Thursday, September 20, 2007
UM BRASIL SEM DEFESA
As coisas estão meio estranhas no ministério da defesa. No último dia 6 de setembro, Jobim havia pedido o cargo do Gen Ex R1 Bini - Secretário de Estudos e Cooperação do MD – ao extinguir aquela Secretaria, para transformá-la na Secretaria de Aviação Civil (SAC) e colocar uma civil na função. Na verdade, como se sabe, a Anac não foi extinta e Jobim acabou indicando Solange Paiva Vieira para a presidência da agência - cargo que será disponibilizado pelo atual presidente, Milton Zuanazzi.
O motivo da exoneração do General Santa Rosa gira em torno de seu posicionamento contrário à livre e não fiscalizada atuação de Ong(s) estrangeiras na Amazônia e por discordar do emprego de tropas do Exército para colaborar com a Polícia Federal em mega operação para expulsar da reserva indígena Raposa da Serra do Sol, em Roraima, os irmãos brasileiros não-índios que vivem por lá – alguns deles descendentes de famílias que já viviam na região há mais de 50 anos. O General Santa Rosa justificava sua posição quanto ao perigo desta ação da PF, afirmando que haveria sérios riscos de uma reação armada por parte dos moradores daquela região caso a operação se realizasse.
A posição de Santa Rosa é respeitada - corre no Ministério da Defesa que todos os que estudam o assunto dizem que a avaliação estratégica feita para a ação era de extrema gravidade e que o desfecho seria muito drástico, com cheiro de sangue. Já em abril do ano passado, o jornalista Cláudio Humberto anunciava em sua coluna diária na internet que ia “dar confusão”: “O Exército prevê um grave conflito entre brancos e índios, insuflados pelos padres da ONG Consolata. Eles premiam com dinheiro os índios da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, que não falam com brancos.”
Roraima é uma mina de preciosidades – entre outras, ouro, diamantes e urânio. Logo após o assento do PT no poder, com o presidente LULA eleito, o governo criou a reserva Raposa-Serra do Sol, em 2005. Na época, muitos dos próprios índios se rebelaram, pegaram em armas e fizeram policiais federais como reféns, EXIGINDO o cancelamento do decreto que criava a tal reserva. Ora, se até muitos dos índios eram contra, deveria haver outros interesses por trás da criação da reserva. Já em 2003, o general pára-quedista Claudimar, comandante da região, foi até dentro do que hoje é a reserva Raposa Serra do Sol retirar uma bandeira estrangeira hasteada na região: "tira essa bandeira. Isso aqui é Brasil!", disse o general a um cidadão, que respondeu: "General, não vou tirar, porque aqui é de quem paga". O general trocou a bandeira estrangeira pela brasileira. Mas, soube que depois recolocaram a bandeira estrangeira.
O conflito na região da Raposa Serra do Sol em Roraima não é fácil de resolver e há muitas questões a ser consideradas. A região é um território de 1,7 milhão de hectares habitado por 15 mil índios de cinco etnias diferentes e por cerca de 700 não-indígenas. Estes e os militares como o general Santa Rosa defendiam uma nova configuração para a reserva, onde seria preservada uma faixa da fronteira, que incluiria a estratégica cidade de Uiramutã, sede do Sexto Pelotão de Fronteira do Exército, e as plantações de arroz. A Funai e as Ong(s), é claro, não concordam – e, afinal, acabaram conseguindo o que queriam, com a homologação das Terras Indígenas da Raposa Serra do Sol feita pelo governo Lula, sem a restrição da faixa de fronteira. Mas, a retirada das famílias da região é complicada e muitos dos que aceitaram de lá sair, até hoje, não receberam as indenizações prometidas pelo governo federal. (Entendam o problema AQUI).
Há toda uma sincronia de fatos perfeitamente coordenada para isolar a Amazônia do território brasileiro. O problema é que, em relação a este tema, o discurso fanático-nacionalista se confunde com o discurso comunista que, por sua vez, está intimamente relacionado com o dos partidários do governo mundial – teorizado sob o olhar ditatorial do pleno controle sobre os indivíduos, transformando sua própria natureza humana. Nenhum deles poderia conduzir o Brasil a um papel participativo no cenário mundial globalizado, em que seriam realmente beneficiados todos os brasileiros. Não entrarei nesse assunto agora, mas vou destacar apenas os três últimos fatos que ajudam a identificar essa sincronia mantenedora artificial de nosso subdesenvolvimento.
Primeiro, a implementação da Lei de Gestão de Florestas que, entre outras coisas, criou o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). O serviço, criado para supostamente agilizar os processos de licenciamento que costumam entravar obras de infra-estrutura vitais para o País, até agora, não licitou um hectare sequer de floresta. Entretanto, seu presidente, Tasso Azevedo, que é partidário da corrente internacional que pensa que a preservação da Floresta Amazônica é tarefa de várias nações, já propôs que os países desenvolvidos “ajudem” o Brasil a preservar a Amazônia, pagando uma espécie de “merreca” aos moradores da região para manter a floresta de pé (Commodity é outra coisa – com a qual, aliás, já há gente graúda ganhando dinheiro).
Segundo, em sintonia, a ministra do meio-ambiente Marina Silva, protegida pelo poderoso aparato ambientalista internacional, conseguiu que fosse regulamentada a cobrança de uma extorsiva taxa de 2% sobre o valor de qualquer empreendimento que provoque danos ambientais na Amazônia. O dinheiro arrecadado será utilizado para criar mais de 20 milhões de hectares em unidades de conservação até o final do segundo mandato de Lula – ou seja, estaremos eternamente no berço esplêndido do subdesenvolvimento, para o regozijo daqueles que vendem a pátria para passar o resto da vida desfrutando das fortunas que conseguiram juntar.
O terceiro fato ocorreu há 6 dias apenas, no dia 13 de setembro de 2007. Foi a aprovação, na ONU, da declaração de direitos dos índios, na qual constam princípios como a igualdade de direitos e a proibição de discriminação, o direito à autodeterminação e a necessidade de fazer do consentimento e do acordo de vontades o referencial de todo o relacionamento entre povos indígenas e Estados. A declaração já aguardava aprovação final da Assembléia Geral da ONU desde novembro de 2006, mas um grupo de países africanos apoiados por Estados Unidos e Canadá levantou objeções quanto ao alcance de termos como “povos” e “auto-determinação”, argumentando que haveria o risco de criar divisões e conflitos étnicos, bem como ameaça às fronteiras dos países. Agora, em 2007, a Declaração foi definitivamente adotada pela ONU - foram 143 votos a favor, 11 abstenções e 4 votos contrários (Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália).
De fato, de acordo com seus principais pontos (clique no quadro ao lado), a declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas transformou em realidade a possibilidade de criação de nações indígenas, totalmente independentes, dentro dos países onde elas existam – inclusive dando recursos legais para isso. Não há espaço para dúvidas e/ou ponderações, principalmente no caso do Brasil, ao se associar esta declaração da ONU com o nosso Estatuto do Índio. O Brasil dispõe de 600 reservas indígenas, que ocupam 12% do território nacional (991.498 km2, segundo o IBGE), onde vivem cerca de 345 mil índios (0,2% da população brasileira), agrupados em 215 sociedades indígenas.
E o que tudo isso tem a ver com a exoneração do general Santa Rosa do cargo de Secretário de Política e Estratégia e Assuntos Internacionais? Tudo. Santa Rosa é o homem que induziu autoridades brasileiras a pedirem a criação de uma CPI para investigar as Ong(s) instaladas na Amazônia – todas denunciadas por ele como espiãs e traficantes, além de drogas, de nossas riquezas e que, ademais, pretenderem retirar do controle do Brasil as terras indígenas. Mas, o discurso de Santa Rosa é desenvolvimentista. Já o de seu sucessor, o general Barros Moreira, é antiimperialista. São pontos de vista diferentes – acreditem.
Muito resumidamente, o discurso antiimperialista confunde a atuação do governo dos EUA com a dos oligopólios transnacionais que atuam, muitas vezes, através do próprio Estado norte-americano, mas, quase sempre e inclusive, destruindo aquela nação por dentro, visando à formação de um novo governo mundial – socialista (ou capitalista de um dono só) e ditatorial por excelência. Já o discurso desenvolvimentista procura separar o joio do trigo e busca parcerias, inclusive com os próprios EUA, que coloquem o Brasil nas trilhas do Primeiro Mundo.
Christina Fontenelle
19/09/2007
Friday, September 14, 2007
DERROTA DE QUEM?
O senhor Paulo Henrique Amorim, homem famoso que sempre usa seu espaço na mídia para militar pelo PT, depois da não cassação de Renan Calheiros pelo Senado, saiu-se com o seguinte artigo: RENAN: A MAIOR DERROTA DA IMPRENSA (leia abaixo). Em síntese, ele diz que a “mídia conservadora e golpista”, a qual aponta nominalmente (Veja, TV Globo, O Globo, Folha de SP e o Estado de SP) “pode enfiar a faca no pescoço do Supremo (STF julgando “mensalão”), mas não enfia a faca no pescoço do Senado”. Ou seja, o homem diz que a imprensa foi derrotada porque toda a campanha para denunciar as falcatruas de Renan Calheiros não fez com que seus pares no Senado o cassassem.
Em primeiro lugar, a imprensa não foi derrotada coisíssima nenhuma. Ao contrário: ela vem ressuscitando, cada vez mais e por um capricho da genética, que não permite que ninguém que tenha um mínimo de inteligência se deixe levar, por mais de alguns poucos anos de arroubo juvenil, pelo discurso mentiroso, egoísta e facínora do comunismo.
Em segundo lugar, a única derrota da imprensa é contar com gente que se faz passar por jornalista para panfletar e usar das palavras bem coordenadas para defender o indefensável. Entretanto, a desfaçatez esquerdopata no seio deste governo é tanta que fica cada vez mais fácil para os leitores e/ou telespectadores identificar o ridículo militante entre os profissionais de comunicação – é só carimbar a figurinha e pronto: passa a servir de referência ao que não se deve acreditar. O bom de toda essa evidência militante é o exemplo que oferecem aos universitários que estão cursando jornalismo – ficou mais fácil mostrar aos alunos tudo o que um jornalista não deve ser e nem fazer.
Sendo assim, mesmo que PHA insista em dizer que o que “a mídia conservadora e golpista” tenha feito com Renan seja obra de jornalismo de oposição ao governo Lula; em face de ter saído da mente de um profissional carimbado, o comentário já leva o leitor experiente direto para perto da verdade: que está no fato de o governo Lula sempre ter eleito Renan para destruir o Senado. Não foi por outro motivo que as denúncias e a perseguição em cima do nada santo senador surgiram como um corpo estranho (forçado mesmo) dentro do noticiário – uma coisa plantada, com endereço certo. O PT e o governo agem assim mesmo, colhendo, desde sempre, material para chantagear quem quer que seja, à hora que mais convier, para alcançar aquilo que o partido precisa. E, agora, o partido pretende transformar nosso sistema político em unicameral para que se eternize no poder. Fácil assim.
O pior para os senadores petistas que hoje absolvem Renan aos olhos da nação é que essa fila de descarte do partido vai andar (e rápido). E, assim como não faltam exemplos na História de como os comunistas tratam seus pares quando ao partido não têm mais serventia, a estes senadores não restará grande futuro até que a chance de que tenham que se ver sacrificados apareça. Não se iludam, pois nada poderia ser mais logicamente previsível. Igualmente pode-se dizer do caso Renan – tudo muito monotonamente previsível.
Que PHA não queira perder a oportunidade de descarregar sua bile em cima de uma Veja ou de uma Globo, a gente pode até entender, porque, na verdade, quando ele diz que houve uma campanha deliberada para “malhar” Renan Calheiros, está totalmente certo. Agora, presumir que a burrice de seus leitores seja tão imensa a ponto de não perceber que o interesse maior por trás de tudo isso seja eliminar o Senado do nosso cenário político para atender aos planos do PT, é muita petulância.
Só para terminar, o único a ser derrotado até agora nessa estória toda foi o povo brasileiro.
Christina Fontenelle
15/09/2007
Paulo Henrique Amorim
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.
. A absolvição de Renan Calheiros é a maior derrota da imprensa brasileira depois da reeleição do Presidente Lula.
. A Veja, a Globo, o Estadão, a Folha e O Globo e seus inúmeros e inúteis colunistas jogaram todas as fichas na cassação.
. Como ensina o professor Wanderley Guilherme dos Santos, a imprensa brasileira se transformou num partido político.
. E jogou tudo contra um político da base de apoio ao Presidente Lula.
. Renan Calheiros cometeu todos os crimes que 99,9% dos políticos brasileiros cometem.
. Renan Calheiros provavelmente pagou a mulher com quem teve uma filha fora do casamento numa operação idêntica à de outro ex-senador de partido da oposição.
. Sobre a operação do ex-senador, a mídia conservadora (e golpista !) se cala até hoje.
. A mídia conservadora (e golpista !) foi atrás de Calheiros também porque ele é nordestino.
. E a elite branca (e no caso da elite de São Paulo, também separatista) não gosta de ninguém da base aliada do Presidente Lula e muito menos se for nordestino.
. Imagine se Renan Calheiros fosse do Piauí...
. Renan Calheiros não é um santo.
. Mas, o Senado mostrou que a mídia conservadora (e golpista !) pode enfiar a faca no pescoço do Supremo, mas não enfia a faca no pescoço do Senado.
. (E de que adiantou o Supremo deixar os deputados assistirem à sessão ? Nada.)
. Se a mídia conservadora (e golpista !) tivesse o poder de enfiar a faca no pescoço do Senado, quantas cabeças ficariam em cima do pescoço ?
. A mídia conservadora (e golpista !) agora vai dizer que Renan Calheiros não tem condições de presidir o Senado.
. É porque para a mídia conservadora (e golpista !) só valem os 35 votos a favor da condenação.
. O Procon tem a obrigação de interpelar a Veja, a Globo, O Globo, a Folha e o Estadão, que transformaram durante um mês e meio Renan Calheiros num cadáver e enganaram seus consumidores.
Thursday, September 13, 2007
TUDO NA MAIS PERFEITA...MANDA O PRÓXIMO!
O espetáculo que envergonha a nação teve direito à abertura digna do grande ato que a sucederia: confusão e pancadaria entre o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e um segurança da casa que não havia sido informado, ainda, da decisão do STF de permitir a entrada de 13 deputados na sessão secreta. No tumulto, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) acertou, segundo ele, sem querer, um soco no senador Tião Viana (PT-AC), a quem, mais tarde, pediu desculpas, e a deputada Luciana Genro levou um chute na canela. Depois de baixada a poeira, puderam acompanhar a sessão secreta, além de Raul Jungmann e de Gabeira, os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ); Carlos Sampaio (PSDB-SP); Luiza Erundina (PSB-SP); Raul Henry (PMDB-PE); Paulo Renato Souza (PSDB-SP); Luciana Genro (PSOL-RS); José Carlos Aleluia (DEM-BA); Alexandre Silveira (PPS-MG); Fernando Coruja (PPS-SC); Gustavo Fruet (PSDB-PR); José Aníbal (PSDB-SP).
Eu não conheço pessoalmente o cientista político e articulista do site do Diego Casagrande, Paulo Moura. Entretanto, sinto como se tivesse conversado com ele imediatamente antes dele escrever o artigo LULA E A ESTRATÉGIA DO 3º MANDATO, publicado no mesmo dia do triste espetáculo do Senado. Leiam, porque é imperdível. De minha parte, ressalto uma frase do texto, a qual eu mesma venho repetindo desde que estourou a primeira “mini-fofoquinha” sobre Renan na mídia: “Sarney que se cuide. Na cadeira de Renan ou fora dela, ele é próximo da fila”. Realmente e só quem nunca ouviu falar nas fases estratégicas da revolução comunista (muitas delas elaboradas por Gramsci) para tomar o poder é que talvez possa não ter enxergado isso, ainda.
Renan é peça importante na difamação e desmoralização Senado. O companheiro “aloprado” de Lula, Ricardo Berzoini, já deu o recado do partido no III Congresso do PT – querem extinguir o Senado e constituir um sistema de governo unicameral. E é óbvio que o episódio “Renan” vai ser fundamental para costurar a argumentação do governo. Antes que isso aconteça (embora nada mais quase consiga impedir os tão bem esquematizados planos de ação do agora já não tão desconhecido Foro de São Paulo) é preciso que haja quem “grite” a respeito desse assunto.
Muita calma nessa hora. Vamos ser bastante didáticos, para que as pessoas consigam enxergar que o erro não está na constituição de nosso sistema representativo, pelo menos naquilo que dia respeito ao papel do Senado e dos senadores. Cada estado do Brasil, não importando o tamanho de sua população, tem exatamente o mesmo número de senadores, ou seja, três. Isso, basicamente, coloca todos os estados em condição de igualdade democrática quando se trata de aprovar ou de rejeitar leis que afetem toda a população brasileira, independentemente de onde resida cada cidadão (é o caso, por exemplo, da cobrança da CPMF). Como na Câmara dos Deputados as bancadas majoritárias pertencem aos estados mais ricos e mais populosos e no Senado são justamente os mais pobres os também mais numerosos, estabelece-se o equilíbrio federativo.
Os senadores representam os interesses das unidades da federação e, ainda que o Senado tenha a iniciativa de criar leis, a casa atua principalmente na revisão da legislação que vem da Câmara. Entre outras atribuições, são exclusivas do Senado: 1) Processar e julgar os ministros do STF, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União, bem como os ministros de estado, o vice-presidente e o presidente da República nos crimes de responsabilidade (depois de impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados) e 2) Aprovar nomes indicados pelo presidente da República para embaixador, presidente e diretores do Banco Central, ministros de tribunais superiores, procurador-geral da República, ministros do TCU, titulares de agências reguladoras.
Como se vê, são funções importantíssimas – tão ou mais importantes até que as do próprio presidente da república - e que, teoricamente, em todo o seu conjunto, juntamente com as atribuições da Câmara e a dos poderes Executivo e Judiciário montariam um sistema bastante equilibrado e que, não fosse pelas pessoas erradas nos lugares errados, poderia, sim funcionar muito bem.
Vou repetir o que não me cansarei de dizer (e que um dia acabará vindo à luz): com ou sem bolsa-esmola, com ou sem estabilidade econômica, com ou sem o cada vez maior enriquecimento de poucos e de poderosos, o problema do Brasil, por enquanto, ainda está no fato de as urnas eletrônicas serem simplesmente verdadeiras caixas-pretas (depois que o aparelhamento do Estado estiver completo esse “detalhe” não será mais tão importante). Casos de irregularidades não faltam para que a mais inocente das crianças consiga entender que a inviolabilidade e que a absoluta segurança que fazem a fama desta engenhosidade eletrônica não pode ser uma conversa séria.
Quem quiser um país novo e sem “Renans e cia”, que economize discurso e dinheiro da nação com reforma política: reformem-se – primeira, única, e exclusivamente - as urnas em que os brasileiros depositam seus votos. Agora, já para as próximas eleições. Depois a gente conversa. Quando saírem os resultados, muita gente vai fazer cara de surpresa (puro fingimento, é claro). “Como amadureceram os eleitores brasileiros!”, exclamarão outros. Mas, como o assunto é tabu e está simplesmente abolido das pautas da mídia de grande alcance, dos gabinetes de todas as autoridades e de todas as instituições do país é sentar e organizar os grandes e sucessivos “bolões” de apostas....
Christina Fontenelle
FATOS E VERSÕES
Quase no final da entrevista, Jô Soares perguntou, ou melhor, fingiu que perguntou, sobre a extradição dos dois pugilistas cubanos, Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, mandados de volta à Cuba, em tempo recorde, no início de agosto deste ano, após abandonarem a delegação de Cuba (e as competições), nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Como não poderia deixar de ser, o ministro repetiu a versão oficial do governo para o caso.
“Eles (os cubanos) chamaram a Polícia Militar do Rio de Janeiro... que recebeu os cubanos - Eles pediram para ir embora – e, imediatamente, o governo cubano colocou um avião à disposição. O grande problema dessas pessoas que querem deixar o país é o problema da condução. Nesse caso, o governo de Cuba queria recebe-los imediatamente. Esse processo foi totalmente regular no Brasil”
Apenas como observação, é preciso lembrar que a resposta do ministro não confere com o que ele disse em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, 24/08/2007: "A delegação cubana informou o desaparecimento dos atletas. A polícia encontrou os desaparecidos, que, levados à Polícia Federal do Rio de Janeiro, manifestaram a intenção de voltar ao país de origem"... "Eles foram questionados se queriam refúgio no Brasil ou se queriam voltar. Como optaram pela segunda opção foram deportados, pois houve um desvirtuamento do visto".
Continuando a entrevista, Jô Soares – que, diga-se de passagem, não deixou, um minuto sequer, de ironizar o que deveria acontecer com os pobres coitados dos “repatriados” - disse: “Pegou mal, ministro...”
Tarso respondeu: “Pegou mal porque a versão foi mal divulgada, e, às vezes, divulgada com má fé, por determinados órgãos de imprensa. Porque eles (os cubanos) pediram para ir embora, eles queriam ir embora. Mas, eu não poderia seqüestrá-los.”
Jô Soares: “Mas como é que você sabe que eles pediram para ir embora?”
Tarso: “Eu sei porque eles foram assistidos pelo Procurador Geral da República e pelo Lamê, que estavam juntos - e eles (os cubanos) deram dois depoimentos pedindo para ir embora. Então, a cobertura do fato foi uma cobertura maliciosa, na verdade. Se eu fizesse com que eles permanecessem aqui, eu estaria seqüestrando eles (sic)”....
E as pessoas queriam que os pugilistas dissessem o quê? Àquela altura, os dois já sabiam perfeitamente que não poderiam mais confiar em ninguém, além de, muito provavelmente, já estarem sabendo de ameaças sofridas por seus familiares deixados em Cuba. Vale esclarecer que, em primeiro lugar, os dois pugilistas cubanos não se apresentaram à PM do RJ. Eles foram solenemente detidos, sob a desculpa de que estariam sem documentos – documentos estes que estavam lá em Cuba. Naturalmente, depois do devido reconhecimento dos dois, sabia-se que seus vistos de permanência no Brasil, de 90 dias, ainda estariam dentro do prazo de permanência no país. Entretanto, os dois foram colocados, imediatamente, pela Polícia Federal, em "liberdade vigiada devendo permanecer em estalagem indicada pela autoridade policial".
As circunstâncias da deportação, entretanto, fazem dessa hipótese uma demonstração absurda de falta de respeito pela inteligência alheia que demonstraram os governos de Cuba e do Brasil ao comporem uma versão conjunta sobre o ocorrido.
O alemão porta-voz da agência alemã Arena Box Promotion que teria “aliciado” os dois pugilistas cubanos, Malte Muller-Michaelis, deve ser um lunático, então. Ele afirmou que o acordo com os dois já tinha sido firmado em 2004: "O público precisa saber o que ocorreu e que eles já haviam assinado um contrato em 2004, durante os Jogos Olímpicos de Atenas, de que usariam a primeira oportunidade que teriam para escapar. E isso finalmente surgiu no Rio. Os cubanos deixaram a Vila Olímpica e nos ligaram. Estávamos preparados a ajudá-los".
Michaelis acusou o governo de Fidel de ameaçar a família dos atletas enquanto eles estavam no Rio de Janeiro: "Os passaportes de alguns membros da família dos atletas foram levados, os carros foram tirados de seu poder e ainda alguns chegaram a ficar algumas horas detidos. Ao ouvirem isso, os atletas mudaram de idéia e decidiram voltar a Cuba. Mas sabiam que suas carreiras estavam acabadas. Nunca mais os dois serão boxeadores", disse o porta-voz.
Mas, nos depoimentos prestados à polícia brasileira, os cubanos deram uma pouco verossímil versão de que haviam sido dopados e obrigados a deixar a vila do Pan pelos “aliciadores” alemães - (parece que nos os passeios e nas festas que, respectivamente, fizeram e que freqüentaram, os dois pugilistas estiveram ”presos a pesadas correntes de chumbo, aos moldes do que ocorria na Idade Média). Enfim, por ordem do próprio ministro da Justiça, foram divulgados os depoimentos dos cubanos à PF. Um dos trechos diz o seguinte: "Foi oferecido ao depoente se desejava solicitar refúgio, o qual foi negado, pois o depoente diz amar o seu país, seus familiares, não ter problemas políticos ou religiosos", disse Ortiz, segundo transcrição do delegado da PF Felício Aterça.
Ao receber em Cuba os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, o ditador cubano Fidel Castro criticou duramente os “desertores” e disse que eles jamais voltarão para delegação cubana: “O atleta cubano que abandona sua delegação é como o soldado que abandona seus companheiros no meio do combate”, afirmou o Fidel, no texto "A Constância Escrita", publicado na primeira página do jornal oficial "Granma". Num ato típico de "generosidade socialista", Fidel assegurou que os boxeadores terão encerrada a sua carreira esportiva , mas que teriam, entretanto, postos de trabalho "decentes". Só depois do corretivo, o tirano liberou a entrevista de Rigondeaux, divulgada pela TV Cubana, em que o pugilista, vilmente amestrado, se dizia arrependido, merecedor de castigo e "fiel a la revolución".
Guillermo Rigondeaux, de 26 anos, e o campeão mundial Erislandy Lara, de 24, foram levados, por ordem do governo cubano, para a chamada "casa de visitas", em Havana, onde poderiam receber a visitados familiares.
Usando ainda outro argumento para confirmar que os pugilistas voltaram para Cuba porque quiseram, Tarso Genro disse: “Tanto é que três (outros cubanos) ficaram”. Três? Eu lembro de dois - o técnico de ginástica artística, Lázaro Lamelas Ramírez, de 33 anos, e o jogador de handebol, Rafael D'Acosta Capote, de 19 anos, (aquele que deixou a Vila Pan-Americana e foi para São Paulo, de táxi).
Na entrevista ao Jô, o ministro da justiça também esqueceu de mencionar (e o entrevistador de perguntar, é lógico) sobre o fato de o avião fretado por Cuba para levar os cubanos do Brasil de volta “ao lar” ser de propriedade de Hugo Chavez – o ditador venezuelano. A informação foi revelada pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), na tal acima já citada audiência com Tarso, dia 24 de agosto, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, e na qual também estava presente o então diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda (hoje, no comando da Abin). É que, logo no início da sessão, Tarso foi questionado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre os dados do avião que levara os atletas de volta para Cuba. Ao dizer o prefixo YV-2053, o ministro foi interrompido por Heráclito Fortes: "Esse prefixo é venezuelano. O avião é da Venezuela" (Clique aqui para ouvir). O ministro da justiça disse que era fácil averiguar – até hoje não respondeu...
Seguindo, assim, com a entrevista, depois de reiterar que achava que os cubanos teriam sido abandonados pelas pessoas que lhes prometeram uma vida melhor, Tarso Genro, para dar um exemplo de que não era incomum as pessoas quererem voltar aos seus países, começou a contar sobre sua própria experiência como exilado, dizendo que, durante o tempo em que ficou no Uruguai, trabalhou o tempo todo com seu advogado no Brasil, para que pudesse voltar o mais breve possível – “No outro dia (seguinte ao dia que chegara ao Uruguai), eu queria voltar para o Brasil”.
O mais interessante, entretanto, e que obviamente não foi aproveitado pelo entrevistador, foram as seguintes palavras, nas quais, muito provavelmente sem querer, o ministro acabou revelando uma confiança na integridade das autoridades militares do país que, até então, não costumavam fazer parte dos discursos difamatórios da esquerda revolucionária sobre os militares da “ditadura”:
“Eu queria que meu processo saísse do DOPS, fosse para a Auditoria Militar, porque o auditor militar dava segurança que a gente não seria torturado, como efetivamente ocorria. E eu fiquei trabalhando, durante 1 ano e 7 meses com o meu advogado aqui do Brasil, para que o meu processo fosse para a Auditoria e eu pudesse me apresentar diretamente para a autoridade superior e, depois, ser remetido para o DOPS – mas, aí, controlado pela autoridade militar. E era o governo Médici, uma ditadura duríssima aqui no Brasil, e eu queria voltar pro meu próprio país, porque eu tinha, aqui, a minha mãe, o meu pai, os meus amigos.... Na verdade, esta questão de querer voltar à Pátria é uma coisa que está acima das fronteiras ideológicas...”
Tuesday, September 11, 2007
12 DE SETEMBRO - O LEVANTE DE BRASÍLIA
Quando o assunto "1964" é estudado nas escolas e até nas universidades, na esmagadora maioria dos casos, aos estudantas pouco é dada a oportunidade de conhecer os fatos. "Ideologizou-se" muito da nossa História e o próprio sistema de ensino passou a privilegiar um olhar "relativista" sobre os temas de que tratam as ciências consideradas não exatas, muitas vezes sob a argumentação pedagógica de que se aprenderia melhor através da interpretação dos fatos registrados, em detrimento de sua pura e simples compreensão.
Dessa forma, é claro, pôde-se falsificar a própria História (chamada pejorativamente de História Oficial), a despeito do que sobre ela estivesse documentado, criando-se assim uma verdade (uma segunda História, considerada verdadeira por não ser a oficial) que, apesar de não estar registrada, pôde ser construída e perpetuada, até que, aos poucos, conquistasse os espaços nos e dos livros de História, como se registros factuais fossem, muito graças à consolidação da concepção relativista até da própria realidade que hoje nos cerca (desconstruindo a capacidade dos seres humanos de distinguirem entre o bem e o mal ou o certo e o errado).
É que, em 1962, sargentos lotados em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no então estado da Guanabara indicaram candidatos próprios para concorrer nas eleições que se realizariam em outubro daquele ano. Na Guanabara, o sargento do Exército Antônio Garcia Filho elegeu-se deputado federal e, apesar do impedimento constitucional, tomou posse. Mas, no Rio Grande do Sul, o sargento Aimoré Zoch Cavalheiro e, em São Paulo, o sargento Edgar Nogueira Borges foram impedidos de assumir seus mandatos de deputado estadual e de vereador respectivamente.
A reação dos sargentos veio de Brasília, na madrugada do dia 12, quando cerca de 600 graduados da Aeronáutica e da Marinha, chefiados pelo sargento da Aeronáutica Antônio de Prestes Paula, se apoderaram dos prédios do Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), da Estação Central da Rádio Patrulha, do Ministério da Marinha, da Rádio Nacional e do Departamento de Telefones Urbanos e Interurbanos. As comunicações de Brasília com o resto do país foram cortadas. Vários oficiais e o ministro do STF, Vítor Nunes Leal,foram presos e levados para a base aérea de Brasília, foco da sublevação.
Com vocês, o relato de alguém que estava presente neste momento histórico... Aproveitem...
Christina Fontenelle
12 de setembro de 2007
12 DE SETEMBRO DE 1963 : O LEVANTE DE BRASÍLIA
Um testemunho e algumas observações
Cel. Inf da Reserva - Turma de 1958
Brasília, 04.Set.2007
E-mail : santosary@uol.com.br
(Reprodução autorizada desde que citada a fonte)
Corria o ano de 1963. O quadro político-social brasileiro era mais do que indefinido - era extremamente confuso. Na área militar, a situação era intranqüila pelas ações e omissões de um Governo que pouco produzia e, quando falava, somente se externava por ideais e símbolos da esquerda que arrastavam muitos incautos com idéias falsas e, como sempre, com objetivos eleitoreiros.
Em Brasília – na época já capital de direito, mas ainda não integralmente de fato - era esse o clima por volta de agosto. A única Unidade do Exército aproximadamente completa na Capital era o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), herdeiro histórico do “Batalhão do Imperador” e que respondia pela segurança de todo o Distrito Federal - valendo-se, para o cumprimento dessa extensiva e intensiva tarefa, do sistema de dupla-incorporação e do esforço de seus quadros para atender a todas as imposições.
No quartel ao lado, onde se erguia o Batalhão de Polícia do Exército (BPE), agrupavam-se núcleos não só daquele futuro batalhão mas também de outras Unidades que iriam, com o tempo, enriquecer o efetivo militar do DF, e um grupamento de pára-quedistas deslocados para Brasília a título de reforçar a segurança.
Na segunda quinzena de agosto, seca no auge, os oficiais do BGP, além de suas tarefas normais, foram chamados a atuar como Comandantes de frações de valor variável, inclusive dirigindo viaturas, para responder pelo patrulhamento das cidades satélites, tendo em vista que a Polícia Militar fora afastada dessa atividade em face de graves problemas ocorridos em algumas situações de conflito. Toda essa etapa de agitações, conduzidas e/ou induzidas pelos líderes locais da esquerda, concluiu-se na noite de 03 de setembro, com uma concentração na Praça 21 de Abril, na Avenida W-3.
Como vários outros colegas, participara de todas essas atividades e preparava-me para alguns dias mais calmos quando, na madrugada de 04 de setembro, recebi um telefonema de São Paulo, avisando-me ser iminente a chegada do meu primogênito. Somente graças à boa-vontade de todos – pois na época não existiam cheques especiais, cartões e nem mais do que dois vôos diários para a capital paulista - consegui, via Rio, ver meu filho, por volta das 14 horas, já com 6 horas nesse mundo.
Terminados os dias de dispensa a que fazia jus pela legislação, retornei á Brasília, pela tarde de 11 de setembro, em um vôo que, mais compatível com meus proventos, fazia duas ou três escalas. Um incidente com o aparelho deixou-me em São Jose do Rio Preto, onde a muito custo, consegui concluir, via Goiânia, o vôo para o DF, aonde cheguei, já à noite.
Depois de um banho reconfortante e de algumas providências para o dia seguinte, preparava-me para dormir, por volta das 22:30 horas, quando batidas na porta do quarto trouxeram-me, abruptamente, de volta á realidade profissional. Era o Sgt. Borges, profissional exemplar e antigo, que estava na função de Adjunto do Oficial-de-dia, avisando que havia estourado uma sublevação de militares de outras Forças e talvez o nosso quartel fosse um alvo.
Aprontei-me de imediato enquanto formulava algumas hipóteses. O fato é que, pelo cansaço e pelo envolvimento e emoção inerentes ao nascimento de um filho, não me aprofundara no noticiário dos últimos dias e mal soubera da cassação do mandato, pelo Judiciário, de um Sargento eleito deputado federal. Veio-me à mente, em primeiro lugar, a segurança dos integrantes do batalhão, dos quais cerca de 1200 soldados “granadeiros”, que estavam, naquele horário, em merecido repouso, e também das instalações - naquela época, um quadrilátero totalmente permeável a uma ação dos sublevados e apenas com uma sentinela em cada um dos seus vértices.
Não havia tempo para consultar alguém e nem conhecia a extensão e a gravidade dos fatos - e só depois de algumas horas ficaria sabendo que apenas mais três oficiais estavam no Quartel, um deles o oficial-de-dia. Mas, éramos oficiais (e sargentos que foram se incorporando ás atividades) e, como não há Exércitos distintos, assim agimos, como por certo agiriam, hoje, os oficiais e sargentos - respeitando os valores da disciplina, da hierarquia e, sobretudo, da lealdade, que têm sido cultuados como orientadores da ação permanente da Força.
Saindo do meu alojamento, decidi levar três soldados e um Cabo (Veloso) para simplesmente dobrar os postos existentes - o que efetuei em poucos minutos. Retornando à minha Companhia (2ª Cia. de Fuzileiros) encontrei-me com o Cap. Francisco José Schimidlin de Castro e, após uma rápida troca de idéias, tomamos duas providências :
-ele, como responsável pelo setor de transportes, acionou todas as viaturas e as reuniu no pátio interno do Quartel, aumentando a segurança do precioso material e, ao mesmo tempo, deixando-o em condições de pronta utilização quando necessário;
-da minha parte, mandei “tocar alarme e preparar” (basicamente acordar, colocar o uniforme e se armar) a 2ª Cia. de Fuzileiros, verificando os sargentos que estavam presentes para comandar os pelotões e, em seguida, tomei a mesma providência quanto à 4ª Cia. de Fuzileiros. Saberíamos mais tarde que toda essa agitação – viaturas e pessoal - foi determinante para que os rebelados, que já se achavam no fundo do quartel, relutassem em tentar conquistá-lo.
Informado da presença do Maj. Hernani de Azevedo Henning, oficial do Estado-Maior do batalhão, no Pavilhão de Comando, fui ao seu encontro, ocasião em que, com sua calma e eficiência habituais, me informou da presença muito provável de rebelados na área do fundo do Quartel. Rapidamente lhe dei conta que reforçara os dois postos no fundo do quartel e, agora em desabalada carreira, retornei aos dois locais onde, para minha tranqüilidade, encontrei os homens sãos, salvos e a postos, como determinado, e providenciei para que permanecessem mais próximos do aquartelamento. O cabo Veloso, a quem eu dera uma área para se instalar, decidira recuar um pouco mais, obedecendo a instrução militar recebida de fugir à claridade da lua - o célebre “ver sem ser visto”. Em toda minha vida profissional poucas vezes uma instrução teve um efeito tão importante....
Como combinara com o Maj. Henning, determinei que a 4ª Cia. se desdobrasse nos fundos (lateral oeste) do Quartel com ordens taxativas de prender e, se necessário, atirar em quem se aproximasse. Nesse desdobramento e em operações futuras destaco a atuação do Sgt Barros, daquela subunidade, pelo pronto atendimento às determinações e pela transmissão de confiança aos jovens soldados. O mesmo procedimento foi adotado em relação à 2ª Cia., que foi desdobrada na lateral Norte do batalhão - então um espesso cerrado e onde, muitos anos mais tarde, eu estaria me instalando como E-3, no aquartelamento da 3ª Bda Inf, e onde, antes de passar para a Reserva, seria Subchefe e Chefe de importante seção do Gabinete do Ministro do Exército. Coincidências... Mas valem ser relembradas, pois, durante todos esses anos, mudaram minhas atividades, mas permaneceram, porém – ativos ou latentes -, os mesmos problemas que, com nuances diferentes, atormentam o Brasil, até os dias atuais, mantendo-se o Exército voltado sempre para suas missões constitucionais.
Enquanto diversos oficiais e sargentos chegavam ao BGP, no quartel da PE, o seu Cmt e alguns oficiais resolveram, por desconhecerem a situação, entrar pelos fundos do quartel. Foram, então, presos pelos revoltosos e conduzidos à Base Aérea de Brasília, local controlado pelos revoltosos e cárcere dos oficiais. Dois tenentes da PE, entretanto, Haraldo de Oliveira (Turma de 1957) e Eduardo de Oliveira Fonseca (Turma de 1958), entraram normalmente no seu quartel e, horas mais tarde, conforme depoimento verbal feito a mim, organizaram um destacamento e se dirigiram para o DTUI (Departamento de Telefones Urbanos e Interurbanos) – equivalente a uma central telefônica do DF, situada na Asa Sul, quadras 400, até então em poder dos amotinados.
De fato, durante a noite e parte da madrugada, os quadros sublevados da Marinha e da Aeronáutica passaram a controlar não só esse órgão como também assumiram prédios militares na Esplanada dos Ministérios, além de se instalarem com farto armamento nos fundos dos já citados quartéis do Exercito. Os dois tenentes reassumiram o DTUI, de forma vigorosa e até um pouco fora dos padrões habituais, chegando a perseguir alguns militares amotinados que debandaram em correria pelas quadras. Em situações excepcionais, impõem-se iniciativa do Cmt e também medidas excepcionais.
Na área dos quartéis, lenta e seguramente, alargou-se o cerco defensivo das duas companhias em torno do BGP objetivando garantir a inviolabilidade do mesmo. O Cmt do BGP, Cel. Raymundo Netto Corrêa, deslocou-se para a esplanada, assumindo, no prédio do Ministério do Exército, o Comando da 11ª Região Militar, tendo em vista que o seu comandante – Gen. Fico – encontrava-se fora da guarnição. Com ele seguiu, entre outros, o Ten. André Leite Pereira Filho (Turma de 1959), com um efetivo de soldados granadeiros para reforçar a guarda daquele ministério. Quando esse pelotão preparava-se para formar o perímetro de segurança do Ministério, três ou quatro amotinados que controlavam o vizinho Ministério da Marinha investiram atirando contra o mesmo. Naturalmente, os soldados, em seu inesperado “batismo de fogo”, se protegeram, aguardando ordens, enquanto o Ten. André tomou a posição deitado e, depois de concluir a montagem da metralhadora Madsen que estava próxima, passou a atirar contra os atacantes. Com o passar dos segundos, refeitos da surpresa, os soldados da guarda e outros do reforço recém-chegado também reforçaram o fogo, obrigando os atacantes a refluírem para o seu prédio com algumas baixas.
O Sub-Cmt do BGP, Cel. Inf Antonio Barbosa de Paula Serra, assumiu o comando operacional do BGP e, já garantida a segurança física do aquartelamento, organizou a coluna motorizada constituída por caminhões militares e ônibus civis transportando o maior efetivo possível do BGP, tendo á frente, em posição para eventual tiro horizontal, os canhões da Bateria Independente de Artilharia, para a ação de limpeza final na Base Aérea e na Área Alfa (Marinha).
Quando iniciamos o deslocamento, cerca de 09:OO horas, no pátio do BPE, a tropa pára-quedista ali aquartelada fazia treinamentos para “controle de tumultos” (não havendo, entretanto seu emprego pratico nas ações). A tropa dirigiu-se, na direção Sul, pelo EPIA (Eixo Principal de Indústria e Abastecimento) - via que praticamente faz parte da ligação do Sul com o Norte e Nordeste do Brasil -, fixando seu Cmt, como primeiro objetivo, a liberação da Base Aérea. Para isso determinou-me que, com um pelotão, cumprisse uma proteção do flanco da tropa, na Rodovia 040/020, próximo ao cruzamento com a avenida que, dali, se destina à região do Aeroporto.
Estabeleci as medidas necessárias, face ao controle dos passageiros dos veículos, e a uma possível ação por parte dos revoltosos, vindos do sul, pela mesma rodovia. Foram tomadas todas as medidas para tal, embora o efetivo fosse um tanto reduzido e a missão envolvesse atividades de controle policial e, simultaneamente, atividades de combate, pois deveria ficar em condições de um embate com eventuais grupos de amotinados oriundos da área Alfa. Isso incluía, principalmente, o posicionamento das metralhadoras e a “amarração” (fixação dentro de certos limites) do seu tiro, evitando que um eventual tiro livre atingisse pessoas não envolvidas no conflito.
Na Base Aérea, foram libertados os oficiais presos, os quais, ainda conforme relatos verbais, “deveriam aderir ao movimento em 24 horas ou serem executados” - justiça almejada pelos líderes esquerdistas como padrão para o Pais o que, de certa maneira, se repete até os dias atuais. Durante essa fase, o Cel. Serra, reavaliando a minha missão inicial, e conhecedor de outros dados sobre o efetivo da Área Alfa (objetivo 2), houve por bem, enviar para meu auxílio, sucessivamente, os pelotões comandados pelos Ten. Fernando Cardoso (Turma de 1959) e Ten. Augusto César Monteiro Teixeira Coimbra (Turma de 1960). Com mais dois pelotões a meu comando pude, realmente, rearticular melhor o dispositivo, pois o eventual embate com tropas de amotinados vindas em sentido contrário seria uma hipótese bastante desconfortável para um pelotão apenas. A missão prosseguiu com os incidentes normais, como a detenção temporária de duas pessoas – um civil e um militar -, mas sem maiores problemas, durando três horas até o retorno do grupamento do Cel. Serra.
Reiniciado o deslocamento, atingimos a pista de acesso à Área Alfa (Marinha), onde, pela madrugada, um modesto estafeta motorizado de uma empresa fora metralhado pela guarda dos amotinados. O reconhecimento efetuado indicou que os integrantes daquela corporação estavam em forma, desarmados, comandados por um Sub-Oficial, aguardando a chegada do comboio para se renderem. Feito o contato, aproximadamente 200 amotinados, no decorrer do final da tarde, foram enviados presos para o Ministério do Exército onde permaneceram detidos para as conseqüentes averiguações legais.
Executamos o reconhecimento da área do aquartelamento, que deixou claro o saque efetivado contra um depósito de armamento, e a guarnecemos para o nosso pernoite. Finalmente, por volta das 20:30 horas, consumimos a primeira refeição daquele dia que fora memorável em todos os sentidos. Não deve ser esquecido que, nessa segunda parte do deslocamento, em clara demonstração de amor à sua Força, incorporaram-se ao nosso grupamento, em trajes civis, com suas armas pessoais e um carro particular, quatro oficiais daquela base da Marinha, em estreita e útil cooperação com o desenvolvimento do nosso trabalho.
Em menos de 24 horas, o Exército, basicamente representado pelo BGP dera uma brilhante demonstração de Disciplina, Eficiência e Lealdade, sob os exemplos de seus Comandantes – Cel. Raymundo e Cel. Serra – e com a dedicação de vários oficiais e sargentos que, em conjunto e mesmo em ações isoladas, expuseram suas vidas. Foi particularmente o BGP a única Unidade constituída a debelar o movimento sedicioso, com a participação de frações da Bateria Independente e da PE. Outras unidades e efetivos poderão ter contribuído, a posteriori, nas atividades de rescaldo das operações, mas a repressão foi totalmente conduzida pelo citado batalhão.
Outros oficiais, sargentos e praças do BGP tiveram suas participações efetivas e, com certeza, tão ou mais importantes, mas não temos conhecimento suficiente dos fatos para agregá-los a esse testemunho. Deve ser ressaltado, entretanto, que mesmo agindo isoladamente, a atitude e a atividade desses profissionais convergiam para um ponto único final, em face da existência, na formação dos profissionais da guerra, do princípio fundamental da “Unidade de Doutrina”. No decorrer das operações, como é cabalmente demonstrado no texto, as condições permitiram que aflorasse outro princípio básico que é o da “Unidade de Comando”, que surge na atuação do Cel Raymundo, Cmt do BGP, ao assumir o Comando Militar do Planalto e, do Cel Serra, Sub-Cmt do BGP, ao assumir o Comando Operacional das ações.
Encerramos esta síntese, para compartilhar com os leitores algumas observações referentes aos fatos citados e muito pertinentes, considerando-se a atual conjuntura brasileira.
A primeira delas é de que o BGP deu uma vigorosa demonstração do seu preparo e, como Unidade de Infantaria, da real liderança de seus oficiais sobre suas frações, acompanhados com dedicação profissional pela maioria maciça de seus sargentos. Daí julgarmos mais justo titular o infeliz evento gerado pela esquerda de “Levante de Brasília” e não de outro nome que, mesmo genericamente, pudesse ligá-lo à classe dos sargentos - o que seria uma afronta a aqueles profissionais que, particularmente no âmbito do BGP, demonstraram a excelência de seus papéis, exercidos na plenitude do amor à Instituição.
Quanto aos soldados, em sua maioria do interior de São Paulo, imbuídos dos sentimentos de brasilidade e de respeito às autoridades, participaram, como militares e como verdadeiros cidadãos, dessa página brilhante da Historia Militar, confirmando assim o conhecido dito do Gen. Osório de que “é fácil a missão de comandar homens livres; basta indicar-lhes o caminho do dever”.
Ainda hoje, temos o prazer de vez por outra, nos contatarmos com alguns deles e, nessas oportunidades, sempre aflora o orgulho natural de termos cumprido a missão que se impunha. Jovens ainda, com 19 ou 20 anos, já haviam atendido ao primeiro chamado legal da Pátria quando se incorporaram a um Quartel, no ainda desconhecido Centro-Oeste, longe do conforto de suas residências e da companhia de seus familiares e, no evento narrado, cumpriram, na prática, com o único juramento profissional que impõe como limite máximo o sacrifício da própria vida ao serviço da Pátria e à defesa de sua honra, integridade e Instituições! Traçaram eles aos seus pósteros a conduta reta de que o atendimento à hierarquia, à disciplina e à lealdade são perfeitamente compatíveis com a camaradagem entre todos, independente de postos e de graduações.
Resta ainda uma dúvida: Qual a justificativa para que o Exército e, em especial, o BGP, não comemore uma data tão cara e plena de ensinamentos para todos os militares? Não se constituíram esses fatos em exemplo concreto e louvável de Lealdade, Hierarquia, Disciplina e Eficiência? Não é do conjunto de fatos como esse que se constitui a História – de uma Unidade e, em conseqüência, de todo o Exército – que se fundamenta a Tradição, valor inquestionável para uma Instituição e para uma Sociedade que desejamos forte, ampla e segura?
Reconheçamos que, à época, Brasília era ainda algo remoto, tanto na mídia quanto na mente do brasileiro, e até mesmo na de muitos colegas. Mas, se analisarmos com a clareza que o tempo aprimora, veremos que o Exército e, em especial o Batalhão da Guarda Presidencial, deixou claro, como numa espécie de avant-premiére, seis meses antes do Movimento de 64, qual a posição a ser tomada, em relação à tentativas de qualquer ideologia totalitária que tentasse se impor no Brasil.
E, como “não há Exércitos distintos” e, “ao longo da História, temos sido sempre o mesmo Exército de Caxias, referência em termos de ética e de moral, alinhado com os legítimos anseios da sociedade brasileira”, em que pesem as dificuldades eventuais, temos a tranqüilidade necessária para acompanhar e, se necessário, até mesmo participar do desenrolar da História, dentro do quadro da contínua cooperação do nosso Exército que, após 1985, sob a alegação de ser o “Grande Mudo”, vinha correndo o risco de transformar-se no “Pequeno Omisso”.
Monday, September 10, 2007
NOTALATINA VENCE UMA IMPORTANTE BATALHA
Havia retornado às minhas atividades hoje à tarde quando me deparei com um e-mail da amiga Graça Salgueiro já agradecendo a todos o apoio recebido em virtude de um episódio muito estranho que aconteceu com seu Blog NOTALATINA. Infelizmente eu não estava em lugar de onde pudesse fazer alguma coisa até hoje à tarde. Mas, de onde eu estava, e por telefone, cheguei a pedir para que um amigo clicasse no Blog (ontem) e ver o que aparecia. Era realmente inacreditável! Eu ficava pensando na agonia da Graça diante daquele problema. Meu manifesto, ainda manuscrito (assim como fiz quando o jornalista Jorge Serrão teve problemas com seu Blog Alerta Total), já estava pronto. Mas, felizmente, nem precisei digitá-lo, hoje à tarde, ao entrar na rede, pois já havia um e-mail da Graça (abaixo) dando conta da situação - que já estava resolvida.
Não sei quanto tempo restará a nós para que possamos nos comunicar e trabalhar com honestidade de princípios e de objetivos nesse incrível meio de comunicação que é a internet. Isso que aconteceu com a Graça é resultado de ações inacreditavelmente repressoras e punitivas. Realmente é preciso investigar o que aconteceu, assim como é preciso que fatos como esse sejam divulgados ao infinito - para que sejam reprimidos.
Eu tenho visto a esquerda inteira - desde a mais light até a mais panfletária - ter-se manifestado livremente por toda a mídia, incluindo a internet. Detesto muitas coisas que vejo e que leio. Algumas delas eu classificaria até de criminosas. Mas, jamais passaria pela minha cabeça destruir aquele blog ou site e muito menos tirá-lo do ar. O problema da esquerda fanática é justamente saber que tem que obrigatoriamente jogar sujo para vencer. E, realmente, eu não sei como lutar contra essa gente preservando os limites do bom senso. Será que isso é possível?
Ainda bem que o problema do NOTALATINA está resolvido. A democracia agradece (e a verdade também...). Boa sorte, Graça!
Christina Fontenelle
10/09/2007
ABAIXO O E-MAIL DA GRAÇA SALGUEIRO E A PÁGINA DO NOTALATINA...
Monday, September 10, 2007
Estimados amigos
Depois de passar o mais longo e angustiante fim-de-semana em decorrência da desativação do Notalatina, considerado pelo Google como “blog de spam”, finalmente a situação normalizou-se sem ter havido a perda dos preciosos arquivos de 5 anos de um trabalho sério, árduo e honesto.
Quem tentava acessar o Notalatina pelo seu link deparava-se com uma mensagem de que “este URL não foi encontrado nesse servidor” e “Página não localizada”. Depois, quando acessei um link que poderia me explicar a razão disto, apareceu uma mensagem informando que meu blog fora desativado por ter sido considerado como “blog de spam”. Preenchi um espaço com as letras indicadas para identificação e fiquei aguardando que o Google ao menos me explicasse o que houvera ocorrido.
No início da tarde de hoje, recebo do meu amigo Heitor De Paola uma nota postada no “Notalatina” que reproduzo abaixo (ipsi literis) mas fica a pergunta: como esta pessoa teve acesso aos dados do Notalatina legítimo para editar seu excremento no Blogger, se a URL estava temporariamente desativada? Eu tentei acessa o Blogger e não consegui! Há um cheiro de crime no ar e é necessário que seja muito bem esclarecido.
Aqui está o excremento do cão raivoso que, por sua vez, teve acesso à nota que enviei ontem onde falava do tempo de existência do blog – não sei como nem através de quem:
Nota Latrina
Bua... Bua... Coitadinha!
Teve uma idiota que ficou escrevendo durante 5 longos anos neste blog e que por ser considerada uma Spammer que realmente enchia o saco de seus leitores com panfletarismo político, esta página foi apagada e devidamente restituida a algum usuário do blogspot que queria fazer fama gratuita.
Esta pessoa deveria ter sido um pouco mais inteligente e ter salvado os seus depoimentos no próprio computador, pois nunca se sabe até que ponto vai a boa vontade do pessoal do Google, que pode a qualquer momento tirar o serviço do ar.
E não pensem que foi por falta de aviso.
Postado por Marciel às 09:18 0 comentários.
Vale a pena comentar dois trechos citados pelo vândalo. Quando ele diz “... que realmente enchia o saco de seus leitores com panfletarismo político...”, tenho a dizer que jamais, em qualquer tempo, obriguei quem quer que seja a ler o que escrevo, não só no Notalatina como nos sites Mídia Sem Máscara e La Historia Paralela (da Argentina), ou mesmo no Jornal Inconfidência de Minas, portanto, não poderia “encher o saco dos meus leitores”; leu quem quis; lê quem quer se informar da verdade sobre o que passa na América Latina e a mídia nega, esconde, falseia. Em segundo lugar, “panfletarismo político” é o raio que o parta porque denunciar crimes verídicos que estão ocorrendo nos países da América Latina, notadamente Cuba e Venezuela, só pode ser considerado “panfletarismo” por ignorantes que não sabem distinguir realidade de ficção ou por pessoas empanturradas de ódio ideológico esquerdista.
E para finalizar, esta pérola: “... esta página foi apagada e devidamente restituida a algum usuário do blogspot que queria fazer fama gratuita...” onde o sr. “Marciel” (se é que é este mesmo seu nome) revela toda a sua incapacidade de produzir algo por si próprio – a não ser escrementos como o despejado acima -, necessitando invadir, parasitar, usurpar e emporcalhar o trabalho de alguém que não conhece e que, bem ao contrário dele, é conhecida e respeitada não só no Brasil, pela seriedade e fidedignidade do trabalho que desenvolve por conta própria, SEM QUALQUER TIPO DE APOIO FINANCEIRO OU MATERIAL, PÚBLICO OU PRIVADO de quem quer que seja.
E a prova cabal do que afirmo acima é que, tão logo divulguei a situação inusitada em que este blog se encontrava, recebi apoio de diversas partes do país, de amigos e pessoas que não conheço mas respeitam o trabalho que realizo mas, sobretudo, da comunidade latino-americana notadamente na Venezuela.
Por esta razão, quero agradecer de modo particularmente especial à minha amiga venezuelana Anita Dumont e às suas duas filhas Natalie e Quetzal que, trabalhando no Google, no Departamento de Spam, se prontificaram e solucionaram o problema com rapidez e presteza. A essas três amigas, minha gratidão infinita. Registro ainda o inestimável apoio dos amigos Raul Fatorello, Eduardo Salom, Francelina Hurtado, Patricia Rincon, Alejandro Peña Esclusa, Agustin Blasquez, Paulina Gamus, argentinos, cubanos e venezuelanos que numa solidariedade inestimável divulgaram meu alerta pelo mundo.
Excelente, como sempre, o trabalho da equipe do Brasil Acima de Tudo. Parabéns!
Christina Fontenelle
10/09/2007
TREM CHEIO DE AUTORIDADES É ALVEJADO POR BANDIDOS NO RIO DE JANEIRO
Mais um atentado cuja culpa é da “elite branca” - recordando Cláudio Lembo ao se referir aos “verdadeiros” culpados pelo massacre imposto a policiais militares e a seus familiares, ano passado, pelos terroristas do PCC. Depois de “séculos” insistindo em continuar com a política de assistencialismo “seja um desportista ou um artista”, privilegiando estas duas opções de vida como a única esperança para que milhares de jovens e crianças pobres possam “descer o morro e viver no asfalto”, as autoridades do país foram alvo direto dos tiros disparados por criminosos da favela do Jacarezinho. Vamos ver se, agora, quem vai levar a culpa é a tal da "elite branca" contra qual estas mesmas autoridades adoram apontar seus dedos acusadores...
Os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, o secretário estadual de Transportes do Rio, Julio Lopes, mais deputados, jornalistas e funcionários da empresa MRS, responsável pela operação da ferrovia estavam todos num trem que fazia a viagem inaugural de um trecho ferroviário revitalizado, na zona norte da cidade ligando-a ao Porto do Rio de Janeiro. As autoridades foram alvejadas na ida e na volta.
Por que só estava faltando a presença do atual governador Sérgio Cabral? Porque o governador foi aconselhado por sua segurança a não participar do evento – considerado muito arriscado. Pois é, para que todos vejam: o governador do Rio de Janeiro não pode circular nem dentro do próprio Estado que governa. Será que recomeçarão os apelos para que homens das Forças Armadas passem a fazer parte das forças de combate ao crime organizado no Estado? Com estas “autoridades” no poder estadual e no poder federal comandando? Seria um desastre e um vexame que esperamos que não venha a ser mais um dos que já vem sendo impostos às nossas FFAA, há anos. Solução mesmo, todo mundo sabe muito bem qual é. Mas, quem é que vai encarar?!
Christina Fontenelle
10/09/2007
Friday, September 07, 2007
INDEPENDÊNCIA DE VÉSPERA
Em 2003, o publicitário Duda Mendonça criou uma campanha: "Sete de Setembro. Esta Festa é Nossa", fazendo uma grande convocação nacional para que o povo participasse das comemorações pelo 7 de Setembro por todo o país. Havia, inclusive, o objetivo de "desmilitarizar" as festividades, cuja característica marcante, até então, vinha sendo os desfiles militares. Em Brasília, a festa foi organizada pela Presidência e pelo Comando Militar e custou cerca de R$ 1 milhão. Lula quebrou a tradição de desfilar em carro aberto - uma decepção, na ocasião, para muitas das 45 mil pessoas que compareceram.
Em 2004, Lula convocou novamente a população para comemorar o Dia da Independência junto as festividades organizadas pelo país. O apelo do presidente foi feito na véspera, dia 6 (como agora em 2007), só que através do programa de rádio "Café com O Presidente", que vai ao ar todas as segundas-feiras pela manhã. Em Brasília, o povo atendeu e cerca de 50 mil pessoas apareceram para a festa. Pela primeira vez, Lula enfrentou um protesto: eram cerca de 10 mulheres de militares que portavam cartazes pedindo aumento para a classe.
Em 2005, já sob o escândalo do Mensalão, a presidência providenciou um esquema de segurança e de “blindagem” de Lula aos protestos, que certamente ocorreriam (e ocorreram). Houve um esvaziamento da festa do 7 de Setembro em relação aos dois anos anteriores – apenas 30 mil pessoas compareceram e muitas delas para vaiar o presidente. Na noite do próprio Dia da Independência, Lula fez um pronunciamento à nação sobre a data.
Em 2006, à época das comemorações do Dia da Independência, estávamos também às vésperas das eleições presidenciais. Lula, então candidato pelo PT, e Alkmin, candidato do PSDB, fizeram pronunciamentos em suas respectivas propagandas eleitorais. A presidência contratou uma empresa para organizar as festividades em Brasília. Foram gastos R$ 2 milhões. Foi o ano em que Marcos Pontes, o astronauta brasileiro, assistiu o desfile militar no mesmo palanque em que estava Lula.
Esse ano, o presidente veio em cadeia nacional, na véspera das comemorações pelo Dia da Independência, fazendo um discurso que quem ouvisse distraidamente pensaria tratar-se do Chefe de Estado da Suécia falando aos seus patrícios. Números e mais números de sucesso. Falou do crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada e de empregos (de apertador de parafuso, mas é emprego!). Falou também sobre o aumento do número de pessoas que adentraram à classe média (leia-se quem passou a ganhar 500 reais por mês). Obviamente, o presidente não fez referência ao empobrecimento do que se costumava chamar de classe-média.
Não se pode deixar de falar sobre a colaboração impagável da mídia televisiva. Noticiários recheados de boas notícias – inclusive com a promessa de cassação de Renan Calheiros e de possível indiciamento de toda a diretoria da Agência Nacional de Aviação (Anac). Para fechar com chave de ouro, matérias com mais de 2 minutos (veja video abaixo) mostrando Lula discursando para um auditório repleto de autoridades militares, com a presença dos três comandantes das FFAA e do ministro da defesa Nelson Jobim. Em sua fala, o presidente (como se seu governo tivesse começado ontem, repito) prometeu reaparelhar as Forças Armadas e falou mal dos governos anteriores por não terem investido no setor (Lula deve ter se esquecido que passou os últimos 5 anos à frente da presidência do país).
É, parece que o presidente só se faz de desentendido quando lhe convém.
Wednesday, September 05, 2007
ANISTIA E INDENIZAÇÕES EM PAUTA, AO VIVO NA TV CÂMARA
05/09/2007
O programa Expressão Nacional exibido ontem pela TV Câmara trouxe o debate sobre a Anistia e sobre as indenizações pagas aos ex-revolucionários e/ou aos seus descendentes. Participaram o Dep. Nelson Marquezelli (PTB-SP), o Dep. Luiz Couto (PT-PB) – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara -, o Tenente-Coronel da Reserva Lício Augusto Maciel – que atuou na guerrilha do Araguaia - e Paulo Abrão Pires Junior – Presidente da Comissão de Anistia do Min. Justiça.
O programa foi ótimo e revelou uma tendência que talvez viesse a dominar debates futuros: sobram argumentos a quem defenda a revisão dos benefícios e indenizações até agora concedidos e a quem defenda que houve uma guerra provocada justamente pelos guerrilheiros/terroristas que lutaram para fazer a revolução comunista no Brasil. Por outro lado, faltam bons argumentos (e fatos) a quem defende posição contrária – que não sabe fazer outra coisa se não discursar sobre o direito de enterrar os mortos. Há que se dizer a verdade, entretanto, sobre o bom desempenho do senhor Paulo Abrão, cidadão extremamente bem preparado e bem educado, que não está errado em afirmar que é a Lei (de indenizações, criada por Medida Provisória de Fernando Henrique Cardoso) que permite acontecer o que hoje acontece.
Unanimidade: O caso Lamarca é um problema da Justiça, que considerou que ele não desertou – admitiu, legalmente, que ele teve que deixar a instituição militar por não concordar com sua ideologia. Um absurdo!
Quando chegou a vez de fazer as perguntas enviadas pelos telespectadores, nenhuma delas demonstrava concordância com o discurso da esquerda.
Vejam, abaixo, algumas das principais discussões e, depois, os vídeos do programa, em seqüência.
Indignação: Dep. Nelson Marquezelli (PTB-SP)
“Trinta casos de pessoas que ganham mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal POR MÊS!”
“Já foram julgados 29 mil processos. Ainda faltam julgar mais 30 mil! Pelo amor de Deus!” Eu era vereador em 64, e não houve movimento para ter 60 mil pessoas protocolando pedidos de indenização!”
“O Lamarca, por exemplo, matou muita gente em São Paulo, matou muita gente... Esse pessoal andava sem documento, com documento falso... muitos fugiram do Brasil...Dez, quize anos depois, começaram a voltar e a reivindicar verdadeiras fortunas.. Eu fico revoltado!”
Contra Fatos não há Argumentos: Tenente-Coronel da Reserva Lício Augusto Maciel – que atuou na guerrilha do Araguaia
“Eu concordo em se procurar os corpos dos desaparecidos. Mas, os próprios guerrileiros não se interessavam. A mulher que me deu um tiro na “cara” e outro na mão, ela foi morta pela minha equipe, a menos de 1 qulômetro do acampamento do sr. Maurício Graboi, que era o comandante militar da guerrilha. Ela ficou lá durante 4 meses. Nenhum guerrilheiro foi lá para buscar a mulher. Quer dizer, eles só tinham valor vivos – ela era médica. Então, eles não se interessaram em procurar os ossos... Agora, querem... Eu nunca vi uma guerra em que o inimigo fosse buscar os ossos dos contendores...”
“Não há mais documentos (do Araguaia). Eles foram incinerados. Eu conversei com o oficial que pessoalmente incinerou. Os documentos que estão aí para serem abertos, devem ser abertos totalmente. E não selecionar. Fazer a abertura total. Lá eles vão encontrar quem foi o tridor do Molipo, responsável pela morte de 23 guerrilheiros do grupo da Ilha. E hoje é uma autoridade da Nação. Isso precisa ser visto. Esse documento estava lá e não faz parte da guerrilha do Araguaia e não deve ter sido incinerado. Então, esse cidadão, que se diz hoje autoridade, e sabe que esse documento existe, ele não vai querer abrir. E é por isso que não abriram, porque os maiores interessados em que se abram os documentos são os militares. Abram os documentos!”
Jornalista, para Coronel Lício comentar: “O coronel da Aeronáutica Pedro Cabral, escreveu um livro em que afirma que ao final da guerrilha do Araguaia, os corpos dos guerrilheiros foram retirados do local, levados para a Serra das Andorinhas, no Pará, e que foram queimados”
“Eu nunca acusei ninguém de mentiroso. Mas o Cabral é mentiroso. O Cabral, como tenente, pegou um avião da Base de Natal, deu um rasante na praia de Maranssanguape, e degolou 3 crianças. Foi julgado e, só na nossa nação, esse cidadão foi, vamos dizer assim, reincorporado à FAB”. “O Cabral, durante a Guerrilha do Araguaia, não era piloto de helicóptero”. As folhas corridas dele registrariam isso. “O Cabral é mentiroso desde tenente. Quando ele foi arrolado como testemunha e um repórter foi perguntar a ele sobre o tal acidente (onde três crianças morreram), ele disse:”Foi um pescador”. Então, esses cidadãos que se dizem autoridade da nação pegam um homem desses como testemunha, pegam um padre que foi fotografado num Motel e dizem que era o Herzog. E assim vai... os militares estão sendo agredidos seguidamente. Primeiro, fomos taxados de “bando”, agora, fomos taxados de “indivíduos”, e assim vai... Os militares estão calados, nos quartéis, tratando das suas obrigações...”
“O doutor ministro especial de direitos humanos declarou que ele não considera crime aquela degola do soldado da PM. Ele não considera crime o que fizeram com o João Pereira no Araguaia – esquartejaram o pobre coitado do rapaz porque ele acompanhou minha equipe durante 5 horas na mata. O Pedro Albuquerque, que hoje é professor lá em Fortaleza, ele foi dado como traidor. Hoje, o partido acha que ele está fazendo mais, ajudando o partido, instruindo aqueles garotos com as teorias de Gramsci”.
Paulo Abrão Pires Junior – Presidente da Comissão de Anistia – Min. Justiça
“Os critérios são os legais, escolhidos e alencados por essa casa, pelo Congresso Nacional”, que aprova em setembro de 2002 uma Lei que estabelece regras para a concessão de indenizações, que em síntese, diz que as pessoas que foram prejudicadas em suas relações de trabalho, ou seja, que perderam seus empregos, devem ser indenizadas como se não os tivessem perdido, consideradas as progressões que ela faria e quanto estaria recebendo se, hoje, estivesse trabalhando.
Sobre Caso Carlos Cony – Paulo Abrão disse que os critérios que estabeleceram os valores da indenização foram baseados em informações enviadas à Comissão pelo jornal Folha de São Paulo (onde hoje ele trabalha) – ou seja, foi a Folha que disse que hoje o jornalista, se estivesse trabalhando continuamente desde a época da ditadura estaria recebendo esse valor como salário.
Dep (PTB): “Mas nesse período, ele foi para a França e lá ganhava um salário de 10, 15 mil. Ele não ficou parado!”
Paulo: “Mas, então, a Lei que os deputados votaram aqui no Congresso, tinha que ter previsto uma certa liquidação, entre aquilo que ele deixou de ganhar e o que ele ganhou. E a Lei não prevê”.
Paulo: “São 400 brasileiros mortos e desaparecidos”
Dep (PTB): “Desculpe, meu filho, mas não tem tanta gente assim...”
Paulo: “Uma mãe de 90 anos que quer saber de seu filho (ou quer o corpo)”...
Dep: “Desculpe, Paulo, você pode ter certeza, quando filho era vivo, ficou 3 ou 4 anos desaparecido e ela nem deu bola pro filho. É que tem uma herança, agora, de 30 mil por mês”...
Um grande debate: Dep. Luiz Couto (PT-PB) – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
“Queremos que os que estiverem vivos possam estar num seminário que realizaremos em novembro para reunir todas as memórias do que pode ter ocorrido, porque a verdade pode até fazer doer, mas ela nos liberta”.
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