
Uma equipe de dez pessoas do Te Quiero América viajou, durante 45 dias, por nove países da América do Sul, passando cinco dias em cada um, nos quais contava, inclusive, com produtores locais para montar e gravar cada um dos episódios. Misturando ficção e realidade, a série usou como pano de fundo uma estória de amor entre Maria (Denise Fraga) e Francisco (João Miguel) para, na realidade, fazer a apologia da visão retrógrado-socialista dos discursos sobre a América Latina bem como para alimentar, em suaves doses homeopáticas, a receptividade dos brasileiros à idéia da Grande Pátria Latino-americana. Não sei por que, a coisa toda me lembra aquele patrocínio do ditador Hugo Chavez a uma escola de samba do Rio de Janeiro que desfilou o tema da Grande Pátria de Bolívar...
Maria e Francisco – os personagens – passam por lugares que geralmente não fazem parte do itinerário da maioria dos turistas que viajam pela América do Sul. Lugares estes nos quais, apesar de suas peculiaridades (eufemismo para falta de atrativos, miséria e desconforto), na verdade, ninguém investiria um centavo que fosse, do próprio e suado dinheirinho, para conhecer em suas férias. Só este “detalhe” desqualificaria Te Quiero América como sendo uma série que, como disse o diretor Villaça, fizesse com que os brasileiros ficassem com “sede de América do Sul”.
A coisa mais interessante da série foi, sem dúvida, a mini novela que tratou dos encontros e dos desencontros dos dois personagens. Feios e mal produzidos (propositalmente, é claro), eles, nesse aspecto, trouxeram o romance para o alcance dos sonhos de qualquer mortal. Romance este que era intercalado por depoimentos de pessoas locais comuns, que contavam suas estórias e falavam um pouco sobre os costumes de suas terras. Até aí, em relação a esta segunda característica da série, nada que já não tenha sido feito por Regina Casé num daqueles vários programas que costuma apresentar sobre as glórias de se viver nas periferias – desde que não seja ela própria e nem ninguém de sua família, é claro.
Na realidade, Te Quiero América não passou de mais uma daquelas produções que insistem em associar grandeza humana necessariamente à pobreza, à sabedoria popular dissociada do conhecimento intelectual produzido pelos estudos. O mais interessante, entretanto, é que todos os programas desse gênero, acabam por se apropriar do cenário da miséria alheia para proferir discursos que somente a intelectualidade “classicista”, geralmente movida pelos mais irreveláveis sentimentos de inveja e de inferioridade, construiu ao longo da história da humanidade.
No final de cada episódio, portanto, lá estava a marca ideológica da série – citações retiradas de obras de escritores latinos buscavam acender a chama da suposta revolta do colono que existiria lá no fundo da alma de cada cidadão latino-americano:
“Temos tolerado durante tanto tempo um sentimento de inferioridade, mas sairemos dele, como saem todos os povos, quando chega sua hora. Não me julgue demasiado otimista; conheço ao meu país e a muitos outros que o rodeiam. Mas há sinais, há sinais...” - Julio Conazar
“Com todos os seus mísseis, e as suas enciclopédias, e a sua guerra das estrelas, e a sua fúria opulenta, com todos os seus triunfos, o Norte é quem ordena. Mas, aqui embaixo, bem embaixo, perto das raízes, é onde a memória nenhuma recordação omite. E há aqueles que desmorrem, e há aqueles que desvivem, e assim juntos eles conseguem o que era impossível: que todo mundo saiba que o Sul também existe”. - Mário Benedetti
O mais admirável é a insistência em tentar impingir ao Brasil, de colonização portuguesa – país que abrigou reis e príncipes da Coroa, por tantos anos –, as mesmas condições pelas quais passaram aqueles países que foram colonizados pelos espanhóis. Além de tantas diferenças que temos em relação aos nossos vizinhos, não desejamos, nós brasileiros, a grande pátria latino-americana; simplesmente porque já temos em nosso país a nossa grande pátria continental.
Desde o primeiro episódio, a série revelou sua linha ideológica. Quando Maria e Francisco se encontram pela primeira vez, a moça questiona: “Você é brasileiro, né?”. Francisco responde: “Americano... do Sul”.
Nos sonhos que alguns de nós possamos alimentar – e somente em sonhos, para quem conhece a natureza humana – é claro que seria maravilhoso se toda a humanidade pudesse viver irmanada, em paz e harmonia, livre para ir e vir, para criar. Nesse aspecto, entretanto, o sonho da Grande Pátria Latino-Americana não investe na irmandade de todos os homens da Terra, mas na união dos povos latinos contra o “Império do Norte” – mais especificamente os EUA. Ou seja, “somos todos irmãos, mas nem de todos”. Poderíamos chamar a isso de “virtuosidade seletiva”? Ora, tenham a santa paciência!
A certa altura, Maria e Francisco se reencontram no Paraguai num vilarejo chamado La Rosada, onde existem ruínas da destruição que houve durante a Guerra do Paraguai - entre este país e Brasil, Argentina e Uruguai. Foi o gancho para falar do sofrimento dos paraguaios e de como aquele país era desenvolvido antes da guerra. Maria e Francisco se separam e ela chega a um lugarejo onde existe a produção artesanal de biscoitos paraguaios típicos. Maria descobre que está grávida de Francisco e aproveita para falar da “força da mulher paraguaia – que, com o extermínio dos homens na guerra (do Paraguai?), tiveram que aprender a se virar sozinhas... Hoje, quase todas elas são mães solteiras...
Bem, alguém deveria informar à produção do Te Quiero América que a Guerra do Paraguai acabou, logo ali, em 1870! De modo que a “mãe-solteirisse” de hoje, deve ter alguma outra razão. Outro detalhe que o programa esqueceu de mencionar é que foi Solano Lopez, o líder do Paraguai à época do conflito, que invadiu o Uruguai para supostamente defender aquele país de um conflito que estava se iniciando entre este e o Brasil. Esse e ainda outros esquecimentos podem, “sem querer”, deturpar a história. No caso da Guerra do Paraguai, por exemplo, fica parecendo que os brasileiros acordaram uma bela manhã e resolveram que iriam massacrar o país e o povo paraguaios – assim, do nada. Não fica bem para o Fantástico prestar um desserviço desses aos brasileiros.


Será que a “dona atriz” não ouviu falar dos cubanos que foram deportados do Brasil para Cuba num avião de Hugo Chavez? Será que nunca ouviu falar de Foro de São Paulo? Que coisa, hein... Mas, a série fez o dever de casa: agora, o povão todo vai ficar pensando que Lula brigou com Chavez...

Coincidentemente ou não, e segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Fantástico terminou o mês com apenas 27 pontos - a pior média de audiência do ano. Não se sabe se por causa disso, a série foi encurtada de 11 para 7 episódios. Tomara que o futuro dispense os brasileiros de ter que assistir a apologia do socialismo cubano...
Falando nas séries exibidas pelo Fantástico, há o que se comentar sobre "O Mundo de Valentina", que exibia episódios onde os pais de Valentina, um bebezinho que ainda estava na barriguinha de sua mãe, analisavam os problemas que a menina enfrentaria, quando adulta, se providências não fossem tomadas em relação ao lixo, à reciclagem de materiais - enfim, ao meio ambiente. A série projetou tantos problemas e tanta escassez que é bem capaz que Valentina já não desejasse nem mesmo nascer.
Christina Fontenelle
31/08/2007
Prezada Christina,
ReplyDeleteVocê tem toda razão quando denuncia o quadro da comunistóide Denise Fraga no Fantástico (ela já assinou documentos em apoio à ditadura cubana). É mais do que óbvio que se tratou de uma propaganda subliminar tipo "bolivariana" para tentar aliciar os brasileiros.
-- Fez idolatria explícita do Che Guevara. No "blog" do programa ela tenta até -- acredite -- cristianizar o facínora, que matou à queima-roupa seres humanos com tiros na cabeça. Claro, sem perder a "ternura".
-- Só usou textos de autores comunistas que, claro, eram panfletagem disfarçada de "poesia".
-- O quadro, capciosamente, falava numa "América do Sul". Só que ignorou solenemente as duas Guianas e o Suriname. Que "América do Sul" é essa, só a que fala espanhol? Ou seja, só mostraram aquilo que "interessava".
-- A ideologia sórdida dos esquerdopatas querem aliciar culturalmente o povo brasileiro, tentando anular e substituir a nossa brasilidade em troca de uma "latinidade" que no fundo não passa de uma hispanidade. Ou seja, querem nos fazer um povo travesti de cubano/cucaracha. Faz parte do projeto da esquerda hispânica anexar e dominar cultural e ideologicamente o gigante e tolo Brasil. Com a ajuda dos servos-voluntários locais como a Denise Fraga, naturalmente. Tudo embalado numa tatibitate meloso chamado "integração" e outros termos menos cotados. Esse sim é o verdadeiro imperialismo, o que corrompe "corações e mentes" e não o imperialismo americano.
-- Não é por acaso que no último capítulo do quadro fizeram uma gororoba pra lá de piegas, quando a personagem declara que o filho não será "brasileiro" (!) nem "venezuelano", será "sul-americano". A tara ideológica dessa gente chega ao ponto delas desejarem renegar até a própria nacionalidade. São totalmente subalternos da esquerda hispânica. A esquerdopatia é realmente uma doença, não é apenas retórica não.
--
Eduardo Silva
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
É UM ERRO PENSAR O BRASIL COMO "AMÉRICA LATINA"
Brasileiros são só "brasileiros" e geograficamente "sul-americanos". Não são "latinos".
O que ocorre é que parte dos brasileiros, inclusive a imprensa, não se define, se deixa definir. É o velhíssimo complexo-de-vira-lata. Estão sempre prontos para "agradar" o sinhozinho dolarizado. Ou aliciados pelo doutrinação cubano-comunistóide.
Se os americanos, por ignorância -- ao se equivocarem em crer que os brasileiros falam espanhol, dançam rumba e não passam de uma cópia mix de mexicano, argentino e caribenho -- vão nos tachando erroneamente de "latinos", lá vão os colonizados do Brasil "adotar" o termo para si. Se a ignorância americana acreditasse que o brasileiro fosse "africano" (até por que tem influência de lá), esses mesmos brasileiros vestiriam a fantasia de "africano" e ficariam também "revoltados" se alguém dissesse a eles que não, eles não são "africanos".
Há até brasileiro que já aceita pra si o xingamento "cucaracha", coisa que se aplica apenas aos de fala hispana (ou nem isso, só a mexicanos e redondezas). Querem um xingamento para chamar de seu.
Os americanos, incluindo imprensa e governo, ainda são ignorantes a respeito do Brasil a ponto de alguns órgãos federais de pesquisa de lá agruparem brasileiros e portugueses na categoria "hispânico", como se algum dia tivéssemos falado espanhol. Efeito colateral: alguns desinformados brazucas se definem como "hispânicos" nos EUA...
Infelizmente a nossa mídia se deixa levar por esses reducionismos culturais. Estereótipos desse tipo são sempre ultra-simplificadores, essencialmente pré-conceituosos e trocam o real pelo pseudo-verdadeiro.
Exemplos:
-- Teoricamente Brasileiros, Portugueses, Angolanos e Moçambicanos (português), Franceses, Belgas, Senegaleses, outros países africanos e Haiti (francês), Italianos, Romenos, etc, seriam "latinos" porque todos falam uma língua derivada do latim. Mas na prática são apenas os hispanos que se vêem como "latinos".
-- Na teoria todos os países da América são "americanos" mas o mundo inteiro vê e entende apenas os cidadãos dos EUA como "os" americanos.
-- Na teoria o rótulo "América Latina" compreenderia países de língua derivada do latim. Mas na realidade o termo é tão inadequado que há vários países que falam línguas não-latinas (Suriname fala holandês, Jamaica fala inglês, Bahamas fala inglês, vários outros países falam inglês ou misturas do holandês.
-- Geograficamente o México sempre esteve na América do Norte mais nunca ninguém chama os mexicanos de "norte-americanos".
Portanto é presico questionar esses enganadores rótulos exógenos que nos impõem -- principalmente porque são impostos por quem não nos conhecem realmente, apenas têm uma pretensa "idéia".
"América Latina" é um pseudo conceito geo-político estabelecido para separar a América branca -- hoje não tão branca --, e rica (EUA e Canadá), do "resto" nem tão branco, bem mais pobre e que, acreditava-se, vivia no meio do mato. É um conceito baseado na ignorância e desprezo.
E ainda há uma racialização nos EUA do que é "latino". É racistóide. Nessa racialização deles, "latino" é aquele com cara de asteca, olhos e cabelos espetados muito escuros, pestanas retas, tez morena. Comicamente alguns brasileiros querem pular para dentro desse estereótipo "racial". Curioso: quando foi que Pelé ficou conhecido como "latino"? Quando já chamaram a Gisele Bundchen de "latina"? E o Ronaldo, o Ronaldinho Gaúcho, o Ayrton Senna e o Massa, já se se referiram a eles como "latinos"? Não. Porque eles não são "latinos" (e tiveram personalidade para nunca se qualificarem como tal), são brasileiros. Já Rodrigo Santoro, que tem traços que lembram um índio certamente será racializado como "latino" -- aliás ele, sem personalidade, já vestiu a fantasia de "latino", a julgar por entrevistas recentes.
O Brasil é outra América, a que fala português, a América Lusa. Temos outra herança colonial -- de Portugal e não Espanha --, outra cultura -- muito particular e original, dentro do que pode ser original na cultura humana --, outra mistura racial, outro perfil de sociedade, outra índole, outro estilo, outras idiossincrasias. Até fisionomicamente o brasileiro é distinto dos hispânicos. Não é incomum, quando se está no exterior, identificar outros brasileiros de longe, só pelo jeito. O povo brasileiro nunca se vu como "latino", só como "brasileiro". Quem é que dentro do Brasil já se tratou como "latino"? Isso é loucura.
Porque então quando alguns brasileiros saem do Brasil deixam de ser brasileiros passam a emular latino? Patético. Atestado registrado de sabujice.
A enorme maioria do povo brasileiro é mistura de Português + Índio original + Negro. O resto dos imigrantes é basicamente formado por Italianos, Alemães, Árabes, Japoneses, com alguma ascendência holandesa no NE, por causa das invasões. Houve a imigração espanhola mas não foi tão relevante quanto a dos Italianos, Alemães e Árabes, por exemplo. É natural, eles preferiram imigrar para os países que já falavam espanhol. Culturalmente nós temos uma grande influência da África Ocidental, onde hoje é Angola e Nigéria, devido ao tráfico de escravos -- embora alguns não gostem de admitir isso por puro racismo velado.
Os hispânicos, pelo contrário, têm outra herança colonial -- da Espanha e não Portugal --, outro tipo de misturas raciais -- alguns, como Argentina e México se "orgulham" de não ter negros, veja só o racismo embutido --, outras culturas, outros hábitos, outras culinárias, etc.
Enfim a língua fez e faz um tremenda diferença. Só quem não conhece pode achar que português e espanhol são línguas "muito parecidas". Não, apesar de alguma semelhança na escrita são na essência línguas de almas quase opostas. Uma, espanhol, é áspera, insalubre, foneticamente pobre, a outra, português, redonda, melódica e foneticamente bem mais rica. Para o povo brasileiro os hispanos são tão estrangeiros quanto franceses, americanos ou italianos. Para se saber espanhol tem que se aprender da mesma forma que se faz com o italiano, o inglês, francês, etc. O mesmo vale para o português no sentido inverso.
Se de um lado a mídia brasileira, colonizada como é, tende a ver o próprio país com os olhos do chamado primeiro mundo, de outro a ideologia esquerdopata tenta doutrinar os brasileiros com uma maquiavélica "conscientizaç ão" latina -- na verdade um aliciamento "latino". Querem que o brasileiro se torne menos brasileiro e mais "latino", dentro do delírio comunistóide de transformar o Brasil e os países hispânicos numa coisa só, uma espécie de URSS do Sul. Para isso eles querem, delirantemente, diluir (ou anular parcialmente) a identidade nacional do Brasil num pastiche latino-americano. Todos contra o demônio americano, claro.
Não é por acaso que foi no governo Lula -- que é obediente às diretrizes "latinas" maquinadas em Cuba e asseclas -- que foi tornado obrigatório o ensino do espanhol. Querem transformar o insalubre espanhol numa "segunda língua" no Brasil. Assim os brasileiros se adaptariam ao seus vizinhos hispânicos. Frisando, se "adaptariam". Como se um povo que beira 200 milhões tivesse que se "adaptar" a alguém, como se o brasileiro precisasse de outra língua aqui dentro do Brasil. O português é a língua mais falada na América do Sul (que é o nosso continente), pois a população brasileira é maior do que a soma de todos os outros. No entanto não são os vizinhos menores que tem que se "adaptar" ao maior e mais populoso. É o Brasil que "tem" de fazer isso pois o governo Lula é um governo capacho (vide o que a Bolívia, Argentina e Venezuela fazem com ele). Nunca se falou tanto no termo "América Latina" como nos últimos tempos, desde que o atual governo chegou ao poder. Coincidência? De jeito nenhum. Quem chegou no poder está doutrinando.