os agiotas, sabendo disso, cobram também por quinzena. Como 75% dos tomadores de empréstimos são incapazes de pagá-los em duas semanas, acabam rolando a dívida, pedindo dinheiro a um segundo agiota para pagar o primeiro, num processo infindável e crônico de endividamento.
Já aqui no Brasil, para resolver os problemas dos baixos salários não só de militares, mas também de funcionários públicos civis e de aposentados, Lula respondeu com o maior estelionato da história deste país: o “Microcrédito” com desconto em folha. Pelo amor de Deus! Empréstimo a juros não é melhoria de vida, é suicídio! O golpe foi aprovado pelo Congresso a partir da medida provisória 130, de 17 de setembro de 2003, assinada pelo senhor presidente da República. O crédito consignado foi contratado com os bancos (3), com valores inicialmente arbitrados em uma ou duas vezes o benefício ou o salário de cada um, mas depois houve muitas alterações e hoje há bancos emprestando cinco ou seis vezes o que a pessoa recebe. As parcelas são fixas e o “beneficiado” não pode atrasar ou deixar de pagar qualquer uma delas, já que o empréstimo é descontado em folha de pagamento. A ilegalidade é flagrante, uma vez que a Constituição prevê que o salário deve atender às necessidades básicas de alimentação, transporte, habitação, vestuário e higiene - e honrar compromissos bancários não figura entre as prioridades do salário.
Especificamente para os militares, o governo também acena com o finaciamento da compra de casas populares. Por causa dos altos riscos para a sociedade que poderiam representar os atos de “traição” cometidos por militares (voluntariamente ou por coação, já que muitos deles vivem em áreas de risco, convivendo com a criminalidade), por lidarem com armamentos poderosos e com questões de segurança nacional, equipes da Caixa Econômica Federal e dos ministérios da Defesa e das Cidades reuniram-se em março de 2005 para agilizar o financiamento da casa própria, para soldados, cabos, taifeiros e sargentos. Eles, não conseguem uma carta de crédito para escapar do aluguel, devido ao baixo valor do soldo. As prestações seriam descontadas em folha, oferecendo mais garantia à CEF, já que o índice de inadimplência seria quase inexistente e os militares só poderiam comprometer até 30% da remuneração mensal com as pretações da casa própria. Hoje, estuda-se a possibilidade de expandir a porcentagem do comprometimento da renda para até 50%. Entretanto, para o deputado federal Jair Bolsonaro (PFL-RJ), reconhecido porta-voz dos militares, o melhor financiamento seria aumentar o salário que está defasado. “A medida não vai atingir quem precisa. O militar que é de Pernambuco, por exemplo, e que vem servir no Rio, vai fazer o que com o imóvel quando for transferido?”, questiona Bolsonaro, lembrando que imóveis financiados pelo SFH não podem ser vendidos e nem alugados durante o contrato.
Mas, o pior mesmo do empréstimo consignado é que ele criou uma falsa impressão de aquecimento da economia, com um aumento efêmero do consumo. Entretanto, ao contraírem estes empréstimos na rede bancária, já no pagamento seguinte as pessoas se vêem recebendo menos ainda do que costumavam receber – o que, por já ser insuficiente, as teria levado a tomar o empréstimo – e, uma vez pego nas malhas dos agiotas institucionalizados, a pessoa dificilmente consegue se livrar deles. O que sobrevém é a queda no consumo e uma nova restrição ao crédito. Mas, para dar manchete de jornal falando do novo aquecimento no consumo, no aumento do poder aquisitivo das pessoas (ainda que sabidamente falso) e para dar votos é um ótimo plano – mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, a verdade e a crise terão que ser enfrentadas.
Nunca foi tão fácil obter crédito direto como agora, não só para a classe média, mas principalmente para as pessoas com menor poder aquisitivo. As financeiras já atuam dentro das lojas, emprestando dinheiro ao consumidor para que ele adquira o produto que desejar - por meio de cartão de financiamento, carnê ou cheque pré-datado. A maior delas, por exemplo, a Losango (HSBC) diz o inacreditável número de 14 milhões de clientes. Outro exemplo: no ano passado, o lucro líquido das Casas Bahia cresceu 34% em relação a 2004 (de 150 para 201 milhões de reais). Não é a toa que as Casa Bahia estão com Lula. As transações feitas a partir de programas de "parceria" entre instituições financeiras e as grandes redes de loja cresceram cerca de 20% em 2005. O Magazine Luiza, por exemplo, juntou-se ao Unibanco para criar uma financeira própria, a LuizaCred.
(2) O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA , MÁRCIO THOMAZ BASTOS, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº. 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002... resolve: reconhecer a condição de anistiado político de HERMANO DE DEUS NOBRE ALVES (o amigo do presidente Lula, Bruno Maranhão – o chege da gangue que invadiu e depredou o prédio do Congresso Nacional), concedendo-lhe as reparações econômicas, de caráter indenizatório, em prestação única pela cassação de seu mandato de Deputado Federal e suspensão de seus direitos políticos por 10 (dez ) anos, no valor correspondente a 300 (trezentos) salários mínimos, equivalente nesta data a R$ 90.000,00 (noventa mil reais), e em prestação mensal , permanente e continuada , pela perda de emprego de Jornalista , no valor de R$ 14.777,50 (quatorze mil, setecentos e setenta e sete reais e cinqüenta centavos), em substituição à aposentadoria excepcional de anistiado político, proveniente do beneficio do INSS nº. 58/1103022854, sendo que, os efeitos financeiros retroativos incidirão somente na diferença entre o valor concedido e o valor de R$ 2.095,54 ( dois mil , noventa e cinco reais e cinqüenta e quatro centavos), que já percebe, totalizando o valor de R$ 12.681,96 (doze mil , seiscentos e oitenta e um reais e noventa e seis centavos), com efeitos retroativos de 16.03.2005 a 07.02.1992, perfazendo um total indenizável de R$ 2.160.794,62 ( dois milhões , cento e sessenta mil , setecentos e noventa e quatro reais e sessenta e dois centavos).
Vejam ainda o caso inimaginável da pensão concedida aos descendentes de Luis Carlos Prestes.
(3) ARTIGO: O Roubo Chamado Crédito
Nos bastidores da publicação da Medida Provisória 130, no dia 17 de setembro de 2003, se movimentaram os tradicionais lobbies, mas o que faturou, literalmente, com a medida, foi o do quase desconhecido banco BMG - Banco de Minas Gerais -"Curiosamente", esse é, junto com o Banco Rural, também de Minas Gerais, um dos principais bancos citados nesses mais recentes escândalos de corrupção envolvendo um partido na gerência do governo semicolonial. Os nomes dos bancos estão ligados aos supostos empréstimos contraídos pelo PT que seriam usados para pagar os "mensalões" aos parlamentares da "base aliada" do governo. Durante quase dois meses, antes dos demais bancos serem autorizados a trabalhar com o crédito consignado, apenas a Caixa Econômica Federal e o BMG operaram neste filão.
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