Friday, July 21, 2006

AMÉRICA: DA LIBERDADE AO FASCISMO

Christina Fontenelle
20/07/2006
chrisfontell@gmail.com

visite o blog do filme:
Freedomtofascism.com.


Imagine o seguinte: você liga para uma pizzaria para fazer um pedido de entrega domiciliar. Do outro lado da linha, uma voz o identifica por um número de 20 dígitos (o seu número de identificação nacional). Então, a voz cita o seu endereço. Espantado, você pergunta como é que isso é possível se esta é a primeira vez que ordena pizzas daquele estabelecimento. A voz simplesmente lhe diz que obteve o endereço pelo sistema integrado de identificação. Mesmo estranhando, você faz o pedido. Duas pizzas gigantes de calabresa, com bastante cebola, azeite e mussarela. Surpreendentemente, a voz, ao registrar o pedido, faz uma observação. Ela diz que sua ficha médica revela que você está com problemas de colesterol alto. “O que? Ah, o sistema!”, você pensa.
A voz lhe diz que pode enviar as pizzas de qualquer maneira, por que tem um acordo com o sistema de saúde que permite que o estabelecimento venda seus produtos para pessoas não indicadas a consumi-los, desde que o comprador assine um termo isentando o estabelecimento de qualquer responsabilidade sobre os danos que seus produtos possam oferecer à saúde daquele comprador. Essa licenciosidade custará R$ 2,00 e o serviço de entrega R$ 5,00, porque, para sua surpresa, a zona onde você mora, foi inserida – há poucos dias, segundo a voz do outro lado da linha – na classificação de zona sob risco de acidentes de motocicleta (ou qualquer coisa parecida). Total do pedido R$ 60,00.

“Sessenta reais por duas pizzas?” Você argumenta. A voz lhe diz que você pode perfeitamente bancar a quantia, já que pode ver, pelo maldito sistema, que você andou comprando passagens aéreas, assinando revistas, e outras coisinhas mais – tudo através do seu cartão TUDO EM UM – que você pensava ter sido configurado para lhe dar a liberdade de andar sem ter que carregar aquela enormidade de documentos, de notas e moedas de dinheiro, de centenas de cartões disso e daquilo. Tudo bem, você concorda e manda vir as tais das pizzas.

Parece filme de ficção científica; mas está bem perto de vir a se tornar realidade, pelo menos nos EUA, algo muito parecido com essa estorinha que acabamos de ler. É para falar sobre isso e sobre muitas outras coisas surpreendentes que o cineasta Aaron Russo escreveu e dirigiu o filme “AMERICA: FREEDOM TO FASCISM” (América: da Liberdade ao Fascismo). Quem assistiu ao filme “Fareinheit 9/11", de Michael Moore, e o achou polêmico, justamente pelas falsas premissas que levantou, para induzir a conclusões distorcidas, depois de ver “América: Freedom To Fascism” poderá achar que, desta vez, os pontos de vista e as conclusões do filme são mais do que convincentes e que será muito difícil contra atacá-los, segundo a opinião de algumas poucas pessoas que já puderam assisti-lo. E talvez por isso não haja o menor interesse político ou financeiro de que seja visto por milhões de americanos.

Nascido no Brooklyn e criado em Long Island, Aaron Russo começou promovendo shows de rock and roll em pequenos teatros locais, quando ainda era um estudante do ensino médio, até que, aos 24 anos, abriu seu próprio clube noturno em Chicago – o Kinetic Olayground – que acabou ganhando projeção no mercado musical e onde Aaron ajudou a dar início às carreiras de grupos como o Led Zeppelin, The Who e de astros como Janis Joplin. Em 1972, Russo iniciou sua parceria de 7 anos com Bette Midler e Lionel Hampton. Também passou a agenciar o grupo Manhattan Transfer e astros de cinema como Susan Sarandon.

Quando passou a produzir filmes, uma de suas produções, “A ROSA”, marcou a entrada definitiva de Bette Midler no cinema, com o qual a cantora-atriz recebeu indicação da Academia para o Oscar de Melhor Atriz. Russo também produziu o filme “TROCANDO AS BOLAS”, com Eddie Lurphy e Dan Aykroyd, que se tornou um clássico de Natal americano. Aaron Russo já recebeu inúmeros prêmios por suas produções (Grammy, Tony, Emmy e Gonden Globe).

Em 1996, Russo fez um vídeo político - Aaron Russo's Mad as Hell – que lhe rendeu a indicação dos cidadãos do Estado de Nevada para concorrer ao cargo de Governador. Surpreendentemente ele obteve 30% dos votos e ficou em segundo lugar. Em janeiro de 2004, ele se declarou candidato à Presidência dos EUA, pela coligação LIBERTARIAN (Libertário) do Partido Constitucional (Constitution Party). Na Convenção de maio, ficou em terceiro lugar. Decidiu, então, voltar ao universo midiático e começou a escrever e a dirigir o filme “AMERICA: FREEDOM TO FASCISM”.

O filme expõe o trabalho do Internal Revenue Service (IRS) (Serviço de Rendimento Interno, uma espécie de Receita Federal) e promete provar que não há embasamento legal que obrigue os americanos a pagarem impostos indevidos sobre salários, segundo o autor do filme. Russo pretende provar que o governo dos EUA não tem o direito legal ou constitucional de cobrar impostos sobre a renda obtida com o trabalho de seus cidadãos. A décima-sexta emenda à Constituição, que trata da taxação, nunca foi legalmente ratificada, alega Russo. O próprio IRS não tem um mandado legítimo para atuar: está escrito nos seus estatutos que o pagamento de impostos sobre salários deve ser voluntário.

Russo convida as pessoas a repararem que o sistema monetário americano, desde 1913, não é controlado pelo governo. Ao contrário, o Federal Reserve System permite que os bancos administrem o dinheiro do governo. E, como se sabe, Bancos privados administram o dinheiro em prol de seus donos e não dos outros. Para o cineasta, a economia norte-americana, baseada no papel moeda, é um sistema onde os banqueiros ganham e os americanos perdem.

Determinado a encontrar a Lei que obrigaria os americanos a pagar imposto de renda, Russo empreende uma jornada em busca de evidências, onde acaba por expor a sistemática erosão das liberdades civis nos EUA, desde 1913, quando o sistema da FEDERAL RESERV foi, segundo ele, fraudulentamente criado. Através de entrevistas com Congressistas, membros do IRS, agentes do FBI e advogados tributaristas, o cineasta conecta os pontos entre a criação do dinheiro, dos impostos federais e até do cartão magnético de identidade, que está em vias de se tornar obrigatório a partir de 2008 nos EUA. Este cartão usará chips de identificação por rádio freqüência (RFID), que, como todo mundo sabe, permite rastrear as pessoas. Na verdade, isso já pode ser feito através dos telefones celulares, para quem não sabe.

O filme mostra, com detalhes, que os EUA estão em vias de se tornar um Estado de polícia fascista e promove a discussão sobre as conexões entre o IRS e a Federal Reserve. O segredo é que, na verdade, os dois organismos não são parte do governo federal e sim de corporações privadas. A lista de quem controla o sistema é um segredo irrevelável, mas presume-se que a City Londrina esteja representada por organizações como Rothschild & Sons. O propósito do cartel internacional de Bancos sempre foi impor um sistema financeiro baseado no débito que acabaria por transformar cidadãos americanos (quiçá do mundo todo) em servos econômicos.

A Federal Reserve e o U.S. Treasury Dept. (o Tesouro Nacional) imprimem dinheiro sem que haja uma reserva em ouro ou prata correspondente, apenas sustentado por transações e acordos legais entre as grandes corporações (Rothschild, Morgan, Rockefeller, Schiff e Warburg, só para citar algumas). Quando o Presidente norte-americano Woodrow Wilson assinou o Ato que permitiu a atuação da Federal Reserve, a super-elite estava pronta para impor o seu sistema financeiro aos EUA.

Para que isso sempre permanecesse em segredo absoluto, era preciso controlar a maior parte da mídia. Aaron fala que, em 1915, as organizações Morgan elegeram 12 homens para pesquisar quais eram os jornais mais influentes dos EUA. Eles concluíram que bastava controlar 25 deles. Fizeram melhor. Procuraram os jornais e propuseram comprar apenas as partes relativas à política, nacional e internacional, de cada um deles. Os pagamentos pelo uso editorial dessas partes seria mensal e para cada um dos 25 jornais surgiu um editor responsável que, naturalmente, estava incumbido de fazer as edições de acordo com os interesses de seus compradores. O esquema funciona de 1915! A Internet é o único meio – AINDA – de burlar o controle das informações.

Os monstros de 1913 ainda rondam nossas vidas. A inflação, por exemplo, que desvalorizou o dólar em 96% desde então, especialmente depois do Governo Nixon, quando a moeda passou a ser emitida sem a sua correspondente sustentação em ouro – que sempre foi o metal padrão. É o “mico preto”, sobre o qual eu falo na série CAI O PANO (numa parte que ainda está por vir). Russo observa como os EUA foram transformados, de uma nação de cidadãos independentes, numa nação de empregados - partindo-se do princípio de que há sempre mais trabalhadores do que trabalho, e com os benefícios que foram sendo agregados ao trabalhador, os americanos foram ficando cada vez mais dependentes de empregos, deixando de lado os próprios empreendimentos. Dessa forma, o capitalismo foi se transformando cada vez mais em corporativismo (concentração de oferta de trabalho). Corporativismo, para Russo, é uma forma, politicamente correta, de dizer fascismo econômico.

Com o fortalecimento da poderosa elite globalista e com as novas tecnologias à sua disposição, sua capacidade de destruir a independência financeira dos americanos foi ficando enorme. Não é preciso ser nenhum gênio para concluir que a perda de independência financeira gera a perda de liberdade, o que, por sua vez, acabará por fazer com que se percam os padrões de comportamento. Nas últimas duas décadas, especialmente depois da criação do North American Free Trade Agreement (NAFTA - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), em 1994, a capacidade americana de manufaturar produtos foi dizimada, o mercado de trabalho entrou em colapso (a menos que se seja um técnico, um burocrata, um garçom ou um empregado doméstico) e suas contas bancárias vêm se tornando negativas com cada vez mais freqüência. As famílias, cujos pais vêem-se obrigados a passar o dia na rua, ambos trabalhando para pagar contas e comprar comida, está perdendo completamente a sua estrutura. As pessoas estão sendo forçadas a trabalhar como se fossem abelhas (nascidas para trabalhar 24 horas por dia) e estão apresentando níveis insuportáveis de stress e de exaustão.

Há sempre uma minoria nas sociedades que acha o poder fascinante. Platão, o filósofo grego, já dizia que sempre há os que acham que algumas pessoas precisam estar sob o controle de regras na sociedade. O modelo hegeliano de sociedade se baseia exatamente neste ponto de vista e de que não há espaço para liberdades individuais ou para direitos de propriedade privada no convívio social. A filosofia do Coletivismo é toda montada em cima deste conceito e está por trás do fascismo radical (nazismo), do socialismo (comunismo) e do fascismo corporativista globalista (o da parceria-pública-privada e o da pseudo-privatização anglo-americana). A maioria dos movimentos e organizações (as Ongs) atuais consistem em fabricar e apoiar tudo aquilo que possa cegar as pessoas em relação à construção do socialismo internacional do qual serão subservientes. A desvalorização do indivíduo e a exaltação do indivúduo-coletivo, da coletivização, são apenas uma questão de tática de dominação: é mais fácil controlar o coletivo do que o indivíduo.

Na era materialista, a combinação de dinheiro, poder e tecnologia está fascinando cada vez mais aqueles que têm fome de mais e mais poder. O cartão de identidade nacional entrará em uso já em 2008, nos EUA, graças ao REAL ID ACT, que passou pelo crivo do Congresso, em 2005, e já foi assinado pelo Presidente Bush. A tecnologia que está nesses cartões foi desenvolvida por companhias como a VeriChip e é suportada por corporações globalistas (Wall-Mart, Proctor & Gamble, etc.). A mesma tecnologia já está sendo usada em alimentos e vai ser usada também em produtos como calças jeans, por exemplo. Os animais já são monitorados, como desculpa para que não sejam extintos, e os domésticos, para que não sejam roubados; mercadorias, para que não sejam falsificadas e para facilitar controle e pagamento. Notas de dinheiro, também – para que não sejam falsificadas e para que possam ser rastreadas em caso de roubo.

A sociedade está usando cada vez mais dinheiro de plástico (os cartões), que tornam possível controlar tudo o que uma pessoa faz. Tudo para sua total conveniência, é claro!Conveniência, naturalmente, que não se mostrará como tal, evidentemente, se você por acaso for vítima de um vírus desses de computador, por exemplo. Se isso acontecer com você, talvez nem comida consiga comprar. Isso para não falar que um mal monitoramento digital pode vir a determinar a completa inexistência de alguém.

O Social Security Number (Número de Seguridade Social) é praticamente um número de identidade nacional, nos EUA – ainda que sem chips. É quase impossível abrir uma conta, dirigir ou trabalhar legalmente sem este número. O próprio sistema de empregos é um bom instrumento de controle, sendo por isso que a elite globalista prefere que a sociedade seja formada, em sua imensa maioria, por empregados, do que por pequenos empreendedores independentes. O cineasta Aaron Russo lembra que muitos dos empregados recebem seus salários através de depósitos bancários e isto significa que, muito provavelmente, eles acabarão por só poder retirar seus salários mediante a aquisição do seu REAL ID. Através dele o “Sistema” poderá revelar, a quem dele se apossar (para o bem ou para o mal), os hábitos alimentares e de lazer, o histórico médico e escolar e muitas outras informações sobre qualquer indivíduo.

Russo propõe que o primeiro passo para pelo menos retardar esse processo de controle seja votar em candidatos que tenham compromisso com a causa antifascista, como os membros do Constitution Party ou de outros partidos independentes. Enfim, acabar com a hegemonia do que ele chama de reinado do partido “DemoRepublicano” (Democrata e Republicano). Uma vitória já foi conseguida – as urnas eletrônicas de votação são obrigadas a emitir o voto impresso e não podem mais identificar o eleitor eletronicamente na mesma unidade (urna e identificador). Esse assunto também é abordado pelo filme de Russo, embora superficialmente, para não fugir do tema central.

Como ultimo recurso, Russo diz que ainda resta a desobediência civil. Se nada acontecer de concreto até maio de 2008, milhares de pessoas podem se negar a usar seus cartões de identificação Real ID. Se isso acontecer, as corporações globalistas acabarão por ter que voltar atrás. Será difícil que consigam matar milhares de pessoas ao mesmo tempo ou colocá-las em campos de trabalhos forçados. Além disso, teriam que matar também milhares de fazendeiros espalhados pelos EUA, que não suportam mais ver o enxame de produtos chineses que invade a economia norte-americana, acabando com a possibilidade de continuarem a trabalhar na produção de alimentos e matérias primas. Esta parte da população americana está de saco cheio e anda armada – são um exército de neo-Confederados que não estão dispostos a entregar a herança de seus pais tão facilmente assim.

O próprio PATROTIC ACT, assinado sob a alegação de que as medidas são necessárias para combater o terrorismo, está, na verdade, combatendo a liberdade, o capitalismo e a sociedade ocidental, segundo Russo. Eu não concordo inteiramente com isso; mas, do alto da minha infinita ignorância, eu pergunto: depois que a poeira baixou, quem é que realmente se beneficiou com o que aconteceu com os EUA e com os norte-americanos, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001? Eu só sei que, se fosse para prevenir atos terroristas que o governo americano esteja cerceando as liberdades individuais dos cidadãos, não estaria, ao mesmo tempo, abrindo suas fronteiras para formar blocos transnacionais e muito menos aceitando que imigrantes estivessem conseguindo direitos que prejudicam os próprios norte-americanos.

1 comment: