Tuesday, July 18, 2006

STÉDILE NA ESG

Eu acabo de falar, pelo telefone, com o Cel. Gonzaga, do setor de Comunicação Social da ESG, sobre a palestra que um dos líderes nacionais do MST, João Pedro Stédile, professou, esta manhã, na Escola. O coronel falou que a palestra faz parte de uma série de outras relacionadas às questões agrárias, sobre as quais se pretende ouvir vários pontos de vista. É com base no conteúdo de todos os pontos de vista que os cursandos reúnem os dados para escrever seus trabalhos de conclusão de curso.

O Cel. Gonzaga disse que estranhou o fato de não haver interesse de cobertura por parte da imprensa, já que compareceram à palestra apenas duas jornalistas jovens sobre as quais eu não consegui saber a que órgão de imprensa pertenciam. Ele disse que, da parte de Stédile, soube que haveria divulgação a respeito do evento para a mídia. Não houve, a não ser pela Internet, a menos de 12 horas da palestra. Infelizmente, devido à notória falta de recursos daqueles que poderiam se interessar em dar uma cobertura completa, inclusive com perguntas pertinentes aos presentes, observando reações e tendo um bom conhecimento também sobre os temas de reforma agrária, 12 horas não é tempo suficiente para se preparar para comparecer a um evento desses.

Ouvir os vários pontos de vista sobre uma determinada questão, para extrair dela conhecimento mais profundo e quiçá mais equilibrado, é um bom argumento. Entretanto, não funciona para uma série de coisas. Por exemplo: não seria preciso convidar assaltantes para abstrair que matar e roubar é errado; também não seria preciso ouvir Hitler para saber que o holocausto foi repugnante. Há coisas que a história e a vida ensinam à dispensa de palavras. Há coisas que só são ouvidas quando existe, bem lá no fundo, um desejo de procurar justificativas que lhe dêem um caráter de permissividade. E há coisas também que só devem ser ouvidas quando já se tenha uma boa e sólida argumentação em contrário.

Nenhum palestrante enfrenta uma platéia para informar passivamente – ele o faz para convencer. E, se for bom, consegue. – senão a todos, a alguns que seja, o que já lhe pode ser suficiente a longo ou médio prazos.

Certa vez, quando estudava jornalismo na PUC-RJ, sem aviso prévio, adentrou a sala um indivíduo que se apresentou como ex-terrorista para dar uma palestra. Ele começou a falar sobre as causas terroristas, falando sobre os atentados que cometera em nome delas e que não se arrependera de nada do que fizera. Essa introdução durou uns três minutos – o tempo necessário para que eu arrumasse minhas coisas, levantasse e saísse da sala. “Você não vai ouvir?” Perguntaram, já na porta de saída, os que haviam levado o indivíduo para palestrar. “Não. É uma questão de notória especialização em contrário e de incompatibilidade de neurônios”.
Chamada:
STEDILE VAI DAR PALESTRA NA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

No proximo dia 18 de julho, das 9 às 12 horas, João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), fará palestra para os alunos da Escola Superior de Guerra (ESG).

Terá como tema "A questão agrária e o meio-ambiente" e será desenvolvida na sede da escola, na Avenida João Luiz Alves, s/n, URCA - TELEFONE 21 3223.9829.

O dirigente do MST foi convidado formalmente pelo Diretor da Escola, General de Exercito José Benedito de Barros Moreira.

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