Tuesday, September 04, 2007

JOBIM E A FARDA - NOVAMENTE...

Ontem, segunda-feira, no primeiro dos 3 dias de visita que faz aos soldados brasileiros no Haiti, o ministro da defesa Nelson Jobim apareceu novamente vestindo um uniforme camuflado do Exército. Novamente, é claro, não foi com a intenção de enganar ninguém, como “liberou” como aceitável a procuradora-geral da Justiça Militar Maria Ester Henriques Tavares, ao arquivar denúncia encaminhada contra o ministro por já ter usado uma farda camuflada do Exército, quando esteve em Manaus, inteirando-se da operação Solimões. Ninguém, não. Certamente o menininho que se abraça ao ministro pensa estar se aconchegando a um militar.

O homem está mesmo acima da Lei. A pergunta que fica no ar é: de quem é que foi essa idéia? Do próprio ministro ou de alguma autoridade militar?

Depois que se transformou em ministro da defesa, Jobim passou a entender de aviação e de pista de aeroporto – assim, da noite para o dia. Agora, passou também a entender de guerrilha urbana e a dar palpites como se estivesse descobrindo a pólvora. Pois é, o ministro, lá no Haiti, defendeu a criação de um centro de operações de paz no Brasil que integrasse o conhecimento adquirido no trabalho na missão da ONU naquela região.

Só que o centro já existe há dois anos, no Rio de Janeiro: é o Centro de Instrução de Operações de Paz (CIOpPaz), um dos órgãos mais novos do Exército, que reúne militares que trabalharam em missões de paz das Nações Unidas em diversos países e é responsável pelo treinamento e pela capacitação de quem vai participar destas missões, em ambientes que reproduzem exatamente os teatros de operações internacionais. Atualmente, o Brasil participa missões. No caso do haiti, o Know-how brasileiro e o sucesso na pacificação de regiões violentas da capital fazem com que estrangeiros procurem o EB para intercâmbio de informações. Há discussões para que, até o final do ano, para que o CIOpPaz passe a ser diretamente subordinado ao Ministério da Defesa, sob às ordens de Jobim.

Jobim reconheceu que a atividade desenvolvida pelo EB naquele país é típica de ''manutenção da lei e da ordem'', ou seja, uma operação de segurança pública. Ele afirmou que, em razão disso, poderia patrocinar um estudo sobre o emprego de tropas em missão semelhante no Rio de Janeiro. Mas ressalvou que, para isso, seria preciso mudar a legislação brasileira, que não dá poder ao Exército para fazer segurança pública. E o pessoal dos direitos humanos? Quem é que vai lidar com eles? Jobim?

Sobre a possibilidade de saída das tropas do Haiti, o ministro disse que essa decisão é da ONU. O comando do batalhão e o embaixador do Brasil no Haiti, Paulo Cordeiro, afirmaram que a retirada não é possível neste momento, pelos problemas que provocaria. Jobim ouviu ainda o pedido de aumento de pelo menos cem homens no Batalhão de Engenharia, que executa obras de infra-estrutura no Haiti, mas, repetiu que o Brasil é apenas executor do que a ONU determina.
Christina Fontenelle
04/09/2007

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