Todo mundo prestando atenção no lançamento do livro oficial do governo sobre o que alguns chamam de ditadura militar, enquanto Lula e Tarso Genro davam mais um passinho para aparelhar a polícia política do Estado.
Notícia importantíssima, ficou de fora do noticiário principal das emissoras de rádio e de TV, com o destaque que mereceria: o fato de que Lula havia mudado a direção da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O até ontem diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, assumirá a direção-geral da (Abin). Para o lugar dele, na PF, irá o secretário nacional de segurança pública do ministério da justiça, Luiz Fernando Corrêa, cuja nomeação era defendida pelo conterrâneo Tarso Genro. O novo diretor-geral da PF é ligado ao PT e foi indicado para a secretaria nacional de segurança pública pelo ex-deputado José Dirceu (PT-SP). Corrêa tem o apoio das bases corporativas da PF, mas não conta com o apoio da maioria dos delegados.
Para quem não se recorda, Corrêa teve papel destacado na localização e na captura dos dois boxeadores cubanos, Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que tentaram escapar do "paraíso cubano", fugindo do alcance da delegação cubana, durante os Jogo Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Os dois acabaram sendo deportados pelo governo do Brasil, de volta para Cuba, em tempo récorde. Aliás, o novo diretor-geral da PF trabalhou como coordenador da segurança dos Jogos Pan-Americanos.
Para o lugar de Corrêa, é cotado o nome do atual secretário nacional de justiça, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ); e, para o lugar deste na secretaria, o nome mais forte seria o do ex-deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF).
Na Abin, o até então diretor-geral, Márcio Buzzanelli, foi comunicado de que estava fora da agência, pelo chefe do gabinete da segurança institucional (GSI), general Jorge Armando Félix. O novo diretor da agência, Paulo Lacerda, acabou aceitando
o cargo que, por toda a vida, sempre dissera querer distância. Como, ao longo da carreira, ele sempre dizia que tudo estava errado na Abin, é provável que a agência passe por severas reformulações.A saída de Lacerda desencadeará também uma reformulação interna na PF, abrangendo mudança no modo de atuação e alternância do grupo que comandou o órgão nos últimos anos. Ao conversar com Lacerda, Lula lembrou que uma recente pesquisa de opinião apontava a PF como o órgão que a sociedade acreditava que efetivamente combatesse a corrupção. Infelizmente, a PF só falhou em descobrir de onde veio o dinheiro do "mensalão" e também de onde teria vindo o montante que seria usado para comprar o dossiê tucano, pelos alopradinhos do PT, durante a campanha presidencial do ano passado.
O agora ex-diretor da Abin, Márcio Paulo Buzanelli dizia que era chegada a hora de se pensar na exploração das jazidas minerais em terras indígenas, já que a cobiça internacional ocupa a região sorrateiramente, através de organizações não-governamentais disfarçadas de assistencialistas. Ao lado do secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, general-de-Exército Maynard Marques de Santa Rosa e do coordenador de Operações Especiais de Fronteiras da Polícia Federal, Mauro Spósito, Buzanelli traçou um perfil de problemas crônicos que tornam a região frágil e suscetível a crimes internacionais (biopirataria, tráfico de drogas e de armas, grilagem de terras), aos parlamentares da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, reunidos em audiência pública na Câmara dos Deputados, em março deste ano.
O Ministério da Defesa estima que cerca de 100 mil ONGs atuem na Amazônia, embora apenas 320 sejam cadastradas e segundo o general Santa Rosa, é possível que muitas delas tenham motivações ocultas e que atendam aos interesses do capital internacional.
Christina Fontenelle
30/08/2007
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